A chefe da Missão da ONU na República Democrática do Congo (Monusco), Bintou Keita, expressou “extrema preocupação” com a rápida expansão do grupo armado M23 nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul. Apesar das operações das forças armadas congolesas, o M23 capturou locais estratégicos e incendiou várias bases das forças congolesas nas últimas duas semanas. Esta situação agravou a crise humanitária e de direitos humanos, causando novos deslocamentos populacionais.
Em sessão do Conselho de Segurança nesta segunda-feira, Keita afirmou que o apoio do governo de Ruanda ao M23, documentado pelo grupo de especialistas que apresenta relatórios ao Comitê de Sanções do Conselho de Segurança, intensificou os ganhos territoriais do grupo no leste da RD Congo. Ela alertou que a rápida escalada da crise traz um risco real de provocar um conflito regional mais amplo.
Além do M23, outros grupos armados também contribuíram para a violência na província de Ituri, resultando em cerca de 300 vítimas nos últimos meses. A missão da ONU tem apoiado as operações militares das forças congolesas em um “contexto complexo”, incluindo o treinamento de 500 novos recrutas como parte de uma nova operação conjunta.
Keita destacou que a RD Congo enfrenta “uma das crises humanitárias mais sérias, complexas e negligenciadas” da atualidade. A violência no leste causou deslocamentos populacionais em massa, com um total de 7,3 milhões de pessoas deslocadas, incluindo 6,9 milhões apenas nas províncias do leste. Violações da lei humanitária internacional têm dificultado o fornecimento de ajuda humanitária, enquanto a proximidade das linhas de frente e a presença de armas comprometem a segurança das populações deslocadas e residentes.
A violência baseada em gênero continua a aumentar, com 122.960 casos relatados em 2023, um aumento de 3% em relação a 2022. A maioria das vítimas são mulheres e meninas, e os incidentes de violência sexual contra crianças aumentaram em 40%. O Plano de Resposta Humanitária de 2024 pede US$ 2,6 bilhões para fornecer ajuda a 8,7 milhões de pessoas afetadas pela crise, mas até meados de junho, apenas 26% do plano havia sido financiado.
Em dezembro de 2023, o Conselho de Segurança da ONU, a pedido do governo congolês, decidiu retirar a força da Monusco de Kivu do Sul como parte da diminuição gradual da missão no país. A Monusco agora limitará a implementação de seu mandato às províncias de Kivu do Norte e Ituri. Keita afirmou que a retirada de Kivu do Sul ocorreu dentro do cronograma e que o processo de transição continua. O fechamento da missão exigirá uma determinação decisiva das autoridades para convencer os grupos armados da necessidade de desarmamento.
*Com informações da ONU News.
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