Turismo Comunitário Rural da Bahia é alternativa sustentável para fugir da folia no Carnaval de 2025

Com a aproximação do Carnaval, muitos turistas buscam alternativas à tradicional folia dos trios elétricos e blocos de rua. Nesse contexto, o turismo comunitário rural surge como uma opção viável e enriquecedora, oferecendo experiências culturais, gastronômicas e de contato direto com a natureza. Na Bahia, essa modalidade de turismo tem se fortalecido por meio de investimentos do Governo do Estado, especialmente através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).

O objetivo é claro: apoiar comunidades rurais na estruturação de roteiros sustentáveis que promovam o desenvolvimento socioeconômico e a valorização do modo de vida local. As ações incluem melhorias na infraestrutura turística, aquisição de equipamentos e incentivo a práticas que respeitam o meio ambiente e as tradições locais.

Experiências autênticas em três destinos de destaque

Entre os diversos roteiros oferecidos, três destinos se sobressaem pelo impacto dos investimentos e pela experiência autêntica oferecida aos visitantes: Matarandiba, em Vera Cruz; o Quilombo Bananeira, em Jacobina; e a Reserva Pataxó da Jaqueira, em Porto Seguro.

Matarandiba: turismo ecológico com moeda social

Localizada na Ilha de Itaparica, a comunidade de Matarandiba está cercada por remanescentes da Mata Atlântica, quedas d’água e manguezais preservados. A região oferece passeios de barco, trilhas ecológicas e uma rica gastronomia, baseada em frutos do mar e na agricultura local.

Um dos diferenciais do destino é a moeda social Concha, que fortalece a economia interna e estimula a interação entre turistas e moradores. A comunidade, com o apoio da CAR, recebeu equipamentos de hotelaria, mobiliário, utensílios, kits de segurança, caiaques e material para trilhas. Segundo Jumara Pereira, do projeto ViverTur, o turismo vai além de um simples passeio:

“Aqui, o visitante se integra à nossa rotina, aprende nossas histórias e contribui diretamente para a valorização da cultura local.”

Quilombo Bananeira: vivência da cultura quilombola

No Sertão da Bahia, o Quilombo Bananeira, em Jacobina, promove uma imersão nas tradições afro-brasileiras. Os visitantes podem explorar trilhas ecológicas, conhecer cachoeiras e participar do processo de produção em uma casa de farinha tradicional.

A infraestrutura turística foi fortalecida com apoio do Governo do Estado, que investiu em melhorias nas trilhas, construção de um parquinho e reformas em espaços comunitários, como a cozinha coletiva. Para Jean César, vice-presidente da Associação Afro-brasileira Quilombo Erê, o turismo na região é uma ferramenta de valorização histórica.

“Aqui, o turista aprende sobre a resistência quilombola e se encanta com a riqueza do nosso patrimônio cultural”, ressalta.

Reserva Pataxó da Jaqueira: etnoturismo indígena em Porto Seguro

Na região da Costa do Descobrimento, em Porto Seguro, a Reserva Pataxó da Jaqueira oferece uma imersão na cultura indígena. O visitante pode participar de atividades como pintura facial tradicional, trilhas em meio à mata e degustação de pratos típicos, como o peixe assado na folha de patioba.

A infraestrutura foi ampliada com a construção de kijêmes (dormitórios indígenas), um centro de artesanato e um portal receptivo. Para Juari Pataxó, liderança da reserva, o turismo é uma forma de transmitir os saberes ancestrais: “Cada espaço aqui carrega histórias que reforçam a importância da preservação cultural e ambiental.”

Expansão do turismo sustentável na Bahia

Além dos três destinos em destaque, o turismo comunitário rural vem ganhando força em outras regiões do estado, como Cairu, Canavieiras, Morro do Chapéu, Santa Cruz Cabrália e Itacaré. Esses roteiros oferecem uma alternativa para quem deseja fugir da agitação do Carnaval e conhecer um lado mais autêntico e tranquilo da Bahia, respeitando as tradições locais e promovendo o desenvolvimento das comunidades envolvidas.