Especialista alerta sobre os riscos da publicidade alimentada por inteligência artificial

Lauren Labrecque, professora da Universidade de Rhode Island, adverte sobre os impactos da inteligência artificial no marketing, destacando a falta de debate sobre os riscos éticos envolvidos.
Lauren Labrecque, professora da Universidade de Rhode Island, adverte sobre os impactos da inteligência artificial no marketing, destacando a falta de debate sobre os riscos éticos envolvidos.

No cenário atual da publicidade, a inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel central na criação de estratégias de marketing cada vez mais personalizadas e interativas. No entanto, um estudo recente alerta para os riscos e questões éticas envolvidas no uso desta tecnologia. Lauren Labrecque, professora da Universidade de Rhode Island, destaca que, apesar do entusiasmo generalizado entre os profissionais de marketing, há uma escassez de discussão sobre os impactos negativos da IA na publicidade, especialmente no que tange à privacidade dos consumidores e à perpetuação de estereótipos.

Labrecque, que estuda a aplicação da tecnologia no marketing, revisou 290 artigos de periódicos especializados e constatou que apenas 10% deles abordam os potenciais danos decorrentes do uso da IA nesse campo. A maioria dos estudos destaca os benefícios da IA, como a redução de custos, a maior eficiência e a melhoria da segmentação de anúncios. No entanto, Labrecque questiona os efeitos dessas práticas sobre os consumidores e a sociedade como um todo.

De acordo com a especialista, enquanto a IA tem o poder de otimizar a criação de anúncios, e-mails e postagens em mídias sociais, sua utilização em massa pode ter consequências imprevistas. Ela aponta que os consumidores, muitas vezes, não percebem o quanto estão sendo influenciados por algoritmos baseados em IA, que recomendam produtos ou conteúdos específicos, seja em plataformas de streaming como a Netflix ou em sites de comércio eletrônico como Amazon e Walmart.

Labrecque destaca que o uso de IA nas campanhas publicitárias está se expandindo rapidamente, com empresas como a Coca-Cola já adotando a tecnologia para criar anúncios de Natal. Contudo, a falta de transparência em relação ao uso da IA e as preocupações com a manipulação das preferências dos consumidores geram desconfiança. Além disso, a IA pode agravar problemas existentes, como a disseminação de desinformação e a violação dos direitos dos indivíduos, especialmente dos artistas, que podem ter sua imagem e trabalho utilizados sem o devido consentimento.

Um dos riscos mais notáveis mencionados pela especialista é a possibilidade de a IA perpetuar estereótipos prejudiciais. Ela cita, por exemplo, a utilização de modelos gerados por IA em vez de modelos reais, o que pode ter ramificações significativas tanto para os profissionais da indústria quanto para os consumidores que se veem representados ou manipulados por essas imagens.

Labrecque recomenda que os consumidores adotem um “ceticismo saudável” em relação ao conteúdo publicitário alimentado por IA, uma vez que as consequências para a saúde mental e o bem-estar podem ser duradouras. Além disso, ela defende que as empresas adotem precauções rigorosas para garantir que suas práticas não resultem em danos aos consumidores. A especialista compara o estágio atual do marketing com IA a uma espécie de “Velho Oeste”, no qual ainda não há um controle adequado sobre a nova tecnologia e seus impactos sociais e éticos.

Perfil da pesquisadora

Lauren Labrecque é professora de marketing e diretora de programas de doutorado e pesquisa na University of Rhode Island. Com um Ph.D. em Marketing pela University of Massachusetts Amherst, sua pesquisa foca em marketing sensorial, especialmente em relação à cor, e marketing digital, abrangendo temas como empoderamento digital, privacidade do consumidor e interações parassociais. Seus artigos foram publicados em revistas acadêmicas renomadas como Journal of Marketing e Psychology & Marketing. Antes de se juntar à URI, Labrecque foi Professora Associada de Marketing na Loyola University Chicago. Além de seu trabalho acadêmico, ela atua no conselho editorial de várias publicações, incluindo Journal of Interactive Marketing e Psychology & Marketing.

*Com informações do The Sun.


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