Senado francês rejeita acordo entre União Europeia e Mercosul por ampla maioria

Senado da França reforça oposição ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, citando preocupações com a concorrência desleal e o impacto sobre agricultores franceses.
Senado da França reforça oposição ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, citando preocupações com a concorrência desleal e o impacto sobre agricultores franceses.

O Senado da França confirmou, nesta quarta-feira (27/11/2024), a rejeição ao acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, destacando o impacto negativo que o tratado teria sobre os agricultores franceses e a economia rural do país. Por 338 votos favoráveis à rejeição, de um total de 348, os senadores validaram a posição do governo de que o acordo, na forma atual, é inaceitável.

A decisão do Senado segue o posicionamento adotado pela Assembleia Nacional no dia anterior. Na ocasião, os deputados também rejeitaram o tratado, com ampla maioria, excetuando-se o partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), que defendeu o abandono total das negociações.

O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, avaliou o resultado como um sinal importante para outros países da União Europeia. Segundo Barrot, a posição francesa demonstra a necessidade de ajustes significativos no acordo para atender às preocupações de saúde, ambientais e de proteção aos agricultores. A ministra da Agricultura, Annie Genevard, reforçou que a França não é contra o comércio agrícola, mas exige garantias mais sólidas para evitar “concorrência insuportável”.

Senadores de diferentes correntes políticas uniram-se contra o tratado, alegando que ele promove desigualdades nas relações comerciais entre as partes. O líder dos Republicanos, Mathieu Darnaud, classificou o acordo como um incentivo à concorrência desleal, enquanto o socialista Didier Marie enfatizou que não se pode estabelecer uma parceria entre “comida lixo e carros bonitos”, aludindo aos produtos agrícolas sul-americanos e à indústria automotiva europeia.

Além das críticas ao teor econômico, parlamentares questionaram a falta de reciprocidade em questões ambientais e de saúde pública. François Patriat, do grupo governista no Senado, sugeriu a continuidade das negociações, enquanto o ecologista Yannick Jadot apelidou o tratado de “acordo dos dinossauros”, por estar em discussão há mais de 25 anos.

O resultado representa uma rara convergência entre diferentes setores políticos franceses, refletindo a preocupação com a preservação da competitividade dos agricultores e com os compromissos ambientais assumidos pela França e pela União Europeia.

*Com informações da Rádio França Internacional (RFI).


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