O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram uma conversa telefônica de uma hora e meia nesta quarta-feira (13/02/2025) –13/02/2025 (quarta-feira) -para discutir um possível acordo de paz para a guerra na Ucrânia. O diálogo foi descrito pelo chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia (SVR), Sergei Narishkin, como “profundo e significativo”. A conversa ocorreu pouco depois de Pete Hegseth, Secretário de Defesa dos EUA, apresentar aos aliados da Otan os principais pontos da nova estratégia americana para a região.
Mudança na Política Americana e o Papel da Ucrânia
Hegseth indicou que a adesão da Ucrânia à Otan é considerada “irrealista” e sugeriu que Kiev deveria abandonar a tentativa de recuperar os territórios ocupados pela Rússia. O Secretário de Defesa negou que tais declarações representem concessões ao Kremlin, afirmando que refletem um “reconhecimento da realidade”.
Na semana passada, o portal ucraniano Strana.today divulgou informações sobre um possível “plano de 100 dias” dos EUA para a paz. Segundo esse vazamento, um cessar-fogo seria estabelecido até 20 de abril, congelando a linha de frente no leste da Ucrânia. O plano também sugeriria a retirada completa das tropas ucranianas da região russa de Kursk, e a Ucrânia seria pressionada a reconhecer a soberania russa sobre os territórios ocupados.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, rejeitou essa possibilidade, mas as recentes declarações de Hegseth aumentam a probabilidade de que os EUA exijam que a Ucrânia aceite a perda territorial.
Criação de Uma “Zona Neutra” no Leste da Ucrânia
O plano também prevê garantias de segurança para evitar a retomada do conflito. Segundo Hegseth, uma força militar internacional composta por países fora da Otan monitoraria uma zona desmilitarizada ao longo da linha de frente. Tropas dos EUA não estariam envolvidas, e a aliança militar ocidental também não desempenharia um papel central na missão de paz.
Hegseth reiterou que a Ucrânia permaneceria neutra, sem adesão formal à Otan, como parte de uma solução negociada.
Putin Demonstra Interesse em Negociações
Após a conversa com Trump, Putin indicou que está disposto a negociar um acordo de paz. Logo depois, Trump também entrou em contato com Zelenski, que afirmou que os EUA demonstraram “interesse genuíno” em buscar uma resolução pacífica, mas reforçou a necessidade de “garantias de segurança permanentes”.
Os primeiros encontros diretos entre Zelenski e Putin devem ocorrer a partir de 1º de março, segundo fontes do Strana. Trump também planeja organizar uma conferência internacional de paz para consolidar os termos do acordo. O objetivo é que um plano detalhado esteja pronto até 9 de maio, data em que a Rússia celebra o “Dia da Vitória” sobre a Alemanha nazista.
Europa e a Otan Foram Pegas de Surpresa
A iniciativa de Trump não foi previamente coordenada com os aliados europeus. Muitos esperavam discutir a proposta durante a Conferência de Segurança de Munique, que começa na sexta-feira. Tanto a União Europeia quanto Kiev temem serem marginalizados nas decisões sobre o futuro da Ucrânia.
O plano também sugeriria que a UE assuma grande parte dos custos da reconstrução da Ucrânia, estimados em 500 bilhões de dólares (R$ 3 trilhões). No entanto, ainda não está claro qual será o papel dos aliados europeus na formulação e na implementação do plano.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, alertou que a Europa não pode ser deixada de lado nas negociações. Já a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, afirmou que “não se pode tomar decisões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”.
Reação dos Especialistas
Especialistas em segurança expressaram preocupação com os rumos das negociações. Carlo Masala, analista militar, declarou que o plano representa uma vitória estratégica para Putin, pois enfraquece a posição ocidental e retira os EUA do conflito. O ex-diplomata russo Boris Bondarev, atualmente no exílio, afirmou que Trump está cedendo às exigências russas sem considerar as consequências a longo prazo.
A escolha de 9 de maio como data limite para o plano também levanta dúvidas sobre possíveis concessões simbólicas a Moscou.
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