Dom Zanoni comenta desafio de governar Feira de Santana com base na justiça, igualdade e inclusão social com liderança fundamentada no serviço, escuta e promoção da paz e da justiça

Na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus — celebrada em 1º de janeiro de 2025, na Catedral Metropolitana de Sant’Ana (Igreja Matriz de Feira de Santana) — Dom Zanoni Demettino Castro, Arcebispo de Feira de Santana, proferiu uma homilia que refletiu sobre os desafios históricos e sociais enfrentados pela cidade, abordando especialmente a luta contra o racismo, a discriminação e a necessidade de reparação histórica para a população afrodescendente, que constitui a maioria do município. O evento também marcou a posse de José Ronaldo (União Brasil) como prefeito e Pablo Roberto (PSDB) como vice-prefeito, que assumem seus mandatos diante de um contexto de grande responsabilidade social.

Dom Zanin iniciou sua homilia destacando a figura de Maria, Mãe de Deus, a quem a Igreja celebra como símbolo de acolhida, cuidado e proteção. Ele ressaltou que, assim como Maria acolheu o Salvador em sua vida, a cidade de Feira de Santana deve acolher seus filhos e filhas com o mesmo zelo, especialmente aqueles que, ao longo da história, foram marginalizados e excluídos.

“Maria nos ensina a acolher a vida em sua totalidade e a defender a dignidade de cada pessoa, sem discriminação”, afirmou o arcebispo.

Em sua reflexão, Dom Zanoni também fez referência à realidade demográfica de Feira de Santana, que possui uma população majoritariamente afrodescendente. Ele lembrou que a história dos afrodescendentes no Brasil foi marcada por séculos de exclusão e subordinação social, e que, embora tenha se passado mais de 300 anos desde a abolição da escravatura, as feridas desse passado ainda não foram completamente cicatrizadas.

O arcebispo citou a V Conferência de Aparecida, que afirma:

“A história dos afrodescendentes é marcada por uma exclusão sistemática, que ainda persiste e precisa ser enfrentada”.

Para Dom Zanoni, a superação dessas desigualdades estruturais deve ser uma prioridade na gestão pública de Feira de Santana.

“Feira de Santana é uma cidade rica em diversidade cultural, mas também marcada por desigualdades sociais profundas. Como lembra o Papa Francisco, precisamos construir uma ‘casa comum’ onde todos possam viver dignamente, sem medo de discriminação ou marginalização. A paz que Deus deseja para nós não é a simples ausência de conflitos, mas uma realidade em que a justiça e a igualdade florescem para todos”, afirmou o arcebispo.

Dom Zanoni também destacou a importância da valorização das raízes culturais afro-brasileiras, lembrando que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, é representada como uma mulher negra. Esta imagem, disse ele, é um símbolo de acolhimento e proteção, que deve ser referência para a administração municipal na promoção da igualdade racial.

“Sob o manto de Nossa Senhora Aparecida, buscamos força para enfrentar os desafios da exclusão e discriminação que ainda afligem nossa sociedade”, disse Dom Zanoni.

O arcebispo citou a passagem do livro de Números (6,24-26), que diz:

“O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te dê a paz!”

A paz mencionada na Escritura, segundo Dom Zanoni, é uma paz fundada na justiça social e na igualdade de oportunidades. Ele exortou José Ronaldo e Pablo Roberto, ao assumirem seus cargos, a serem instrumentos dessa paz.

“Senhores José Ronaldo e Pablo Roberto, ao iniciarem este mandato, vocês são chamados a ser promotores da paz verdadeira, que vem da justiça e da inclusão. A cidade de Feira de Santana precisa de políticas públicas que combatam o racismo, que garantam acesso digno ao trabalho e à educação, e que promovam a valorização da cultura afrodescendente”, afirmou o arcebispo.

Dom Zanoni também ressaltou o desafio que o novo governo enfrenta.

“Governar Feira de Santana não é apenas administrar recursos e serviços, mas inspirar a construção de uma cidade mais justa e solidária. Um líder deve ser aquele que serve, escuta e promove a paz. Sob o olhar de Maria, o verdadeiro líder é aquele que age com empatia e compromisso com a justiça”, afirmou o arcebispo.

Em sua conclusão, Dom Zanoni invocou a intercessão de Nossa Senhora Aparecida para que o novo governo de Feira de Santana seja guiado pela sabedoria e pela justiça.

“Que sob a liderança de José Ronaldo e Pablo Roberto, a cidade de Feira de Santana se torne um lugar onde todos possam experimentar a paz verdadeira, fundamentada na justiça e na igualdade. Maria, Mãe de Deus e Rainha da Paz, interceda por nós e por esta cidade”, concluiu.

Temas Abordados por Dom Zanoni Demettino Castro

• Símbolo de Maria: Maria como Mãe de Deus, acolhedora, protetora e defensora da dignidade humana.

• Contexto de Feira de Santana:
  • Maioria da população afrodescendente.
  • Desafios históricos, como a herança da escravidão e as desigualdades raciais.
  • A necessidade de reparação histórica e superação do racismo e discriminação.
• Referências Bíblicas:
  • Números 6,24-26 (“O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te dê a paz!”).
• Exortações ao Governo Municipal:
  • Promover a paz verdadeira, fundada na justiça e na inclusão.
  • Políticas públicas que combatam a discriminação, promovam o acesso ao trabalho e à educação e valorizem a cultura afrodescendente.
  • Construção de uma “casa comum” de justiça e inclusão social.

Citações Relevantes

• Papa Francisco: Construção de uma sociedade como uma “casa comum” para todos, especialmente os marginalizados.
• V Conferência de Aparecida: Mencionada como referência para a luta contra a exclusão dos afrodescendentes e a necessidade de reparação histórica.

Chamado à Ação

• José Ronaldo e Pablo Roberto:
  • Desafio de governar com base na justiça, igualdade e inclusão social.
  • Liderança fundamentada no serviço, escuta e promoção da paz e da justiça.

Invocação

• Invocação de Nossa Senhora Aparecida: Pedindo força e intercessão para o governo de Feira de Santana, para que a cidade seja um lugar de verdadeira paz, justiça e igualdade.