Em apenas cinco dias do segundo mandato, o presidente Donald Trump deu início a uma agenda polêmica de reformas do Governo dos EUA marcada por decisões rápidas e amplas que já provocam intensos debates sobre os limites do poder executivo e o impacto de suas medidas.
Trump iniciou sua administração com a promulgação de 26 ordens executivas que abrangem áreas como regulações ambientais, regras de cidadania e controle fronteiriço. Entre as medidas, destaca-se o envio de militares à fronteira sul, o perdão de cerca de 1.500 apoiadores envolvidos no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e a demissão de centenas de servidores públicos em diversas agências. Especialistas destacam que as ações representam um esforço coordenado para centralizar poder no Executivo, enquanto grupos de defesa apontam riscos de violações legais.
Essas ações foram acompanhadas pela remoção de autorizações de segurança de ex-oficiais de inteligência que atribuíram relatos sobre Hunter Biden a uma operação de influência russa. Além disso, Trump eliminou retratos de críticos de destaque, como o general Mark Milley, do Pentágono, e promoveu mudanças no Conselho de Segurança Nacional, substituindo profissionais de carreira por aliados políticos. Essas medidas indicam uma tentativa de reconfigurar estruturas governamentais em favor de maior controle presidencial.
Influência do Projeto 2025
Grande parte da estratégia do governo Trump reflete o impacto do “Projeto 2025”, um consórcio de organizações conservadoras que elaborou planos políticos detalhados em preparação ao retorno de Trump à Casa Branca. O projeto defende medidas como a criação do “Anexo F”, que facilita a demissão de servidores públicos, e a transferência de funções da FEMA para os estados. Embora Trump tenha se distanciado publicamente da iniciativa, sua influência é evidente nas políticas implementadas.
Aliados de Trump, como Steve Bannon, afirmam que as ações refletem anos de preparação por parte de apoiadores comprometidos com uma reformulação drástica da burocracia federal. Segundo Bannon, o retorno de Trump à Casa Branca foi planejado com meticulosidade para garantir uma transição rápida e efetiva, evitando os problemas que marcaram o primeiro mandato.
Críticas e desafios legais
Oposicionistas acusam Trump de distorcer a Constituição ao expandir os poderes do executivo. Algumas ordens, como a tentativa de acabar com a cidadania por nascimento, já enfrentam desafios judiciais. Especialistas também alertam que litígios prolongados podem dificultar a implementação das políticas. Organizações de defesa de direitos civis também criticam as medidas, apontando riscos de retrocessos democráticos e de polarização no país.
Ademais, a maioria republicana no Congresso pode ser ameaçada nas eleições de meio de mandato, o que complicaria ainda mais a agenda legislativa de Trump. A perda dessa maioria dificultaria a aprovação de reformas estruturais e comprometeria o alcance das promessas de campanha.
Comparativos com o primeiro mandato
Analistas apontam que a abordagem inicial do segundo mandato contrasta fortemente com o primeiro, quando disputas internas e falta de preparação minaram várias iniciativas. Desta vez, o governo demonstra uma execução mais coesa e estruturada, refletindo a experiência acumulada e o planejamento feito durante os quatro anos fora do cargo.
“O nível de coordenação e a velocidade são notáveis”, afirmou Timothy Naftali, historiador presidencial.
Contudo, o ritmo acelerado também gera preocupações sobre a falta de debate e a concentração de poder. Grupos independentes pedem maior transparência e monitoramento das decisões para evitar potenciais abusos.
¨Com informações da Agência Reuters.
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