Reportagem de Aguirre Talento e Natália Portinari — publicada na quinta-feira (12/12/2024) no UOL — revela que o empresário Marcos Moura, preso no dia 10 de dezembro de 2024 (terça-feira) pela Polícia Federal (PF) durante Operação Overclean, integra a diretoria nacional e a executiva do União Brasil, órgãos de comando do partido. Moura é investigado sob suspeita de liderar um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos, tendo sido identificado pela PF como uma figura de destaque em licitações fraudulentas e operações financeiras ilícitas.
A prisão do empresário ocorreu após a interceptação de um voo em 3 de dezembro, quando uma aeronave particular transportava R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo de Salvador a Brasília. Moura teria organizado o voo e é apontado como líder de uma organização criminosa envolvida em fraudes contra a administração pública. Ainda não se sabe o destinatário final do montante.
Com presença ativa no União Brasil desde fevereiro de 2023, Marcos Moura ascendeu à direção do partido em junho, passando a influenciar estratégias políticas e decisões financeiras. O partido detém a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados, com 59 parlamentares. A base empresarial do empresário está concentrada na Bahia, onde é conhecido como “rei do lixo” devido à sua atuação em contratos de limpeza urbana.
Contratos milionários e influência política
Um dos principais contratos de Moura, por meio do consórcio Ecosal, foi firmado em 2018 com a Prefeitura de Salvador, à época administrada por ACM Neto (União Brasil). O contrato, avaliado em R$ 427 milhões, tinha como objetivo a gestão da limpeza urbana da capital baiana. Segundo especialistas, esse acordo foi um dos maiores da área no estado e representou um marco na administração pública pela sua magnitude financeira e impacto direto nos serviços essenciais oferecidos à população. Além disso, o contrato reforçou a influência de Moura no setor, permitindo sua expansão para outros municípios baianos, como Simões Filho, Entre Rios, Madre de Deus, Candeias, Campo Formoso e Jacobina.
A investigação da PF também relaciona o empresário aos irmãos Alex e Fábio Parente, do setor de construção civil, e a Lucas Lobão, ex-chefe do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na Bahia. Em conversas interceptadas, Moura e Alex discutiram valores financeiros e formas de evitar vinculações diretas, sugerindo entrega de propinas.
Relações com a cúpula do União Brasil
Marcos Moura mantinha proximidade com lideranças políticas do União Brasil, incluindo o presidente do partido, Antônio Rueda. Segundo as investigações da PF, essa relação facilitava o acesso a contratos públicos em prefeituras administradas por membros do partido. Moura usava sua influência política para garantir licitações direcionadas, consolidando esquemas de desvio de recursos e favorecimento a empresas associadas à organização criminosa.
Ele também tinha ligações com o deputado federal Elmar Nascimento, líder da legenda na Câmara. Moura participou, em outubro, da celebração pela vitória de Sandro Mabel à Prefeitura de Goiânia, aparecendo em fotos ao lado de figuras como o deputado Fernando Coelho Filho e o ex-prefeito ACM Neto, atual vice-presidente do partido.
Outra ligação é a posse de uma pequena aeronave em sociedade com Renata Magalhães Correia, irmã de ACM Neto, e João Gualberto, ex-prefeito de Mata de São João (BA). Em Campo Formoso, cidade governada por Elmo Nascimento (União Brasil), irmão de Elmar Nascimento, Moura é acusado de manipular licitações em conjunto com Francisco Nascimento, vereador eleito e primo de Elmar.
Durante a operação que resultou na prisão de Moura, Francisco Nascimento foi detido após tentar se desfazer de uma bolsa contendo dinheiro vivo. A defesa do vereador afirmou que aguarda acesso aos autos para se manifestar.
Os dados da Operação Overclean
Prisão e acusações:
- Data da prisão: 10 de dezembro de 2024.
- Motivo: Fraude em licitações, desvio de recursos públicos e transporte de dinheiro em espécie.
- Valor apreendido: R$ 1,5 milhão em voo particular interceptado.
Contratos milionários:
- Contrato principal: R$ 427 milhões com a Prefeitura de Salvador (2018).
- Municípios envolvidos: Salvador, Simões Filho, Entre Rios, Madre de Deus, Candeias, Campo Formoso, Jacobina, entre outros.
Relações políticas:
- Partido: União Brasil.
- Principais nomes envolvidos: Antônio Rueda, ACM Neto, Elmar Nascimento, Fernando Coelho Filho.
- Conexões adicionais: Sociedades com Renata Magalhães Correia e João Gualberto.
Investigação da PF:
- Organização criminosa: Fraude em licitações e propinas.
- Parcerias identificadas: Irmãos Alex e Fábio Parente, Lucas Lobão.
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