O climatologista brasileiro Carlos Nobre, especialista em mudanças climáticas, destacou que tais previsões são conhecidas no meio científico desde pelo menos 2010. Ele explicou que o estudo de Raymond é significativo, pois estabelece limites de temperatura e umidade além dos quais a sobrevivência humana é comprometida. Segundo Nobre, essas condições extremas não são exclusivas do Brasil, mas podem afetar vastas regiões tropicais e até mesmo latitudes médias, se a temperatura global aumentar em 4ºC ou mais em relação aos níveis pré-industriais.
O estudo de Raymond analisou eventos de calor extremo entre 1979 e 2017, onde a alta umidade combinada com temperaturas superiores a 35ºC impede o resfriamento do corpo humano através do suor, aumentando o risco de morte. Fernando Cesario, líder científico da The Nature Conservancy, afirmou que o estudo antecipa a ocorrência de eventos extremos de calor em um período de 30 a 50 anos, uma previsão mais próxima do que se imaginava anteriormente.
As regiões brasileiras com maior probabilidade de registrar eventos de calor fatal incluem áreas costeiras, grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo, regiões próximas a grandes lagos ou baías, como a Baía de Todos-os-Santos na Bahia, e áreas em volta do Rio Amazonas, onde a evaporação da água é elevada.
Raymond também revelou que, em 40 anos, o número de casos de calor extremo triplicou em algumas regiões do mundo, como Paquistão, Oriente Médio e o litoral do sudoeste da América do Norte. Se o aquecimento global não for controlado, os oceanos e geleiras podem liberar grandes quantidades de gases de efeito estufa, elevando ainda mais a temperatura global.
Nos Estados Unidos, o calor é a principal causa de morte relacionada ao clima, superando enchentes e tornados. Nobre enfatizou que a combinação de alta umidade e calor pode levar ao estresse térmico, um estado crítico que pode resultar em morte em questão de horas, especialmente para idosos e crianças.
Outro estudo, liderado por Camilo Mora da Universidade do Havaí, identificou 783 casos de morte por calor extremo em 164 cidades de 36 países. A pesquisa indicou que 30% da população mundial já está exposta a condições de calor extremo em pelo menos 20 dias ao ano, uma proporção que pode aumentar significativamente até 2100, dependendo das emissões de gases de efeito estufa.
Fernando Cesario, da The Nature Conservancy, alertou sobre o alarmismo das manchetes na mídia brasileira, destacando que as ocorrências de calor extremo são pontuais e de curta duração. No entanto, ele ressaltou a importância de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger as florestas para mitigar a crise climática.
Carlos Nobre também destacou a urgência de ações globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, um compromisso assumido no Acordo de Paris, visando limitar o aquecimento global a bem menos de 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
Dados Principais da Pesquisa sobre Efeitos do Aquecimento Global no Brasil
Estudo e Publicação
- Liderado por: Colin Raymond
- Publicado em: 2020
- Revista: Science Advances
- Citado por: Blog da Nasa em março de 2022
Previsões e Impactos
- Previsão: Áreas do Brasil podem se tornar inabitáveis até 2070 devido ao calor extremo.
- Condições Extremas: Alta umidade combinada com temperaturas superiores a 35ºC.
- Áreas Vulneráveis: Regiões tropicais e latitudes médias com aumentos de temperatura de 4ºC ou mais.
Regiões Brasileiras Afetadas
- Áreas Costeiras
- Centros Urbanos: Rio de Janeiro e São Paulo
- Proximidades de Lagos e Baías: Baía de Todos-os-Santos
- Região do Rio Amazonas
Dados Adicionais
- Eventos Analisados: 1979 a 2017
- Casos de Calor Extremo: Triplicaram em 40 anos em regiões como Paquistão, Oriente Médio, e litoral do sudoeste da América do Norte.
- Projeção Global: Aumento de 8ºC a 10ºC acima dos níveis pré-industriais até 2100 pode tornar o planeta quase inabitável.
Impacto na Saúde
- Principal Causa de Morte Relacionada ao Clima nos EUA: Calor extremo
- Média Anual de Mortes por Calor nos EUA: 143
- Estudo de Camilo Mora: 783 casos de morte por calor extremo em 164 cidades de 36 países.
Declarações de Especialistas
- Carlos Nobre:
- Previsões de condições extremas conhecidas desde 2010.
- Alta umidade e calor podem levar ao estresse térmico e morte em poucas horas.
- Necessidade urgente de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
- Fernando Cesario:
- Estudo antecipa aumento de eventos extremos de calor.
- Manchetes alarmantes, mas o estudo é embasado.
- Importância de proteger florestas e reduzir emissões para mitigar a crise climática.
Soluções Sugeridas
- Redução de Emissões: Drástica diminuição dos gases de efeito estufa.
- Proteção Ambiental: Conservação de florestas, matas ao redor de rios e lagos, e reflorestamento.
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