O surgimento de novos opioides sintéticos e a oferta e demanda sem precedentes por outras drogas agravaram o impacto do problema mundial das drogas, aponta o Relatório Mundial sobre Drogas 2024, lançado nesta quarta-feira (26/06/2024) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Globalmente, mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas em 2022, um aumento de 20% em relação à década anterior.
A diretora-executiva do UNODC, Ghada Wally, comentou os dados do relatório: “a produção, o tráfico e o uso de drogas continuam a agravar a instabilidade e a desigualdade, ao mesmo tempo que causam danos incalculáveis à saúde, à segurança e ao bem-estar das pessoas. Precisamos fornecer tratamento baseado em evidências e apoio a todas as pessoas afetadas pelo uso de drogas, além de intensificar as respostas às redes do tráfico de drogas ilícitas e investir muito mais em prevenção.”
O Aumento do Uso de Drogas
O relatório revela que a canábis continua a ser a droga mais consumida em todo o mundo, com 228 milhões de usuários, seguida dos opioides, anfetaminas, cocaína e ecstasy. A emergência dos nitazenos, um grupo de opioides sintéticos mais potentes que o fentanil, tem levado a um aumento significativo das mortes por overdose.
Apesar de 64 milhões de pessoas em todo o mundo sofrerem de transtornos associados ao uso de drogas, apenas uma em cada 11 recebe tratamento. A disparidade de gênero no acesso ao tratamento é notável: uma em cada 18 mulheres recebe tratamento, comparado com um em cada sete homens.
Justiça e Políticas sobre Drogas
Em 2022, 7 milhões de pessoas tiveram contato formal com a polícia por delitos relacionados a drogas, sendo a maioria por uso ou posse para consumo. Foram processadas 2,7 milhões de pessoas por esses delitos e 1,6 milhão foi condenada globalmente. O relatório destaca variações significativas entre países na resposta da justiça criminal às infrações relacionadas a drogas.
Impacto Ambiental e Social
Os traficantes de drogas no Triângulo Dourado diversificaram suas atividades para outras economias ilegais, como tráfico de animais selvagens e extração ilegal de recursos. As comunidades deslocadas e de baixa renda sofrem com essa instabilidade, muitas vezes recorrendo ao cultivo de ópio ou à extração de recursos ilegais para sobreviver, o que contribui para a degradação ambiental.
Produção e Consumo de Cocaína
Em 2022, a produção de cocaína atingiu um novo recorde de 2,757 toneladas, um aumento de 20% em relação a 2021, com o cultivo global de arbustos de coca também em ascensão. Este aumento coincidiu com maior violência e danos à saúde nos países de destino.
Legalização da Canábis
A legalização da canábis para uso não medicinal em várias jurisdições das Américas parece ter acelerado o consumo nocivo e diversificado os produtos, muitos com alto teor de THC. Isso resultou em mais hospitalizações e distúrbios psiquiátricos, especialmente entre jovens adultos.
O “Renascimento” Psicodélico
O interesse crescente por substâncias psicodélicas para tratamento de transtornos de saúde mental ainda não resultou em diretrizes científicas claras. Movimentos populares estão incentivando o uso não supervisionado dessas substâncias, o que pode comprometer as metas de saúde pública.
Proibição do Ópio no Afeganistão
A drástica redução da produção de ópio no Afeganistão em 2023, juntamente com o aumento da produção em Mianmar, levou a uma queda de 74% na produção global de ópio. Isso empobreceu os agricultores afegãos e enriqueceu alguns traficantes, com potenciais impactos negativos a longo prazo nos países de trânsito e destino dos opiáceos afegãos.
Direito à Saúde
O relatório enfatiza que o direito à saúde é um direito humano universal, aplicável a todas as pessoas, independentemente de seu status de uso de drogas ou situação de privação de liberdade. Isso inclui os usuários de drogas, suas famílias e comunidades.
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