Reportagem de Joana Cunha, Cristina Camargo e Nicola Pamplona — publicada eneste sábado (07/12/2024) no Jornal Folha de S.Paulo — revela que o Itaú Unibanco comunicou, em ata de assembleia geral divulgada neste sábado (07/12/2024), que Alexsandro Broedel, ex-diretor financeiro do banco, teria atuado em conflito de interesses e violado normas internas e legais. O banco o acusa de utilizar sua posição para beneficiar-se em contratações de pareceres técnicos, envolvendo pagamentos de R$ 10,4 milhões nos últimos quatro anos a fornecedores de serviços de consultoria.
Segundo o Itaú, Broedel possuía participação oculta em uma das empresas contratadas, a Broedel Consultores Associados, em sociedade com Eliseu Martins, destacado contador e ex-diretor da FEA/USP e da CVM. O banco aponta que parte dos valores pagos pela instituição ao fornecedor teria sido transferida a Broedel, representando cerca de 40% do montante.
As investigações internas, iniciadas em agosto e concluídas em novembro, foram motivadas por indícios de que o ex-diretor teria prestado serviços externos ao mercado enquanto ainda ocupava o cargo no Itaú, o que violaria o código de ética da instituição. Como consequência, o banco destituiu Broedel definitivamente de suas funções em setembro e notificou o Banco Central (BC) e seus auditores independentes sobre as conclusões.
Além de Broedel, a investigação cita outros envolvidos, como Eliseu Martins, seus filhos e três empresas: Care Consultores, Evam Consultores e Broedel Consultores. O Itaú afirma que de 40 pareceres contratados da Care, 36 foram declarados recebidos por Broedel, mas apenas 20 foram localizados, resultando em um prejuízo superior a R$ 5 milhões. O banco busca reparação judicial pelos danos causados, incluindo valores pagos por pareceres não entregues.
Alexsandro Broedel nega as acusações, alegando em nota que sempre atuou com ética e transparência ao longo de sua carreira no Itaú. Ele também afirma que as contratações da Care Consultores eram de conhecimento do banco, reforçando que o Itaú apenas questionou sua conduta após sua saída, em julho, para assumir um cargo em uma instituição concorrente na Espanha.
Eliseu Martins, por sua vez, também rejeita as acusações, argumentando que sua atuação profissional segue princípios éticos e que seus serviços ao Itaú foram prestados ao longo de quase cinco décadas, com testemunhos de diversos gestores. Ele alega que as transações financeiras com Broedel eram de natureza pessoal e que pagamentos antecipados por pareceres sempre foram prática do banco.
O caso deve ser analisado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que poderá abrir processo administrativo para investigar possíveis irregularidades. A CVM é responsável por apurar fraudes no mercado de capitais, mas até o momento não se pronunciou sobre o caso.
Além das acusações contra Broedel, o Itaú anunciou recentemente a demissão de Eduardo Tracanella, diretor de Marketing, por uso indevido do cartão corporativo. O banco afirma que as duas situações não têm conexão entre si.
A repercussão do caso levanta questionamentos sobre a governança corporativa e o compliance nas grandes instituições financeiras, colocando o Itaú sob os holofotes enquanto as investigações seguem em curso.
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