O anúncio da Petrobras revelando um lucro líquido robusto em 2023, totalizando R$ 124,6 bilhões, não impediu uma significativa queda nas ações da empresa, despencando cerca de 10% após o comunicado. A controvérsia envolve a decisão da petrolífera de reter os dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões, postergando seu pagamento para o futuro.
Analistas especializados em mercado financeiro apontam que a reação adversa do mercado à retenção dos dividendos reflete uma mudança na gestão da Petrobras em relação ao governo anterior, que priorizava o pagamento generoso aos acionistas. O movimento, que visa manter uma reserva financeira para investimentos futuros, gerou críticas e especulações sobre o impacto da decisão no valor das ações e na confiança dos investidores.
O economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social do Petróleo, destaca que a pressão do mercado por maiores dividendos é uma tendência, mesmo diante do fato de a Petrobras já ser a principal pagadora de dividendos no Brasil. A mudança na estratégia de distribuição de lucros reflete uma visão de longo prazo por parte da nova gestão, visando investimentos que sustentem o desenvolvimento sustentável do país.
Por outro lado, Mahatma Ramos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), argumenta que a frustração de alguns acionistas com a retenção dos dividendos é desmedida, considerando que os recursos retidos serão utilizados para remunerar os próprios acionistas no futuro, além de reforçar a solidez financeira da empresa.
A decisão do Conselho de Administração de reter os dividendos extraordinários em um fundo de reserva, enquanto causa insatisfação em alguns investidores, é justificada pela diretoria da empresa como uma medida prudente diante dos planos de investimentos robustos projetados para os próximos anos. Sergio Caetano Leite, diretor financeiro da Petrobras, ressalta a necessidade de análises mais detalhadas dos cenários futuros antes de qualquer distribuição de dividendos.
A discussão em torno da gestão financeira da Petrobras reflete não apenas uma disputa de interesses entre acionistas de curto e longo prazo, mas também a transição da empresa para um modelo de negócios mais sustentável, alinhado às demandas ambientais e de mercado por energia limpa e renovável.
Ministro afirma que distribuição de dividendos da Petrobras pode ser reconsiderada em momento oportuno
Após a decisão do Conselho de Administração da Petrobras de não distribuir os dividendos extraordinários, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que essa medida poderá ser reconsiderada “em momento oportuno”. A reunião ocorreu no Palácio do Planalto, onde Silveira, junto com os ministros Fernando Haddad e Rui Costa, discutiu os planos de investimento da empresa e sua transição para a energia limpa.
De acordo com Silveira, os recursos não distribuídos foram destinados a uma conta de contingência para remunerar o capital, e o Conselho de Administração pode revisar a possibilidade de distribuição total ou parcial desses dividendos no futuro. O ministro enfatizou que a decisão cabe à governança da Petrobras e destacou que o governo, como controlador da empresa, trabalha para torná-la atrativa para os investidores, mantendo previsibilidade na distribuição de dividendos ordinários.
Fernando Haddad explicou que a retenção dos recursos visa avaliar a evolução do plano de investimentos da Petrobras e determinar se os dividendos serão necessários para concluir projetos futuros ou se poderão ser repassados aos acionistas. Por sua vez, o ministro da Fazenda negou que a pasta tenha pressionado a estatal para distribuir os dividendos extraordinários, enfatizando que o Orçamento da União não inclui tais projeções.
Apesar da retenção dos dividendos extraordinários, o presidente Lula descreveu a reunião como produtiva, destacando discussões sobre investimentos em fertilizantes e transição energética. A decisão do Conselho de Administração da Petrobras levou a uma desvalorização significativa das ações da empresa, gerando preocupações entre os investidores sobre uma possível intervenção do governo federal.
*Com informações da Agência Brasil.
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