Sandro Nazireu acusa José Ronaldo de ingratidão e sugere pedido público de perdão ao prefeito Colbert Martins; Disputa pelo comando da Prefeitura de Feira de Santana é acirrado 

Sandro Nazireu (PODE) ao lado de Zé Neto (PT) e vereadores de Feira de Santana. Em ato de campanha, Nazireu critica postura de Zé Ronaldo (União) em relação ao prefeito Colbert Martins Filho (MDB).
Sandro Nazireu (PODE) ao lado de Zé Neto (PT) e vereadores de Feira de Santana. Em ato de campanha, Nazireu critica postura de Zé Ronaldo (União) em relação ao prefeito Colbert Martins Filho (MDB).

O cenário político de Feira de Santana, uma das maiores cidades da Bahia, foi agitado recentemente por declarações do candidato a vice-prefeito, Sandro Nazireu (Podemos), que acusa o ex-prefeito e atual candidato à prefeitura, Zé Ronaldo (União Brasil), de ingratidão em relação ao atual gestor municipal, Colbert Martins Filho (MDB). As críticas de Nazireu ganharam repercussão durante a campanha eleitoral, trazendo à tona as tensões internas entre figuras que, por anos, mantiveram uma relação de proximidade política. Zé Ronaldo, que já foi um dos principais aliados de Colbert, agora tenta desvincular sua imagem da administração municipal, sob o pretexto de que sua associação prejudicaria sua campanha.

Sandro Nazireu, que compõe a chapa liderada pelo deputado federal Zé Neto (PT), expressou publicamente sua indignação com a postura de Zé Ronaldo. Para ele, Zé Ronaldo é o verdadeiro responsável pela eleição de Colbert Martins à prefeitura, sendo inclusive o mentor político que continua exercendo influência sobre a gestão municipal. No entanto, Nazireu observa que, diante da baixa popularidade e das críticas recebidas pela administração de Colbert, Zé Ronaldo estaria buscando se afastar de seu antigo aliado, a fim de evitar o desgaste político durante a campanha eleitoral.

“Não se trata de defender a desastrosa gestão que está aí, mas política tem que ser conduzida com moral, ética e humanidade. O atual prefeito foi e continua sendo correto e fiel ao seu mentor político, a ponto de todos os feirenses saberem que Zé Ronaldo é quem manda na prefeitura. O que ele está fazendo, abandonando, dando as costas, por conta da avaliação negativa e consequente impopularidade de Colbert, tem nome: ingratidão e como todo bom cristão, deveria pedir publicamente perdão ao atual prefeito”, disse Sandro Nazireu.

Nazireu destacou que a decisão de Zé Ronaldo de recorrer à Justiça para impedir a veiculação de propagandas eleitorais que o vinculam a Colbert Martins é um exemplo claro de ingratidão. Ele afirmou que o ex-prefeito não apenas proibiu a participação de Colbert em qualquer evento de campanha, mas também alega judicialmente que sua associação com o atual prefeito seria prejudicial à sua honra. Para Nazireu, essa atitude revela um comportamento contraditório, já que, ao longo dos últimos anos, Zé Ronaldo sempre foi visto como o líder de fato da gestão municipal.

Em seu discurso, Sandro Nazireu foi além, ao dizer que o distanciamento de Zé Ronaldo coloca Colbert em uma posição de “humilhação pública”. Ele questionou como Zé Ronaldo, sendo o responsável pela eleição do atual prefeito, agora o trata com desprezo e rejeição. O candidato a vice-prefeito fez uma analogia histórica, comparando a situação à forma como, na antiguidade, os leprosos eram marginalizados, sugerindo que Zé Ronaldo estaria tratando Colbert com semelhante desumanidade ao renegar qualquer vínculo com sua gestão.

Nazireu também destacou que esta não seria a primeira vez que Zé Ronaldo abandona um aliado político em momentos de crise. Ele relembrou o caso de Tarcízio Pimenta, ex-prefeito de Feira de Santana, que também foi eleito com o apoio de Zé Ronaldo, mas, após enfrentar dificuldades administrativas e sofrer uma queda de popularidade, foi igualmente deixado de lado pelo seu antigo padrinho político. Tarcízio Pimenta, que sucedeu Zé Ronaldo em 2008, terminou seu mandato isolado, sem o suporte do grupo político que o havia apoiado na eleição.

O candidato a vice-prefeito argumenta que a estratégia de Zé Ronaldo segue um padrão recorrente: ele apoia a eleição de um aliado próximo, mantém influência direta sobre a administração, e, quando a gestão começa a enfrentar problemas, retira seu apoio, desassociando sua imagem do gestor em exercício. Segundo Nazireu, essa prática tem como objetivo preparar o terreno para que Zé Ronaldo retorne ao poder, apresentando-se como a solução para os problemas que ele próprio contribuiu para criar nos bastidores.

O episódio envolvendo Zé Ronaldo e Colbert Martins tem gerado debates intensos entre os eleitores e observadores políticos de Feira de Santana. O distanciamento do ex-prefeito em relação ao atual gestor levanta questionamentos sobre a lealdade entre aliados políticos e sobre os limites da responsabilidade compartilhada em uma administração pública. A campanha eleitoral de 2024, já marcada por polarizações, ganha novos contornos com essa disputa, colocando em evidência não apenas os projetos políticos de cada candidato, mas também a ética e a conduta pessoal daqueles que aspiram ao poder.

Zé Ronaldo, por sua vez, não se manifestou publicamente sobre as acusações de Sandro Nazireu. Entretanto, a estratégia de afastamento em relação a Colbert Martins tem sido clara, e sua campanha tem evitado mencionar o atual prefeito em suas propostas e discursos. Analistas políticos apontam que a movimentação de Zé Ronaldo pode ser uma tentativa de neutralizar o impacto negativo da impopularidade de Colbert sobre suas chances de eleição. A Justiça Eleitoral ainda deverá se pronunciar sobre o pedido de Zé Ronaldo para proibir a veiculação de materiais que associem seu nome ao de Colbert Martins.

A campanha eleitoral em Feira de Santana segue acirrada, com os principais candidatos buscando consolidar suas bases e ao mesmo tempo lidar com o histórico de alianças e rupturas que marcam a política local. O desfecho desse embate entre Zé Ronaldo e Colbert Martins pode influenciar decisivamente o rumo das eleições, enquanto os eleitores avaliam não apenas os projetos de governo, mas também a coerência e o comprometimento dos candidatos com suas trajetórias e alianças.


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