Petrobras avalia recompra da Refinaria de Mataripe vendida à Mubadala

Petrobras considera proposta para readquirir a refinaria de Mataripe, vendida em 2021 ao fundo soberano Mubadala por 1,65 bilhão de dólares.
Petrobras considera proposta para readquirir a refinaria de Mataripe, vendida em 2021 ao fundo soberano Mubadala por 1,65 bilhão de dólares.

A Petrobras está em fase final de due diligence para uma possível oferta de recompra da refinaria de Mataripe, vendida em 2021 ao fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, por 1,65 bilhão de dólares. Fontes familiarizadas com as negociações informaram à Reuters que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se posicionou contra a venda das refinarias durante sua campanha, tem pressionado a estatal a acelerar investimentos que promovam a geração de empregos no setor.

Apesar do interesse manifestado, ainda não há um acordo sobre a estrutura e o valor da possível recompra. Avaliações indicam que a refinaria, também conhecida como RLAM, foi vendida abaixo do valor de mercado, com a Controladoria-Geral da União (CGU) apontando que a venda ocorreu com desconto durante a pandemia de Covid-19. O Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) estimou, em 2021, que a refinaria valia entre 3 bilhões e 4 bilhões de dólares.

Recompra da Refinaria de Mataripe pela Petrobrás está próxima, diz FUP

A Petrobrás está em fase avançada de negociações para reassumir o controle da refinaria de Mataripe, na Bahia, anteriormente conhecida como Refinaria Landulpho Alves (Rlam). A unidade foi privatizada em março de 2021, sendo adquirida pelo grupo árabe Mubadala Capital. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que a Petrobrás concluiu a due diligence, avaliando aspectos financeiros, operacionais, jurídicos e regulatórios, essenciais para a negociação.

A expectativa é que a recompra da refinaria seja anunciada em breve, com uma oferta vinculante que contemple a transferência integral do controle da unidade. A refinaria de Mataripe possui uma capacidade de produção de 377 mil barris por dia, abastecendo o estado da Bahia e outras regiões do Nordeste e Minas Gerais. O valor da transação ainda está em negociação, considerando o repasse de 100% do controle, conforme interesse manifestado pelo grupo Mubadala Capital.

A venda da refinaria no governo anterior, por US$ 1,65 bilhão, foi considerada pela FUP como abaixo do valor de mercado, estimado na época em cerca de US$ 4 bilhões. Desde então, a refinaria, operada pela Acelen, passou a praticar altos preços de gás de cozinha e combustíveis. A FUP aponta que a venda da refinaria de Mataripe foi uma das várias desestatizações realizadas a preços baixos, como no caso da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, vendida por US$ 257,2 milhões.

A privatização da Reman gerou preocupações, especialmente devido à alegada parada de manutenção intensiva pela atual operadora, o grupo Atem, que resultou na demissão de trabalhadores. O Sindipetro-AM, sindicato dos petroleiros do Amazonas, entrou com uma ação civil pública contra o grupo Atem por não divulgar informações obrigatórias sobre a produção de combustíveis. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) também abriu um processo de infração sobre o caso.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, critica a gestão das refinarias privatizadas, afirmando que a promessa de redução de preços e aumento da concorrência não se concretizou. Segundo dados da ANP, o Amazonas tem atualmente os maiores preços de combustíveis do Brasil, com aumentos superiores à média nacional. A FUP espera que a refinaria do Amazonas também retorne ao controle estatal, alinhando-se à expectativa de recomprar a unidade da Bahia.

Troca de presidente

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi substituído em maio, e o futuro das negociações permanece incerto. A Petrobras considerou inicialmente adquirir uma participação de 80% na refinaria e realizar um investimento minoritário em um projeto de biorrefinaria na Bahia, mas essa estrutura pode mudar. Além disso, há discussões sobre a possibilidade de oferecer à Mubadala o mesmo preço pago pela refinaria em 2021, acrescido de juros e reembolso dos investimentos realizados pelo fundo soberano para modernizar a planta.

A refinaria RLAM, construída na década de 1950, é a segunda maior do país, com significativa capacidade de produção de gasolina, diesel e outros derivados de petróleo na região Norte e Nordeste do Brasil. A Mubadala, controladora da operadora Acelen, tem manifestado interesse em vender a refinaria, pois a aquisição foi feita com a expectativa de que a Petrobras venderia outras unidades. Entretanto, a Petrobras ainda domina o mercado de refino brasileiro, produzindo cerca de 80% dos combustíveis fósseis do país com suas 11 refinarias restantes.


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