A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) está sediando o seminário internacional “Sessenta Anos do Golpe Militar: Historiar para Escrever Amanhãs”, que se estenderá até a próxima quinta-feira (12/09/2024). O evento tem como objetivo refletir sobre os impactos do golpe militar de 1964 no Brasil e na América Latina, além de debater formas de fortalecimento contínuo da democracia e os desafios atuais relacionados à proteção dos direitos humanos. A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH) marcou presença na abertura do seminário, representada por Trícia Calmon, superintendente de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos (SUDH).
Abertura do evento e participação da SJDH
Na abertura do seminário, realizada no auditório da Uefs, Trícia Calmon destacou a relevância de discutir o legado dos regimes autoritários para a construção de uma sociedade democrática. Em seu discurso, ela sublinhou a importância da educação e da cultura em direitos humanos como ferramentas essenciais para conscientizar a população sobre os perigos inerentes a regimes autocráticos.
“A memória precisa ser resgatada, e as verdades devem ser trazidas à tona para que possamos fortalecer as organizações da sociedade civil na luta por direitos. Precisamos encarar a ditadura não como um tema do passado, mas como uma questão atual, que afeta diretamente a construção da cidadania e da democracia”, afirmou Calmon. Ela enfatizou que a discussão sobre ditaduras é vital para evitar o retorno ao autoritarismo e às violações de direitos civis.
Impactos do golpe militar de 1964 e a resistência ao autoritarismo
Os impactos do golpe militar de 1964, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina, são o foco central do seminário. Entre os temas abordados, estão as histórias de resistência ao autoritarismo, as mudanças educacionais impostas pelos regimes militares e as violências sofridas pelas populações indígenas durante esse período. O evento também busca promover uma análise crítica dos legados deixados pelos regimes ditatoriais e a importância de compreender esse passado para melhor estruturar o presente e o futuro.
Unidade entre Estado e sociedade civil no fortalecimento da democracia
Durante o evento, destacou-se a importância da união entre o Estado e a sociedade civil para a construção de uma memória crítica sobre o autoritarismo. Essa colaboração é vista como essencial para a promoção de uma democracia sólida e a prevenção de retrocessos em termos de direitos civis e humanos. Trícia Calmon alertou para os riscos da relativização desses direitos, enfatizando que, apesar de muitas conquistas, ainda existem desafios significativos no fortalecimento da cidadania no Brasil.
“Vivemos em uma realidade em que muitos não têm acesso ao mínimo necessário para uma vida digna, o que coloca nossa democracia em risco. Nosso desafio é dar respostas que fortaleçam a sociedade para que ela não se permita cair nos caminhos do autoritarismo e da violência”, completou Calmon.
Parcerias acadêmicas e lançamentos de obras durante o seminário
O seminário é fruto de uma iniciativa conjunta dos Programas de Pós-Graduação em História (PPGH) e em Saúde Coletiva (PPGSC) da Uefs, além do Colegiado de Direito da instituição. Conta ainda com a parceria da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e o apoio da SJDH e do Ministério da Educação (MEC), por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Na tarde de ontem, ocorreu a conferência “O que será que estão falando alto? Controvérsias em torno da historiografia do golpe”, que trouxe debates sobre as diferentes interpretações históricas dos eventos de 1964. Após a conferência, foram lançados os livros “Petrobras e Petroleiros na Ditadura: Trabalho, Repressão e Resistência”, “Onde Nascem os Monstros: Extrema Direita, Bolsonarismo e Performance Fascista” e “Os Impasses da Estratégia: Os Comunistas, o Antifascismo e a Revolução Burguesa no Brasil – 1936/1948”.
Conclusão dos debates e continuidade da agenda até quinta-feira
Até o encerramento do seminário, na quinta-feira, 12, serão discutidos outros temas relevantes, como as transformações educacionais impostas pelas ditaduras e as experiências de resistência dos povos indígenas. A programação inclui mesas de debates, apresentações de trabalhos acadêmicos e painéis temáticos. O evento se consolida como um espaço importante de reflexão sobre os legados das ditaduras e os desafios da democracia na atualidade.
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