Principal risco: O alerta do Banco Inter sobre a dívida pública do Brasil

Relatório do Banco Inter aponta preocupações com a evolução da dívida pública brasileira e impactos na política monetária.
Relatório do Banco Inter aponta preocupações com a evolução da dívida pública brasileira e impactos na política monetária.

Em relatório extraordinário divulgado neste mês de fevereiro de 2025, o Banco Inter revisou sua previsão para a taxa Selic e alertou sobre os riscos fiscais que podem impactar a economia brasileira em 2025 e 2026. O documento, assinado pela economista-chefe Rafaela Vitória, destaca a aceleração da dívida pública como o principal desafio econômico do país.

O relatório do Banco Inter aponta que o endividamento público deve continuar crescendo nos próximos anos. A projeção é que a dívida do governo federal, que atingiu 76% do PIB em 2024, suba para 79% em 2025. O custo médio da dívida, atualmente em 11%, também é um fator de preocupação.

O banco também destaca que a demora na aprovação do Orçamento da União, prevista apenas para março de 2025, pode dificultar a implementação de medidas de ajuste fiscal. Mesmo com as alterações feitas em dezembro para conter o crescimento das despesas, o déficit projetado é de R$ 80 bilhões (0,6% do PIB), próximo ao limite estabelecido pelo arcabouço fiscal.

Impacto de novas medidas econômicas

O documento alerta para os efeitos de gastos adicionais fora do arcabouço fiscal, como o recente programa social de R$ 6 bilhões e a proposta de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil. Se implementadas, essas medidas podem comprometer ainda mais o equilíbrio das contas públicas.

Para 2026, a discussão sobre a reforma do Imposto de Renda e a ampliação da faixa de isenção podem resultar na injeção de R$ 50 bilhões na economia. Esse fator, combinado com um possível aumento de despesas em ano eleitoral, pode contribuir para a deterioração do resultado fiscal.

Previsão para a taxa Selic e política monetária

O Banco Inter estima que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a postura restritiva ao longo do primeiro semestre de 2025. A expectativa é que a taxa Selic seja elevada em 1 ponto percentual na reunião de março e em 0,50 p.p. em maio, atingindo 14,75% ao ano. Caso a economia desacelere mais rapidamente, o Banco Central pode interromper as elevações, mantendo a Selic em 14,25% ao ano.

A previsão para a inflação também foi revisada. O banco agora projeta um IPCA de 5,2% para 2025, acima da estimativa anterior de 4,9%. Para 2026, a projeção passou de 3,9% para 4,2%, devido à persistência da inflação de serviços e à alta do câmbio.

Possível desaceleração econômica

O aperto monetário já tem reflexos na atividade econômica. O Banco Inter reduziu sua projeção de crescimento do PIB para 1,5% em 2025, ante os 3,4% estimados anteriormente. Caso a economia desacelere mais rapidamente, o impacto sobre a oferta de crédito pode ser ainda mais expressivo.

O relatório também enfatiza a redução do impulso fiscal sobre a economia. Se os cortes de gastos forem implementados conforme anunciado, a política monetária se tornará ainda mais potente, elevando os juros reais para quase 10% nos próximos 12 meses.

*Com informações da Revista Veja.


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