O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou, nesta quarta-feira (19/03/2025), a taxa Selic em 1 ponto percentual, alcançando 14,25% ao ano, maior nível desde outubro de 2016. A decisão foi tomada de forma unânime e tem como pano de fundo a alta dos preços de alimentos e energia, além de incertezas sobre a economia global.
Segundo o comunicado oficial, o Copom destacou o impacto das políticas econômicas internacionais, com especial atenção à condução da política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. No cenário doméstico, o BC indicou que, apesar de uma leve moderação no ritmo de crescimento, a economia brasileira segue aquecida.
“O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, informou a nota do Copom, ressaltando os riscos da inflação de serviços e a necessidade de cautela diante da trajetória fiscal.
Próximos passos da política monetária
O Copom sinalizou que poderá realizar uma nova alta da Selic, mas em intensidade menor, na próxima reunião marcada para maio. A autoridade monetária reforçou que eventuais ajustes futuros dependerão do comportamento da inflação e da política fiscal.
A decisão já era amplamente esperada pelo mercado, após indicação feita na reunião de janeiro deste ano. Desde setembro de 2024, o Banco Central vem promovendo uma série de aumentos sucessivos na Selic, consolidando um ciclo de alta que visa conter as pressões inflacionárias.
Inflação se mantém acima da meta
Em fevereiro de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 1,48%, acumulando 4,87% em 12 meses, superando o limite superior da meta vigente. Desde este mês, o BC adota o sistema de meta contínua, com centro em 3% e intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
As projeções do próprio Banco Central indicam IPCA de 5,1% em 2025, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O mercado, por meio do boletim Focus, estima uma inflação de 5,66% ao final deste ano.
Segundo o último Relatório de Inflação, divulgado em dezembro, o BC trabalha com um horizonte de até 18 meses para buscar a convergência inflacionária à meta, o que justifica o prolongamento do ciclo de alta da Selic.
Setor produtivo critica elevação dos juros
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão, alegando que a política monetária desconsiderou fatores externos favoráveis, como a valorização cambial e a queda no preço do petróleo. Em março de 2025, o dólar recuou para R$ 5,68, e o barril de petróleo Brent caiu para US$ 70.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) alertaram para os impactos negativos sobre o consumo, o crédito e o nível de investimentos, mencionando a alta dos juros reais no Brasil.
Centrais sindicais reagem com críticas
As centrais sindicais também se manifestaram contrárias à decisão. Para a Contraf-CUT, o aumento dos juros restringe o acesso ao crédito e prejudica a população, favorecendo apenas o mercado financeiro. A Força Sindical destacou que a política monetária do BC se distancia das necessidades da classe trabalhadora e compromete a geração de empregos.
Haddad e o governo evitam críticas diretas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o aumento já estava previsto desde dezembro, e que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, apenas deu sequência às diretrizes anteriormente sinalizadas pelo Copom. O governo aguarda a divulgação da ata da reunião, na próxima terça-feira (25/03), para se posicionar de forma mais detalhada.
Mercado financeiro: dólar em baixa e bolsa em alta
No mesmo dia da decisão do Copom, o dólar fechou em queda de 0,43%, a R$ 5,64, atingindo o menor patamar desde outubro de 2024. O Ibovespa subiu 0,79%, encerrando o pregão aos 132.508 pontos, impulsionado pelo alívio nas taxas de juros dos Treasuries norte-americanos e pela expectativa de desaceleração no ritmo de alta da Selic.
Cenário futuro: taxa Selic deve seguir elevada
Especialistas do mercado avaliam que, sem flexibilização da política monetária, a Selic dificilmente cairá abaixo de 15% até o final de 2025. O contexto global, a pressão inflacionária e o comportamento da política fiscal brasileira são apontados como fatores determinantes para as próximas decisões do BC.
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