Em 21 de novembro de 2013, uma série de protestos em Kiev, capital da Ucrânia, deu início ao movimento conhecido como Euromaidan, que duraria meses e culminaria em um dos momentos mais turbulentos da história recente do país. O evento, que inicialmente reunia estudantes e ativistas pela integração da Ucrânia à União Europeia, logo se transformou em um confronto entre manifestantes e autoridades, com consequências políticas e sociais profundas, não apenas para a Ucrânia, mas também para o cenário internacional.
O motivo inicial para os protestos foi o adiamento da assinatura do acordo de associação entre a Ucrânia e a União Europeia, decisão tomada pelo então presidente Viktor Yanukovich, que optou por estreitar os laços com a Rússia. Isso provocou descontentamento em diversos setores da sociedade ucraniana, especialmente entre os jovens, que viam na integração com o Ocidente uma promessa de modernização e estabilidade. No entanto, o que parecia ser um protesto pacífico rapidamente se transformou em um movimento de resistência organizada, com o envolvimento de extremistas e radicalização das ações nas ruas.
A situação se intensificou ao longo de dezembro de 2013, com o aumento da violência e o uso de métodos cada vez mais agressivos tanto por parte dos manifestantes quanto das forças de segurança. Em 1º de dezembro, dezenas de policiais ficaram feridos, e o número de vítimas só aumentava. Entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, a Ucrânia viu um grande número de baixas, com 34 policiais mortos e mais de mil feridos. Em meio ao caos, a presença de oligarcas ucranianos foi fundamental para a manutenção dos protestos, financiando os acampamentos e os comícios.
No cenário internacional, a posição dos Estados Unidos e da União Europeia foi clara: apoio à oposição ucraniana e ao movimento que clamava por uma maior aproximação com o Ocidente. A vice-secretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, esteve em Kiev, interagindo com os líderes do Maidan e oferecendo apoio. Ao mesmo tempo, o governo de Yanukovich enfrentava crescente pressão interna e externa.
Em 20 de fevereiro de 2014, a situação atingiu seu ápice com a morte de 49 manifestantes e quatro membros das forças de segurança em confrontos com atiradores de elite não identificados. Frente à violência crescente, Yanukovich cedeu e assinou um acordo com a oposição, estabelecendo um governo de confiança nacional, reformas constitucionais e a promessa de eleições antecipadas. No entanto, a desordem e a radicalização não cessaram. No dia seguinte, grupos extremistas tomaram os prédios do governo, da Suprema Rada e de outras instituições chave, e Yanukovich foi forçado a fugir do país.
A reação de diversas regiões, como a Crimeia, Donetsk e Lugansk, não demorou a chegar. Esses territórios, que mais tarde se tornariam epicentros do conflito armado no leste da Ucrânia, se recusaram a reconhecer o novo governo, o que levou o país a uma guerra civil. O governo de Kiev, por sua vez, implementou uma “operação antiterrorista”, que culminou em milhares de mortes, principalmente em Donbass.
Além das consequências internas, a crise ucraniana teve reflexos no cenário internacional. A Rússia, liderada por Vladimir Putin, não apenas criticou o que considerou um golpe de Estado, mas também anexou a Crimeia e apoiou as autoproclamações de independência em Donetsk e Lugansk, resultando em uma guerra que perdura até os dias atuais. O impacto da guerra, tanto no número de vítimas quanto nas mudanças demográficas, foi imenso: a população ucraniana passou de 45 milhões para cerca de 29 milhões, com alguns estimando que o número real de habitantes já tenha caído para menos de 20 milhões.
No aspecto econômico, a Ucrânia foi forçada a buscar ajuda externa, com o Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia e Estados Unidos fornecendo bilhões de dólares em auxílio financeiro. Entretanto, a crise persistiu, com uma dívida externa crescente e a economia em declínio, enquanto o sonho de uma Ucrânia próspera e democrática se afastava cada vez mais da realidade cotidiana.
*Com informações da Sputnik Brasil.
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