Juros do cartão de crédito rotativo atingem 438,4% ao ano, diz Banco Central

Aumento das taxas de juros do crédito rotativo impacta a situação financeira das famílias no Brasil.
Aumento das taxas de juros do crédito rotativo impacta a situação financeira das famílias no Brasil.

O relator do Orçamento de 2025, senador Angelo Coronel (PSD-BA), anunciou que os juros do cartão de crédito rotativo registraram um aumento significativo, alcançando a marca de 438,4% ao ano em setembro de 2024. Esse valor representa um acréscimo de 11,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Apesar da implementação de medidas que visam limitar o rotativo desde o início do ano, os juros continuam a apresentar variações sem redução considerável ao longo dos meses.

A nova regulamentação do crédito rotativo, que tem como objetivo mitigar o endividamento, não altera a taxa de juros acordada na concessão do crédito, aplicando-se exclusivamente a novos financiamentos. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, os juros dessa modalidade registraram uma diminuição de 2,7 pontos percentuais. As informações foram divulgadas pelo Banco Central (BC) em suas Estatísticas Monetárias e de Crédito.

O funcionamento do crédito rotativo se dá quando o consumidor opta por pagar um valor inferior ao total da fatura do cartão de crédito, gerando um empréstimo que implica no pagamento de juros sobre a quantia não quitada. Essa modalidade é reconhecida como uma das mais onerosas do mercado financeiro. Após o prazo de 30 dias, as instituições financeiras realizam o parcelamento da dívida. No que diz respeito ao cartão de crédito parcelado, os juros aumentaram 3,8 pontos percentuais em setembro, mas apresentaram uma redução de 8 pontos percentuais nos últimos 12 meses, totalizando 185,8% ao ano.

No âmbito do crédito livre, a taxa média de juros nas concessões para famílias subiu 0,5 ponto percentual em setembro. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses, houve uma redução de 4,9 pontos percentuais, atingindo 52,4% ao ano. A diminuição das taxas médias no crédito livre foi impulsionada pela queda nos juros do crédito consignado, financiamento de veículos, desconto de cheques e arrendamento mercantil.

Além disso, as taxas do cheque especial também aumentaram, subindo 4,2 pontos percentuais em setembro e 3,2 pontos percentuais ao longo de 12 meses, resultando em uma taxa de 137,1% ao ano. Desde 2020, os juros dessa modalidade estão limitados a 8% ao mês, totalizando 151,82% ao ano. A estabilidade na taxa Selic e o aumento da inadimplência têm contribuído para a alta nas taxas médias do cheque especial.

Para as operações de crédito dirigidas a empresas, os juros médios também registraram uma leve redução de 0,3 ponto percentual em setembro, e 2,2 pontos percentuais em relação ao ano anterior, alcançando 20,7% ao ano. A redução das taxas de capital de giro com prazos inferiores a 365 dias (9,1 pontos percentuais) e do cartão de crédito rotativo (29 pontos percentuais) destacaram-se nesse contexto. No entanto, houve um aumento de 6,5 pontos percentuais no cheque especial em setembro.

As instituições financeiras têm liberdade para definir as taxas de juros no crédito livre, diferentemente do crédito direcionado, cujas condições são estabelecidas pelo governo. As taxas para pessoas físicas no crédito direcionado foram de 9,9% ao ano em setembro, com uma leve queda de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior e 0,6 ponto percentual em 12 meses. Para empresas, a taxa de crédito direcionado caiu 1,7 ponto percentual em setembro e 1,1 ponto percentual em 12 meses, resultando em 10,3% ao ano.

Em setembro, as concessões de crédito totalizaram R$ 636,4 bilhões, refletindo um crescimento de 2,2% em comparação ao mês anterior, com uma alta de 0,8% para pessoas físicas e 3,9% para empresas. O crédito direcionado apresentou uma queda de 7,4% no mês, enquanto o crédito livre teve um aumento de 3,7%. O estoque total de empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional alcançou R$ 6,179 trilhões, com um incremento de 1,2% em relação a agosto. No comparativo anual, o total de crédito cresceu 9,9% em setembro.

A inadimplência, medida pelos atrasos superiores a 90 dias, manteve-se estável, registrando 3,2% em setembro. O endividamento das famílias, que mede a relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada nos últimos 12 meses, ficou em 47,9% em agosto, apresentando um leve aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior e uma queda de 0,4% em 12 meses. Quando excluído o financiamento imobiliário, o endividamento foi de 29,9%. O comprometimento da renda, que avalia a proporção da renda média destinada ao pagamento das dívidas, atingiu 26,8% em agosto, com um aumento de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior e uma redução de 0,4% em 12 meses.

Os dados sobre endividamento e comprometimento da renda apresentam uma defasagem, pois são baseados em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

*Com informações da Agência Brasil.


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