G20 no Rio de Janeiro reafirma compromisso com justiça social, sustentabilidade e reforma na governança global

Líderes do G20 durante a cúpula realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024. O encontro resultou em consensos sobre fome, taxação de superricos, e reformas na governança mundial.
Líderes do G20 durante a cúpula realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024. O encontro resultou em consensos sobre fome, taxação de superricos, e reformas na governança mundial.

A Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (18/11/2024), reuniu os líderes das principais economias do mundo para discutir temas centrais que impactam o futuro global. A declaração final, composta por 85 pontos, refletiu as prioridades da presidência do Brasil no grupo, com ênfase na erradicação da fome, na transição energética, nas reformas da governança global e na defesa dos direitos humanos. O encontro destacou a urgência de ações globais para reduzir as desigualdades e avançar nas questões climáticas e econômicas de maneira justa e sustentável.

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza

Uma das iniciativas mais marcantes da cúpula foi o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A aliança, que conta com a adesão de 82 países, tem como objetivo erradicar a fome no mundo até 2030. Durante o lançamento, Lula afirmou que a fome é um problema resultante de decisões políticas que perpetuam a exclusão social e que o G20, que responde por uma parte significativa da economia global, tem a responsabilidade de liderar essa luta.

O lançamento da aliança representa um passo importante para o Brasil em sua presidência do G20, refletindo o compromisso com a agenda de justiça social e inclusão. O Brasil se comprometeu a mobilizar recursos internacionais e promover a cooperação global para garantir segurança alimentar e promover o desenvolvimento sustentável em todo o mundo.

Reformas na Governança Global e Multilateralismo

Outro ponto de destaque foi a ênfase na reforma da governança global, uma das prioridades da presidência brasileira no G20. A declaração do grupo destacou a necessidade de transformar as instituições internacionais para torná-las mais representativas e eficazes. Em particular, o G20 se comprometeu a buscar uma reforma transformadora do Conselho de Segurança da ONU, com o objetivo de torná-lo mais inclusivo e alinhado às realidades do século XXI.

A reforma proposta inclui a ampliação da representação das regiões sub-representadas, como África, Ásia-Pacífico e América Latina, para garantir que todos os grupos possam participar de maneira mais equitativa nas decisões globais. Essa mudança visa melhorar a eficiência e transparência dos processos da ONU, especialmente nas questões relacionadas à paz e segurança internacional.

Transição Energética e Sustentabilidade Ambiental

A Cúpula do G20 reafirmou a urgência das mudanças climáticas e o compromisso com a transição energética. O documento final destacou a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e de promover energias renováveis. A declaração reafirma o Acordo de Paris e estabelece metas ambiciosas para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Para tanto, os países do G20 se comprometeram a aumentar os investimentos em energia renovável e eficiência energética, com a meta de triplicar a capacidade de energia renovável e duplicar a média anual de eficiência energética até 2030.

Além disso, o G20 reafirmou a necessidade de aumentar o financiamento internacional para a adaptação climática, com foco nos países em desenvolvimento, que são os mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

Taxação de Super-Ricos e Financiamento Global

O tema da taxação progressiva também foi abordado na cúpula, com o objetivo de garantir que os indivíduos de grande patrimônio contribuam de maneira mais equitativa para o financiamento das ações necessárias para o desenvolvimento sustentável. O documento final compromete-se a adotar políticas fiscais que promovam a taxação justa dos super-ricos, com total respeito à soberania tributária de cada país, mas buscando a cooperação internacional para garantir a tributação de grandes fortunas.

Esta medida visa gerar recursos que serão destinados a áreas prioritárias como a transição energética, o combate à fome e o desenvolvimento sustentável.

Direitos Humanos e Soluções para Conflitos Globais

A Cúpula também abordou a questão da proteção de direitos humanos, com destaque para os conflitos em curso, como a situação na Faixa de Gaza e no Líbano. A declaração do G20 condenou a violência contra civis e reafirmou o direito do povo palestino à autodeterminação, com o compromisso de trabalhar para uma solução de dois Estados.

A cúpula também destacou a necessidade de ampliar a assistência humanitária nas regiões afetadas por conflitos, garantindo a proteção dos civis e o cumprimento das resoluções da ONU.

Inteligência Artificial e o Futuro do Trabalho

A inteligência artificial (IA) foi outro tema abordado no encontro, com o G20 reconhecendo tanto as oportunidades econômicas quanto os riscos éticos que a IA representa. A cúpula anunciou a criação de um grupo de trabalho para desenvolver princípios sobre o uso ético e seguro da IA no mundo do trabalho, com o objetivo de reduzir as desigualdades digitais e garantir que os benefícios da IA sejam distribuídos de maneira justa.

Além disso, os líderes do G20 comprometeram-se a garantir que a inteligência artificial seja utilizada para promover a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, respeitando os direitos dos cidadãos e preservando o bem-estar social.

Principais Dados da Declaração Final do G20

Fome e Pobreza

  • Lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com 82 países aderentes.
  • Meta de erradicar a fome até 2030.
  • O G20 responde por 85% do PIB mundial e 75% do comércio global.

Governança Global

  • Reforma do Conselho de Segurança da ONU para torná-lo mais representativo e eficiente.
  • Ampliação da representação de África, Ásia-Pacífico e América Latina nas instituições internacionais.

Mudanças Climáticas e Sustentabilidade

  • Neutralidade de carbono até 2050.
  • Meta de triplicar a capacidade de energia renovável e duplicar a eficiência energética até 2030.
  • Compromisso com o Acordo de Paris e financiamento para a adaptação climática nos países em desenvolvimento.

Taxação e Financiamento Global

  • Taxação progressiva de super-ricos para financiar ações sustentáveis.
  • Criação de mecanismos para garantir que indivíduos de grande patrimônio sejam efetivamente tributados.

Direitos Humanos e Paz

  • Defesa da solução de dois Estados para Israel e Palestina.
  • Condenação da violência contra civis e compromisso com a assistência humanitária.

Inteligência Artificial

  • Criação de um grupo de trabalho sobre princípios éticos para o uso da inteligência artificial no mercado de trabalho.

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.