Empresário preso pela PF ocupa cargo na cúpula do União Brasil e é suspeito de liderar esquema de corrupção, revela UOL sobre Operação Overclean

Empresário Marcos Moura (quarto da esquerda para direita) durante evento do União Brasil ao lado de lideranças do partido, como o presidente Antônio Rueda e os deputados Elmar Nascimento e Fernando Coelho Filho.
Empresário preso pela PF, Marcos Moura (quarto da esquerda para direita), participa de evento do União Brasil. Na imagem, da direita para a esquerda: o presidente do partido, Antônio Rueda; Marcos Moura; o prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel; o deputado federal Elmar Nascimento; e o deputado federal Fernando Coelho Filho.

Reportagem de Aguirre Talento e Natália Portinari — publicada na quinta-feira (12/12/2024) no UOL — revela que o empresário Marcos Moura, preso no dia 10 de dezembro de 2024 (terça-feira) pela Polícia Federal (PF) durante Operação Overclean, integra a diretoria nacional e a executiva do União Brasil, órgãos de comando do partido. Moura é investigado sob suspeita de liderar um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos, tendo sido identificado pela PF como uma figura de destaque em licitações fraudulentas e operações financeiras ilícitas.

A prisão do empresário ocorreu após a interceptação de um voo em 3 de dezembro, quando uma aeronave particular transportava R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo de Salvador a Brasília. Moura teria organizado o voo e é apontado como líder de uma organização criminosa envolvida em fraudes contra a administração pública. Ainda não se sabe o destinatário final do montante.

Com presença ativa no União Brasil desde fevereiro de 2023, Marcos Moura ascendeu à direção do partido em junho, passando a influenciar estratégias políticas e decisões financeiras. O partido detém a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, com 59 parlamentares. A base empresarial do empresário está concentrada na Bahia, onde é conhecido como “rei do lixo” devido à sua atuação em contratos de limpeza urbana.

Contratos milionários e influência política

Um dos principais contratos de Moura, por meio do consórcio Ecosal, foi firmado em 2018 com a Prefeitura de Salvador, à época administrada por ACM Neto (União Brasil). O contrato, avaliado em R$ 427 milhões, tinha como objetivo a gestão da limpeza urbana da capital baiana. Segundo especialistas, esse acordo foi um dos maiores da área no estado e representou um marco na administração pública pela sua magnitude financeira e impacto direto nos serviços essenciais oferecidos à população. Além disso, o contrato reforçou a influência de Moura no setor, permitindo sua expansão para outros municípios baianos, como Simões Filho, Entre Rios, Madre de Deus, Candeias, Campo Formoso e Jacobina.

A investigação da PF também relaciona o empresário aos irmãos Alex e Fábio Parente, do setor de construção civil, e a Lucas Lobão, ex-chefe do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia. Em conversas interceptadas, Moura e Alex discutiram valores financeiros e formas de evitar vinculações diretas, sugerindo entrega de propinas.

Relações com a cúpula do União Brasil

Marcos Moura mantinha proximidade com lideranças políticas do União Brasil, incluindo o presidente do partido, Antônio Rueda. Segundo as investigações da PF, essa relação facilitava o acesso a contratos públicos em prefeituras administradas por membros do partido. Moura usava sua influência política para garantir licitações direcionadas, consolidando esquemas de desvio de recursos e favorecimento a empresas associadas à organização criminosa.

Ele também tinha ligações com o deputado federal Elmar Nascimento, líder da legenda na Câmara. Moura participou, em outubro, da celebração pela vitória de Sandro Mabel à Prefeitura de Goiânia, aparecendo em fotos ao lado de figuras como o deputado Fernando Coelho Filho e o ex-prefeito ACM Neto, atual vice-presidente do partido.

Outra ligação é a posse de uma pequena aeronave em sociedade com Renata Magalhães Correia, irmã de ACM Neto, e João Gualberto, ex-prefeito de Mata de São João (BA). Em Campo Formoso, cidade governada por Elmo Nascimento (União Brasil), irmão de Elmar Nascimento, Moura é acusado de manipular licitações em conjunto com Francisco Nascimento, vereador eleito e primo de Elmar.

Durante a operação que resultou na prisão de Moura, Francisco Nascimento foi detido após tentar se desfazer de uma bolsa contendo dinheiro vivo. A defesa do vereador afirmou que aguarda acesso aos autos para se manifestar.

Os dados da Operação Overclean

Prisão e acusações:

  • Data da prisão: 10 de dezembro de 2024.
  • Motivo: Fraude em licitações, desvio de recursos públicos e transporte de dinheiro em espécie.
  • Valor apreendido: R$ 1,5 milhão em voo particular interceptado.

Contratos milionários:

  • Contrato principal: R$ 427 milhões com a Prefeitura de Salvador (2018).
  • Municípios envolvidos: Salvador, Simões Filho, Entre Rios, Madre de Deus, Candeias, Campo Formoso, Jacobina, entre outros.

Relações políticas:

  • Partido: União Brasil.
  • Principais nomes envolvidos: Antônio Rueda, ACM Neto, Elmar Nascimento, Fernando Coelho Filho.
  • Conexões adicionais: Sociedades com Renata Magalhães Correia e João Gualberto.

Investigação da PF:

  • Organização criminosa: Fraude em licitações e propinas.
  • Parcerias identificadas: Irmãos Alex e Fábio Parente, Lucas Lobão.

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