A guerra em Gaza e a intensificação das tensões na Cisjordânia resultaram em um atraso de 69 anos no desenvolvimento da Palestina, conforme relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e pela Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (Unescwa). O documento analisa as consequências socioeconômicas do conflito e os desafios enfrentados pela população palestina, destacando a necessidade urgente de intervenções econômicas.
O levantamento indica que a continuidade das restrições econômicas impede a recuperação e o investimento no desenvolvimento, levando a uma perspectiva sombria para a economia palestina. Sem a eliminação dessas barreiras, a economia local pode não conseguir restaurar os níveis anteriores ao início do conflito. O relatório aponta que depender exclusivamente de ajuda humanitária é inadequado para promover a recuperação necessária.
As previsões econômicas revelam que o Produto Interno Bruto (PIB) da Palestina deve sofrer uma contração de 35,1% em 2024, em comparação com um cenário hipotético sem guerra. O desemprego pode atingir 49,9% da população, refletindo uma deterioração significativa nas condições de vida. A pobreza nos Territórios Palestinos deverá aumentar para 74,3% em 2024, afetando aproximadamente 4,1 milhões de pessoas, sendo 2,61 milhões delas recentemente empobrecidas. A análise também incorpora indicadores de pobreza multidimensional, que avaliam a extensão da privação vivida pela população.
A secretária executiva da Unescwa, Rola Dashti, enfatizou a gravidade da situação, afirmando que as avaliações servem como um alerta sobre a devastação das vidas de milhões de pessoas e dos esforços de desenvolvimento de décadas. Ela reiterou a necessidade de encerrar o sofrimento e o derramamento de sangue na região, defendendo a busca por uma solução duradoura que possibilite a convivência pacífica e digna entre os povos.
O relatório apresenta três cenários de recuperação para a Palestina, considerando a natureza prolongada do processo. O primeiro cenário contempla a ausência de recuperação antecipada, com restrições contínuas ao trabalho palestino e retenção de receitas, resultando em um crescimento econômico limitado a 2%. Nesse caso, o PIB deve cair 20,1% em 2025 e 34% até 2034, em comparação com os níveis pré-conflito.
O segundo cenário considera uma recuperação antecipada restrita, mantendo as limitações aos trabalhadores e à autoridade palestina, mas com um fluxo anual de US$ 280 milhões em ajuda humanitária. Embora esse valor atenda necessidades imediatas, não sustenta a recuperação econômica de longo prazo. Neste cenário, o PIB deve diminuir 19,6% em 2025, com uma queda de 33% até 2034.
O terceiro cenário sugere uma recuperação antecipada sem restrições, prevendo a eliminação das limitações aos trabalhadores palestinos e a devolução das receitas à autoridade palestina. Com esse cenário, além dos US$ 280 milhões em ajuda humanitária, mais US$ 290 milhões seriam alocados anualmente para esforços de recuperação, resultando em um aumento de produtividade de 1% ao ano. A economia teria a chance de se recuperar, restaurando o desenvolvimento palestino.
Além disso, melhorias significativas na pobreza são esperadas, com mais famílias tendo acesso a bens essenciais e serviços, além de uma redução na taxa de desemprego para 26%. Sob essas condições, a queda no PIB em 2025 seria limitada a 8,8%. A avaliação sugere que um plano abrangente de recuperação e reconstrução, combinando ajuda humanitária com investimentos estratégicos e a remoção das restrições econômicas, poderia revitalizar a economia palestina.
O administrador do Pnud, Achim Steiner, reiterou que o cenário positivo só pode ser alcançado com esforços de recuperação irrestritos. Ele alertou para a grave crise de desenvolvimento que ameaça o futuro dos palestinos por gerações. Steiner defendeu a implementação de uma estratégia de recuperação robusta, que deve ser integrada à fase de assistência humanitária, estabelecendo as bases para um crescimento sustentável.
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