Em 2018, na disputa eleitoral entre Bolsonaro e Haddad, o ex-presidente Fernando Henrique Cardozo afirmou que existia a chance de a crise institucional e a paralisia continuar, tanto na hipótese de Bolsonaro vencer quanto na do PT. Segundo Cardozo, as forças que apoiam Lula são idênticas às que apoiam Bolsonaro, atuando em seu meio com uma visão antiliberal e, em alguns casos, antidemocráticas. Na época Bolsonaro ainda era uma incógnita, sem expressão nacional, logo comprovada após as eleições. Seu governo foi um verdadeiro desastre, tanto do ponto de vista administrativo quanto no que diz respeito à ética com a coisa pública. Na época Lula estava na cadeia, enquanto o PT escondia a bandeira vermelha do partido e a imagem do petista nos santinhos. Era a marca do desespero, reconhecidos por Ciro Gomes ao declarar “Que Lula está preso, seus babacas! Vocês vão perder”, o que realmente aconteceu.
Ciro sabia -e jamais escondeu isso-, que a vitória petista com seus erros administrativos e envolvimento em corrupção levaria o país à ruína, além de uma crise moral e econômica sem precedentes. A vitória de Lula traria de volta – como realmente aconteceu-, Guilherme Baulos e outros, que estavam apenas esperando a oportunidade. Boulos sempre foi líder do movimento sem-terra e da ocupação de prédios públicos ou privados. Quanto aos demais, alguns voltaram com Força, como Renan Calheiros, Gleisi Hoffman, Dilma Rousseff e José Dirceu. Renan sempre foi aliado inconteste de Lula, sendo, inclusive, reeleito senador por Alagoas com o apoio do PT. Gleisi Hoffman, reeleita deputada federal pelo Paraná, é presidente nacional da agremiação e integrante da ala mais radical do partido. Dilma, hoje, dirige os BRICS, montada em dinheiro. Já Zé Dirceu atua nas sombras, com pretensão de voltar à Câmara dos Deputados, de onde saiu por causa do mensalão. Na época ele dizia que o projeto do PT não era ganhar as eleições, mas sim tomar o poder. Foi contestado por Haddad. O deputado José Guimarães tornou-se líder do governo; é suspeito de integrar parte de um dos maiores escândalos de corrupção do partido. Em 2005, o seu chefe de gabinete, José Adalberto Vieira, foi preso no embarque do aeroporto de Congonhas (SP) com US$ 100 mil na cueca. O assessor tinha outros US$ 209 mil guardados em uma mala de mão. O processo prescreveu.
Os petistas sempre cobiçaram os Ministérios da Fazenda e o de Minas e Energia. Este último é a área onde a Petrobras se abriga, berço dos escândalos revelados pela Operação Lava Jato. A imprensa noticiou na época que um ex-presidente da empresa foi condenado pelo TCU a pagar milhões de reais juntamente com o ex-tesoureiro do partido. Não é sem razão, pois, que a Petrobras, para o PT, é a joia da coroa. A sequência de personagens antes ocultas começa pelo próprio Lula, que montou sua trupe com antigos aliados, alguns reconhecidamente incompetentes; outros, acusados de corrupção. Entre os incompetentes se encontra a ministra Marina Silva, com desempenho pífio no meio ambiente e um empecilho ao desenvolvimento da região amazônica. Bolsonaro investiu numa milícia ideológica que mesmo sendo pequena foi o suficiente para ameaçar as instituições. Terminou caindo, assim como os seus filhos cairão em breve.
Para desespero dos brasileiros, Lula e Bolsonaro são os únicos líderes atualmente existentes no Brasil. Para levar adiante um capitalismo consciente capaz de romper este círculo que vai se consolidando e que tem no centro Lula e Bolsonaro, seria preciso novos líderes, o que está se tornando muito difícil. Esta radicalização, que interessa aos dois e a seus seguidores mais próximos, impossibilita as mudanças necessárias para que o Brasil se renove e faça as reformas necessárias ao seu desenvolvimento. O Brasil está dividido entre esses dois personagens, símbolos do atraso e da falta de ética com a coisa pública. No plano político, as mesmas oligarquias continuam mandando, mesmo com todas as carências sociais do subdesenvolvimento. Ainda existem alguns coronéis, mas o reinado agora é das máfias, nossos novos padrinhos. No Brasil, ganharam espaço as alianças com pastores evangélicos e chefes de milícias, que controlam importantes redutos eleitorais. Outra parte dos aglomerados urbanos mais pobres está sob o domínio do tráfico. Daí o desabafo do povo quando afirma que somos um país sem futuro. Mesmo assim, la nave va.
*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.
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