O Banco Central do Brasil anunciou nesta quarta-feira (06/11/2024) um novo aumento na taxa Selic, elevando-a para 11,25% ao ano. A decisão, unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), reflete o esforço da instituição em controlar a inflação e estabilizar o mercado financeiro, em um contexto marcado pela alta do dólar, variações no preço dos alimentos e instabilidade econômica global. A decisão era amplamente antecipada pelo mercado financeiro, que já projetava um ajuste de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros.
Esse ajuste na Selic consolida o atual ciclo de contração monetária, que começou com uma taxa de 13,75% ao ano entre agosto de 2022 e agosto de 2023, seguida por uma série de cortes ao longo de 2023. Em setembro, o Copom havia interrompido a sequência de cortes, elevando a Selic em resposta a sinais de inflação e ao impacto da valorização do dólar sobre os preços internos.
Em seu comunicado, o Copom destacou a complexidade do cenário econômico global, com uma conjuntura incerta nos Estados Unidos, que afeta expectativas sobre a desaceleração econômica e a política de juros do Federal Reserve (Fed). Essas incertezas globais, somadas ao cenário fiscal doméstico, têm impulsionado uma pressão adicional sobre os preços e o mercado interno. O Comitê frisou a necessidade de uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, alertando que ajustes fiscais são fundamentais para manter a confiança no controle inflacionário e reduzir os prêmios de risco nos ativos financeiros.
Inflação em Alta e Perspectivas do IPCA
No Brasil, o controle da inflação é a principal motivação para o aumento da Selic. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação, registrou alta de 0,44% em setembro, pressionado pelo aumento das tarifas de energia elétrica e dos preços dos alimentos, impactados pela seca prolongada. Em doze meses, o IPCA acumula uma alta de 4,42%, valor próximo ao teto da meta para 2024, que foi estabelecida em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O Banco Central revisou sua previsão para o IPCA de 2024, elevando-a para 4,6%, enquanto o mercado financeiro projeta um valor de 4,59%, segundo o boletim Focus. Essas previsões superam o teto da meta e refletem a continuidade das pressões inflacionárias, com destaque para a variação do câmbio e o impacto da seca sobre a oferta de alimentos.
Impacto do Crédito e Perspectivas Econômicas
A elevação da Selic busca frear a demanda interna ao tornar o crédito mais caro, o que reduz o consumo e a produção. Essa política, no entanto, também gera efeitos sobre o crescimento econômico. Em seu último Relatório de Inflação, o Banco Central revisou para 3,2% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024, um número influenciado pela expansão de 3,1% registrada em 2023. O aumento da Selic pode, assim, limitar a expansão econômica no próximo ano, mas é visto como necessário para estabilizar a inflação e manter o poder de compra.
A Selic, que regula as negociações de títulos públicos e serve como referência para as demais taxas de juros da economia, funciona como principal mecanismo de controle da inflação. Com taxas mais altas, o crédito se torna mais restrito e o consumo é desacelerado, permitindo que o Banco Central controle a pressão sobre os preços. No entanto, uma queda na Selic só é considerada quando as projeções de inflação estão sob controle, um cenário que, de acordo com o Banco Central, ainda exige cautela.
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