O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou nesta terça-feira (27/08/2024) que o Ocidente está subestimando os perigos ao considerar permitir que a Ucrânia utilize armamentos doados para realizar ataques em solo russo. Segundo Lavrov, uma eventual Terceira Guerra Mundial não seria confinada ao território europeu, mas teria implicações globais. Em suas declarações, o diplomata destacou a gravidade das ações ocidentais e fez advertências específicas aos Estados Unidos.
Lavrov, que ocupa o cargo de ministro há mais de duas décadas, afirmou que as potências ocidentais estão “brincando com fogo” ao cogitar atender aos pedidos da Ucrânia para a flexibilização das restrições no uso das armas fornecidas. O chanceler russo acusou diretamente os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de incentivar a intensificação do conflito na Ucrânia. “Eles agem como crianças brincando com fogo, mas esse comportamento é perigoso para adultos responsáveis por arsenais nucleares”, afirmou Lavrov em tom grave.
Contexto das Declarações
As declarações de Lavrov ocorreram em resposta ao recente pedido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que solicitou aos seus aliados no Ocidente que permitam à Ucrânia utilizar armas de longo alcance contra o território russo. O pedido veio após o país sofrer “ataques massivos” direcionados à sua infraestrutura energética. Zelensky argumentou que a Ucrânia não deveria ser limitada em sua capacidade de retaliar enquanto seus adversários permanecem sem restrições similares.
As declarações de Lavrov reforçam a posição russa de que uma eventual Terceira Guerra Mundial não afetaria apenas a Europa, mas poderia se estender também aos Estados Unidos. “Os americanos acreditam equivocadamente que uma Terceira Guerra Mundial, se ocorrer, será restrita à Europa”, disse o ministro russo, acrescentando que as consequências de uma escalada nuclear teriam impacto global.
Possibilidade de Reavaliação da Doutrina Nuclear Russa
Desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o governo russo tem reiterado os riscos de um conflito global envolvendo as principais potências nucleares do mundo. O presidente russo, Vladimir Putin, tem afirmado repetidamente que não deseja um confronto direto com a Otan, embora tenha deixado claro que a Rússia está disposta a reavaliar sua doutrina nuclear.
As diretrizes atuais da doutrina russa, revisadas em 2020, permitem o uso de armas nucleares apenas em resposta a ataques do mesmo tipo, ao uso de outras armas de destruição em massa ou em casos de ataques convencionais que ameacem a existência do Estado russo. Contudo, o recente aumento das tensões levou a Rússia a considerar ajustes em sua política nuclear, com o intuito de responder adequadamente às ameaças percebidas.
Reação Ucraniana e Contexto Internacional
Do lado ucraniano, o presidente Zelensky desafiou as ameaças russas ao realizar incursões militares na região russa de Kursk. Em declarações feitas no início do mês, Zelensky afirmou que as incursões demonstraram que as ameaças de retaliação russa eram meramente retóricas. A Ucrânia confirmou que utilizou mísseis americanos para destruir pontes estratégicas na região.
Washington e outros aliados ocidentais reagiram com cautela às ações ucranianas, afirmando não ter conhecimento prévio dos planos de Kiev de realizar ataques em território russo. Ainda assim, a questão sobre a extensão e o uso das armas fornecidas pelos aliados permanece em discussão nas principais capitais ocidentais, com os líderes considerando os riscos de uma escalada maior do conflito.
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