Oposição de esquerda prepara moção de censura contra novo governo liderado por Michel Barnier na França

Michel Barnier enfrenta críticas da esquerda por nomeações conservadoras em seu governo, que será alvo de moção de censura após a apresentação de sua política geral.
Michel Barnier enfrenta críticas da esquerda por nomeações conservadoras em seu governo, que será alvo de moção de censura após a apresentação de sua política geral.

O novo governo francês, liderado por Michel Barnier, enfrenta suas primeiras tensões antes mesmo de seus 39 ministros e secretários de Estado assumirem oficialmente seus cargos. Neste domingo, 22 de setembro, o ex-presidente socialista François Hollande, atualmente deputado pela Nova Frente Popular de esquerda, declarou que o governo de Barnier é “frágil” e “precisa ser censurado”, apontando para a falta de renovação ideológica na composição do novo gabinete. A bancada de esquerda já prepara uma moção de censura a ser apresentada logo após a declaração de política geral do primeiro-ministro, prevista para o dia 1º de outubro.

O governo de Barnier, uma aliança entre o partido do presidente Emmanuel Macron e figuras conservadoras dos Republicanos, está sendo amplamente criticado pela oposição por sua guinada à direita. O cientista político Vincent Martigny, em entrevista ao jornal Le Monde, comparou o atual governo a uma “direita congelada em 2012 e ressuscitada agora”. Críticas semelhantes foram publicadas nos principais editoriais regionais da França, que apontam para a falta de renovação no “software ideológico” do novo governo.

Entre as nomeações que geram maior polêmica, está a de Bruno Retailleau para o Ministério do Interior, conhecido por suas posições firmes sobre imigração e questões sociais. A presença de outros ministros conservadores, como Laurence Garnier, que recentemente se opôs à constitucionalização do aborto e à proibição da terapia de conversão LGBT, preocupa movimentos progressistas. O ex-premiê Gabriel Attal, agora líder da bancada de Macron na Assembleia Nacional, declarou que exigirá garantias de que não haverá retrocessos nos direitos conquistados em áreas como aborto, reprodução assistida e direitos LGBT.

Os sindicatos de professores também manifestaram insatisfação com a nomeação de Anne Genetet, uma médica com pouca experiência em educação, para o Ministério da Educação. Além disso, o Partido Socialista, através de seu primeiro secretário Olivier Faure, afirmou que o governo Barnier representa a maior guinada à direita desde a promulgação da atual Constituição em 1958, caracterizando-o como o “mais à direita” da Quinta República.

Embora a moção de censura da esquerda já esteja sendo articulada, a extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, aguarda a apresentação do orçamento para 2025 antes de tomar uma posição definitiva. O deputado Sébastien Chenu, vice-presidente do partido de Le Pen, disse que o partido aguardará mais detalhes sobre o projeto orçamentário antes de decidir se apoiará a moção. A elaboração do orçamento é uma das prioridades do novo governo, que enfrenta um cenário político tenso e a necessidade de sinalizar estabilidade em meio às críticas crescentes.

Michel Barnier tentará responder às críticas em entrevista ao canal France 2 neste domingo, quando poderá fornecer mais detalhes sobre sua política geral e as direções que pretende seguir para enfrentar os desafios econômicos e sociais da França. A supervisão direta do ministro das Contas Públicas, Laurent Saint-Martin, pelo próprio Barnier reforça a centralidade da questão orçamentária para o novo governo.

*Com informações da RFI.

Leia +

Governo Michel Barnier: o mais conservador da França em 20 anos e alvo de críticas da imprensa e opinião pública


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.