O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou, no dia 23 de outubro de 2024, a proposta de criação de mecanismos alternativos de pagamento para facilitar transações comerciais entre os países membros do Brics. Essa iniciativa foi apresentada durante sua participação, por videoconferência a partir de Brasília, na 16ª Cúpula de Líderes do Brics, realizada em Kazan, na Rússia. Lula argumentou que a adoção de novas formas de pagamento pode reduzir a vulnerabilidade das nações em desenvolvimento e as assimetrias presentes no sistema financeiro global.
Lula enfatizou que a proposta não visa substituir as moedas nacionais, mas sim garantir que a ordem multipolar almejada pelo bloco seja refletida no sistema financeiro internacional.
“Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada”, afirmou o presidente.
Ele abordou, ainda, questões já recorrentes em seus pronunciamentos, como o combate às mudanças climáticas, a fome, críticas a conflitos no Oriente Médio e Leste Europeu, a defesa da taxação dos super-ricos e a necessidade de democratização das instituições financeiras.
Esta cúpula é marcada pela inclusão de cinco novos países no Brics: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia, além dos membros tradicionais: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A ampliação do bloco reflete um novo contexto geopolítico e econômico, que busca diminuir a dependência do dólar nas transações comerciais entre os países.
Entre os assuntos discutidos na cúpula, destacaram-se as negociações para a redução da dependência do dólar e o fortalecimento de instituições financeiras alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial. Lula mencionou a criação do Mecanismo de Cooperação Interbancária, que visa estabelecer linhas de crédito em moedas locais entre os bancos de desenvolvimento dos países membros. Ele também fez referência ao trabalho do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que, segundo ele, tem atuado na promoção de projetos de infraestrutura que fortalecem as economias locais.
O presidente destacou que o NDB, completando dez anos de atividades, possui um portfólio com quase 100 projetos e financiamentos que somam aproximadamente US$ 33 bilhões. Ele enfatizou que o banco foi estruturado para atender onde as instituições de Bretton Woods falham, focando em projetos alinhados às prioridades nacionais, sem impor condicionalidades.
Lula também ressaltou a relevância do Brics em termos de potencial econômico e mobilidade social.
“Representamos 36% do PIB global por paridade de poder de compra. Contamos com 72% das terras raras do planeta, 75% do manganês e 50% do grafite”, declarou.
Contudo, ele lamentou que os fluxos financeiros ainda se concentrem nas nações desenvolvidas.
Durante a cúpula, o presidente manifestou a importância do Conselho Empresarial para ampliar o comércio entre os países do bloco. As exportações brasileiras para os membros do Brics cresceram significativamente entre 2003 e 2023, e hoje representam uma parcela significativa das importações do Brasil. Lula também mencionou a Aliança Empresarial de Mulheres, que visa promover o empoderamento econômico feminino.
Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do Brics, e Lula reiterou a necessidade de modernização das instituições de governança global, além de democratizar o acesso a tecnologias. “Não podemos aceitar a imposição de apartheids no acesso a vacinas e medicamentos, como ocorreu na pandemia, nem no desenvolvimento da inteligência artificial”, alertou. Ele defendeu o fortalecimento das capacidades tecnológicas dos países em desenvolvimento e a criação de marcos multilaterais que priorizem os interesses dos governos em relação aos interesses privados.
O presidente criticou os conflitos atuais e citou a situação na Faixa de Gaza, enfatizando a necessidade de negociações de paz nos conflitos entre Ucrânia e Rússia. Lula propôs que o lema da presidência brasileira seja “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.
Lula também expressou gratidão pelo apoio dos países do Brics à presidência brasileira do G20, destacando temas como a redução das desigualdades globais e a taxação dos super-ricos. Ele convidou os países a integrar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada na Cúpula de Líderes do G20 em novembro no Rio de Janeiro. O presidente voltou a exigir maior empenho dos países desenvolvidos em relação ao financiamento de medidas de prevenção e mitigação das mudanças climáticas, ressaltando que a responsabilidade também recai sobre os países emergentes.
O Brics, segundo Lula, desempenha um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas. Ele destacou a importância de ir além dos compromissos financeiros anunciados e de fortalecer a supervisão dos compromissos assumidos pelos países.
*Com informações da Agência Brasil.
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