Inundação no Rio Grande do Sul desliga Data Center e compromete serviços estaduais

Em Canoas, vista aérea do bairro Mathias Velho inundado pelas chuvas de maio de 2024.
Em Canoas, vista aérea do bairro Mathias Velho inundado pelas chuvas de maio de 2024.

O governo do Rio Grande do Sul anunciou nesta segunda-feira (06/05/2024) que realizará o desligamento do sistema de processamento de dados estaduais como medida preventiva para evitar um colapso na rede. A decisão foi motivada pela inundação da sede do Procergs (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação S.A), decorrente das enchentes na capital, Porto Alegre. Segundo as autoridades estaduais, a água alcançou o quadro elétrico, no-breaks e geradores após a desativação das casas de bombas operantes na região central, mais especificamente na Rótula das Cuia.

Com o desligamento do sistema, há o risco de inoperância dos sites do governo e serviços vinculados. No entanto, alguns sistemas essenciais, como os da Defesa Civil, Saúde e Segurança Pública, foram mantidos em funcionamento devido à crise enfrentada pelo estado, de acordo com informações do centro.

Em comunicado oficial, o governo destacou a prioridade em preservar a infraestrutura instalada e a necessidade de retomar as atividades no menor intervalo de tempo possível. “Nesse sentido, com o intuito de preservar a infraestrutura instalada, e de ter condições de retomar nossas atividades no menor intervalo de tempo possível, a equipe responsável pela gestão da crise tomou a decisão consciente de desligar o Data Center, retirando temporariamente a maioria dos nossos serviços do ar”, diz trecho da nota divulgada.

A previsão é de que o desligamento completo ocorra em até 4 horas, porém não há informações precisas sobre quando o sistema será normalizado.

Reconstrução de rodovias federais no Rio Grande do Sul custará mais de R$ 1 bilhão

O ministro dos Transportes, Renan Filho, revelou nesta segunda-feira (6) que o custo estimado apenas para a reconstrução dos trechos das rodovias federais afetados pelas recentes chuvas no Rio Grande do Sul ultrapassará a marca de R$ 1 bilhão.

Durante uma reunião entre deputados federais e estaduais gaúchos com membros da equipe do governo federal na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro destacou a necessidade urgente de restabelecer o funcionamento das BRs e suas respectivas infraestruturas, enfatizando que o valor destinado para essa reconstrução provavelmente excederá R$ 1 bilhão.

Renan Filho anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitirá uma medida provisória para liberar crédito orçamentário extraordinário, visando financiar as despesas decorrentes da catástrofe climática. Esta será a primeira vez que o Ministério dos Transportes recorrerá a recursos emergenciais da União para cobrir despesas não previstas no orçamento da pasta. O ministro destacou a importância da cooperação da bancada do estado, tanto na destinação de emendas parlamentares para as obras de restauração da infraestrutura rodoviária federal, quanto na aprovação de medidas legislativas que agilizem a transferência de recursos e flexibilizem as normas relacionadas aos gastos públicos.

Renan Filho assegurou que, apesar das dificuldades, trechos bloqueados de rodovias importantes, como a BR-386 e a BR-290, devem começar a ser liberados a partir dos dias 10 ou 12, facilitando operações de resgate e abastecimento de cidades. Ele explicou que essas intervenções são prioritárias para garantir o suprimento das cidades afetadas e o resgate de pessoas, denominando-as de “caminhos assistenciais”.

Mais de 1 mil presos são transferidos após penitenciária inundar no Rio Grande do Sul

Com as prolongadas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul nos últimos dias, mais de 1 mil presos precisaram ser transferidos de unidades prisionais afetadas pelas inundações.

Segundo informações da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo e da Polícia Penal, 1.057 detentos da Penitenciária Estadual do Jacuí foram realocados na última sexta-feira (3) para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Os demais presos da unidade do Jacuí permaneceram no local, abrigados nos andares superiores.

O superintendente dos Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul, Mateus Schwartz, detalhou que três das sete unidades prisionais em Charqueadas foram inundadas devido à elevação do nível do rio Jacuí, afetando cerca de 6 mil presos no complexo. Schwartz ressaltou que não houve soltura de detentos do regime fechado em decorrência das enchentes, e não foram registradas ocorrências nas penitenciárias.

Além das transferências, a Justiça autorizou que presos do regime semiaberto do Instituto Penal de Charqueadas permaneçam em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica por 20 dias, devido à inundação da unidade. Os presos devem comparecer dentro de cinco dias para a instalação do equipamento, sob pena de serem considerados foragidos, conforme Schwartz. O retorno dos detentos à penitenciária está previsto para o dia 23 de maio.

Mesmo com dia de Sol, nível do Guaíba continua alto em Porto Alegre

Em meio às enchentes, as fortes chuvas que atingem Porto Alegre desde a semana passada cessaram e o Sol voltou a predominar desde o domingo (5), mas mesmo assim, o nível do Guaíba continua alto, já que o lago recebe águas vindas de outras regiões. Enquanto a medida de alerta é de 2,5 metros, o nível atual do Guaíba, de acordo com o Centro Integrado de Coordenação de Serviços, está em 5,26 metros. No domingo, a medida chegou a 5,31 metros.

O centro da capital gaúcha tornou-se um ponto de encontro entre voluntários e necessitados, onde as pessoas mobilizam-se para ajudar aqueles afetados pelas inundações. Além disso, a área recebe indivíduos que estavam ilhados e foram resgatados de regiões completamente cobertas pela água.

O número de pessoas ilhadas devido às enchentes no Rio Grande do Sul e que foram resgatadas ultrapassou os 20 mil, de acordo com boletim divulgado no domingo pela Defesa Civil.

“Subimos numa casa que pertencia a um vizinho que saiu, colocamos uma lona e ficamos lá. É uma casa de dois pisos e estamos lá desde quinta-feira”, relatou João Marcos dos Santos Rosa, um corretor de imóveis resgatado no domingo.

As equipes de salvamento em embarcações estão levando tanto pessoas quanto animais de estimação.

“Estamos saindo agora para essa operação de resgate e vamos trabalhar até amanhã de manhã”, disse o sargento Rodrigo Bitencourt, envolvido nos resgates.

A cada hora que passa, a situação daqueles que optaram por permanecer em casa se agrava. As baterias dos celulares acabam, os suprimentos se esgotam. Enfrentar a batalha da paciência contra a enchente torna-se cada vez mais difícil.


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