No início de novembro de 2024, a Espanha enfrentou chuvas intensas e inundações repentinas que resultaram em mais de 150 mortes, além de prejuízos materiais significativos. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que esses eventos, concentrados especialmente na região de Valência, refletem um ciclo hidrológico cada vez mais acelerado e imprevisível. Segundo a Agência Estatal de Meteorologia da Espanha (Aemet), localidades no sudeste do país registraram volumes de precipitação equivalentes a um ano de chuva em apenas oito horas.
As autoridades locais organizaram operações de resgate em resposta aos danos e ao número crescente de vítimas. Imagens divulgadas mostram carros arrastados pelas torrentes e ruas inundadas. Em meio à tragédia, o governo espanhol decretou três dias de luto nacional, e alertas climáticos seguem em vigor. A região de Valência continua em nível de alerta dois, enquanto a província de Huelva, no sudoeste, registra o nível máximo de alerta vermelho devido ao risco contínuo de precipitações intensas. No aeroporto de Jerez, também no sudoeste, um recorde de 114,8 mm de chuva foi registrado em um período de 24 horas, reforçando a gravidade do evento.
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, atribuiu a intensificação das chuvas ao aumento das temperaturas globais. Segundo Saulo, “uma atmosfera mais quente retém mais umidade, promovendo precipitações intensas”. Ela ressaltou que, para cada 1°C adicional na temperatura média, a capacidade de retenção de vapor de água no ar aumenta cerca de 7%, o que amplia a probabilidade de eventos extremos de precipitação.
O fenômeno climático que causou as chuvas devastadoras na Espanha, conhecido como Depressão Isolada em Níveis Elevados (Dana, na sigla em espanhol), ocorre geralmente no outono europeu, quando o calor residual da superfície, acumulado durante o verão, encontra-se com o ar frio vindo das regiões polares. Esse tipo de fenômeno, que também impactou o sul da França, se intensifica em um contexto de aumento das temperaturas dos oceanos, que registraram novos recordes em 2024.
O chefe de Monitoramento Climático da OMM, Omar Baddour, esclareceu que a umidade elevada no Mediterrâneo, combinada com o ar quente próximo à superfície, gera instabilidade quando encontra massas de ar frio em altitudes superiores, resultando em nuvens convectivas e precipitações intensas. Baddour afirma que as mudanças climáticas elevam a intensidade desses sistemas meteorológicos, impulsionadas pelo aumento das temperaturas das águas marítimas e da umidade atmosférica.
A OMM coordena ações com serviços meteorológicos nacionais para garantir a precisão das previsões e possibilitar respostas rápidas a eventos climáticos adversos. No contexto europeu, outras regiões foram afetadas por inundações recentes. Em setembro, chuvas intensas na Europa Central causaram danos generalizados, quebrando recordes de precipitação em diversos locais.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) também divulgou que eventos extremos, como inundações e secas, se tornaram mais frequentes e severos devido ao impacto das atividades humanas. Estes fenômenos, segundo o IPCC, confirmam as previsões científicas e reforçam a necessidade de medidas de adaptação para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
*Com informações da ONU News.
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