O falecimento do economista e ex-ministro Antônio Delfim Netto, aos 96 anos, na manhã desta segunda-feira (12/08/2024), gerou manifestações de pesar de diversas autoridades e figuras públicas. Delfim Netto, que teve uma longa carreira na administração pública, foi lembrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma figura central no debate econômico brasileiro, tanto durante o regime militar quanto após a redemocratização.
Em nota, o presidente Lula destacou a perda de duas grandes referências do pensamento econômico brasileiro, referindo-se também ao falecimento da economista Maria da Conceição Tavares, ocorrido em junho deste ano. Lula ressaltou o impacto das ideias de Delfim Netto na formulação de políticas econômicas e sociais que marcaram seus primeiros mandatos.
“Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”, afirmou o presidente.
Delfim Netto nasceu em São Paulo, em maio de 1928, e teve uma carreira marcada pela ocupação de cargos estratégicos durante o regime militar, incluindo os de ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento. Ele foi um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 1968, considerado o decreto mais duro do período militar, que suspendeu direitos e garantias individuais. Após o fim do regime, Delfim Netto seguiu na vida política, sendo eleito deputado federal pela Constituinte de 1987 e reeleito por mais cinco mandatos consecutivos, permanecendo na Câmara até 2007.
A morte de Delfim Netto também foi lamentada pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, que destacou o profundo conhecimento do economista nas ciências econômicas e seu papel histórico no Brasil desde 1967, quando se tornou, aos 38 anos, o mais jovem ministro do país.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, também prestou suas condolências, lembrando o período em que ele e Delfim Netto atuaram juntos na Câmara dos Deputados, na Comissão de Economia. Mercadante reconheceu as divergências políticas que existiram entre ambos, mas ressaltou o compromisso de Delfim Netto com a produção e o crescimento econômico do país. Ele destacou ainda o apoio do economista ao governo Lula em momentos importantes, mesmo após sua trajetória como ministro do regime militar.
O legado de Delfim Netto inclui sua atuação como ministro da Fazenda entre 1967 e 1974, período em que o Brasil experimentou uma forte expansão econômica, conhecida como “milagre econômico”. Posteriormente, ele foi ministro do Planejamento entre 1979 e 1985. Em nota, o Ministério da Fazenda ressaltou que Delfim Netto foi uma figura de referência em diferentes fases da história do país, fomentando debates essenciais sobre a condução da política econômica brasileira.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, também manifestou pesar pelo falecimento do economista, lembrando sua atuação nos governos após a redemocratização. Barroso destacou que Delfim Netto prestou serviços relevantes ao Brasil em diferentes momentos históricos, atuando como conselheiro econômico de diversos governos e colaborando em projetos de inclusão social que contribuíram para o desenvolvimento econômico do país.
Entre as demais autoridades que se pronunciaram sobre a morte de Delfim Netto, o ministro do STF Dias Toffoli afirmou que o economista foi uma personalidade importante na história brasileira dos últimos 60 anos. Toffoli lembrou que Delfim Netto foi mentor da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), instituição fundamental na revolução agrícola brasileira, e ressaltou seu papel como conselheiro de vários presidentes após a redemocratização, valorizando políticas de distribuição de renda e inclusão social.
Delfim Netto estava internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de saúde. Seu falecimento marca o fim de uma era na história econômica e política do Brasil.
*Com informações da Agência Brasil.
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