O longa-metragem brasileiro “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, foi exibido na abertura do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz. A sessão ocorreu na noite de sábado (21/09/2024) e contou com a presença do diretor, que foi aplaudido pelo público ao final da exibição. O filme retrata a história real de Eunice Paiva, cujo marido, o ex-deputado Rubens Paiva, foi morto durante a ditadura militar no Brasil. A atuação de Fernanda Torres, que interpreta Eunice, comoveu os espectadores, muitos dos quais deixaram a sala emocionados.
Walter Salles subiu ao palco após a projeção para compartilhar sua conexão pessoal com a história. Ele relatou ter sido amigo de uma das crianças da família Paiva durante sua juventude no Rio de Janeiro, e destacou o impacto que essa convivência teve em sua visão sobre política e liberdade. O diretor também mencionou que o filme foi inspirado em um romance de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado. Ele ressaltou que a obra aborda não apenas a memória de uma família, mas de um país, e que sua produção visa manter viva a memória do período sombrio da ditadura militar no Brasil.
Durante o evento, Salles destacou a importância do festival de Biarritz como um meio de promover uma visão humana da América Latina. Ele elogiou a existência do festival como uma plataforma para a disseminação de histórias que abordam questões fundamentais para a região. Em seu discurso, ele também enfatizou o papel do cinema e da literatura como instrumentos para preservar a memória histórica. Ao ser questionado pela atriz Maria de Medeiros, que mediava o evento, o cineasta comentou sobre o privilégio de contar com personalidades importantes do cinema brasileiro na sessão, como a produtora Sara Silveira.
“Ainda Estou Aqui” é uma coprodução entre Brasil e França, estrelada por Fernanda Torres, Selton Mello e com participação especial de Fernanda Montenegro. O enredo se passa no início dos anos 1970, período da ditadura militar no Brasil, e retrata a luta de Eunice Paiva para descobrir o destino de seu marido, desaparecido após ser levado pelas forças do regime. Rubens Paiva foi detido em sua residência e nunca mais foi visto. O filme já recebeu reconhecimento internacional, tendo vencido o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, em 7 de setembro de 2024, para os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega.
O festival de Biarritz, que em sua 33ª edição dedicou um espaço importante ao cinema latino-americano, escolheu o filme de Walter Salles para abrir a programação deste ano. Maria de Medeiros, em entrevista, ressaltou que a escolha do filme foi acertada e mencionou a força da narrativa, que, segundo ela, faz o público imergir na tragédia vivida pela família Paiva. Ela destacou ainda a direção precisa de Walter Salles e a importância de manter a memória dos eventos históricos retratados no filme viva, especialmente em um momento em que discursos políticos que evocam o retorno de regimes autoritários continuam a surgir.
*Com informações da RFI.
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