Observatório vai monitorar violência contra jornalistas; Instituição foi criada por portaria do Ministério da Justiça, diz Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ

Jornalismo brasileiro ganha ferramenta para combater violência contra profissionais, diz Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ.
Jornalismo brasileiro ganha ferramenta para combater violência contra profissionais, diz Samira de Castro Cunha, presidenta da FENAJ.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública instituiu o Observatório da Violência Contra Jornalistas, um mecanismo que pretende monitorar e documentar casos de agressões a profissionais da comunicação, além de promover o diálogo entre a categoria e o Estado. A iniciativa visa subsidiar a formulação de políticas públicas, apoiar investigações e compilar dados sobre ocorrências.

A regulamentação do observatório está prevista na Portaria nº 116/2025, publicada recentemente no Diário Oficial da União. A Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, será responsável por sua gestão.

Composição e atribuições

O observatório contará com a participação de representantes de várias secretarias do Ministério da Justiça, além de 15 membros da sociedade civil que possuam atuação comprovada na defesa da liberdade de imprensa e no combate à violência contra comunicadores.

Seus principais objetivos incluem:

  • Monitoramento de casos de violência contra jornalistas.
  • Criação de um banco de dados sobre ocorrências.
  • Sugestão de políticas públicas para mitigar a violência.
  • Apoio a investigações relacionadas a esses crimes.

Participação da FENAJ

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) esteve envolvida no debate que resultou na criação do observatório. A presidenta da entidade, Samira de Castro, afirmou que essa é uma demanda histórica da categoria, intensificada nos últimos anos.

“Desde o primeiro momento, a criação desse observatório foi uma reivindicação da sociedade civil ligada ao jornalismo. A situação se agravou especialmente nos últimos anos, e levamos uma proposta inicial ao então ministro da Justiça, Flávio Dino“, explicou Samira.

Segundo a dirigente, a estruturação do observatório teve início na gestão Dino, mas precisou ser retomada com a mudança na equipe ministerial. O envolvimento da sociedade civil foi essencial para a elaboração do regimento interno e da composição do conselho do novo órgão.

Importância institucional

A iniciativa representa uma nova postura do Estado brasileiro em relação à segurança de jornalistas. Segundo Samira, a ausência de um mecanismo institucional específico para lidar com violência contra comunicadores dificultava a adoção de medidas preventivas e repressivas.

Organizações como Repórteres sem Fronteiras e a própria FENAJ já monitoram essas ocorrências, mas, sem o respaldo do Estado, seus relatórios têm impacto limitado na formulação de políticas públicas e na condução de investigações.

Diploma e profissionalização do jornalismo

Um dos desafios apontados pela FENAJ é a diferenciação entre jornalistas profissionais e criadores de conteúdo digital. Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, a atividade passou por uma “banalização”, conforme avalia a entidade.

A discussão sobre a retomada da exigência de diploma para o exercício da profissão voltou à tona. Segundo Samira de Castro, o crescimento das redes sociais e o surgimento de perfis que se autointitulam “jornalistas” agravam o problema. “Muitos opinam sem embasamento, disseminando desinformação”, alertou.

A Fenaj defende que jornalistas, mesmo no gênero opinativo, devem seguir rigorosos padrões profissionais, baseando-se em fontes confiáveis e em princípios éticos da profissão.

Revisão jurídica no STF

Diante desse cenário, a Fenaj tem buscado diálogo com ministros do STF para reconsiderar a decisão que eliminou a exigência do diploma. O crescimento das plataformas digitais e sua influência na disseminação de informação são elementos novos que justificam uma revisão do julgamento.

A presidente da Fenaj destaca que a academia e especialistas serão fundamentais nesse processo, contribuindo para a formulação de critérios que diferenciem jornalistas profissionais de criadores de conteúdo sem formação adequada.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.