O artista plástico William Araújo, conhecido como Tio Wil, terá obras expostas na COP30 – 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Belém do Pará. O evento está previsto para novembro de 2025 e reunirá representantes de diversos países para discutir soluções para as mudanças climáticas globais.
As obras de William Araújo já participaram de exposições internacionais, incluindo mostras em Barcelona, Espanha, através do colecionador de arte Jotta Cunha. No Brasil, suas peças foram exibidas em eventos no Clube MED, em Salvador, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Natural de Santo Estêvão, Bahia, William Araújo nasceu em 1959 e é graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Seu trabalho abrange escultura e pintura, com temáticas que resgatam e valorizam suas raízes indígenas.
O artista é descendente da índia Kakina, sobrevivente do massacre da Nação Paiaiás, uma tribo que foi exterminada durante o período colonial. Kakina casou-se com o português Zé Azevedo Marôto, dando origem à família Maroto de Santo Estêvão, à qual William pertence.
A história de seu povo e a luta dos primeiros habitantes da região são temáticas recorrentes em suas obras, que servem como homenagens às origens indígenas de Santo Estêvão.
Conheça a história dos Paiaiás: Resistência e Tragédia de uma Nação Indígena
Origens e Cultura da Nação Paiaiá
A Nação Paiaiá, um dos grupos indígenas que habitaram o sertão da Bahia, integrava a grande família dos Tapuias, sendo conhecida por seu profundo conhecimento da terra e sua organização social complexa. Estabelecidos na região que hoje compreende os municípios de Mirangaba, Saúde e Jacobina, os Paiaiás possuíam uma cultura baseada na caça, na coleta e em práticas agrícolas sustentáveis. Eram exímios conhecedores do ambiente, utilizando técnicas avançadas para sobrevivência em uma região de clima árido.
Os Paiaiás resistiram à colonização portuguesa por muitos anos, travando embates contra os invasores que buscavam explorar suas terras e escravizar sua população. No entanto, como aconteceu com diversas nações indígenas no Brasil, essa resistência encontrou uma resposta brutal por parte dos colonizadores, que recorreram a uma estratégia implacável de extermínio.
O Massacre e a Devastação da Nação Paiaiá
No século XVII, os Paiaiás enfrentaram um dos episódios mais violentos de sua história. Com a chegada dos bandeirantes e das tropas enviadas pela Coroa Portuguesa, a Nação Paiaiá foi alvo de ataques sistemáticos. Esses conflitos eram movidos pelo desejo dos colonizadores de expandir suas terras e impor seu domínio, resultando no assassinato em massa de indígenas, destruição de aldeias e dispersão dos sobreviventes.
O massacre se intensificou com o apoio da Igreja Católica e da administração colonial, que viam os indígenas como obstáculos ao desenvolvimento econômico da região. Muitos Paiaiás foram capturados e forçados a trabalhar como escravos em engenhos e fazendas de gado, enquanto outros fugiram para áreas remotas, buscando preservar sua cultura e identidade.
O extermínio da Nação Paiaiá representa um capítulo trágico da história do Brasil, evidenciando a violência que marcou a colonização e a resistência indígena. Hoje, a memória desse povo ainda é preservada por descendentes e pesquisadores, que lutam para resgatar sua história e garantir o reconhecimento de sua existência e contribuição para a cultura brasileira.
Embora a presença física da Nação Paiaiá tenha sido quase apagada, seu legado continua vivo na história do sertão baiano, servindo como um lembrete da brutalidade da colonização e da necessidade de valorização e respeito aos povos originários do Brasil.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




