O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, solicitou nesta quinta-feira (06/03/2025) à Polícia Civil a investigação de um “possível exagero” por parte da Polícia Militar na operação que resultou na morte de 12 suspeitos de envolvimento com facções criminosas em Fazenda Coutos, subúrbio de Salvador. O pedido foi feito durante uma transmissão ao vivo na internet na noite de quarta-feira (5), em que o governador apresentava o balanço do Carnaval no estado.
Rodrigues destacou que a avaliação sobre a atuação da Polícia Militar já está em andamento.
“Pedimos que todo o estudo seja feito para averiguar se houve algum exagero por parte da polícia”, afirmou.
Operação e contexto da intervenção policial
A operação foi realizada após relatos de invasão de uma facção criminosa na região. Segundo o governador, os moradores denunciaram que o bairro estava sendo dominado por um grupo armado, impossibilitando a circulação das pessoas. A inteligência policial teria identificado a presença da organização criminosa por meio de imagens de câmeras de monitoramento.
“Essa comunidade vinha sendo violentada e, por dois dias, os moradores solicitavam a presença da polícia. A inteligência detectou a disputa entre facções e uma delas tentou assumir o controle local, impondo restrições aos moradores. Diante disso, a Polícia Militar interveio, e houve confronto”, explicou Rodrigues.
Abertura de investigação
Diante do ocorrido, o Ministério Público da Bahia (MPBA) instaurou um procedimento investigativo para analisar a conduta da Polícia Militar. A apuração ficará sob responsabilidade dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp).
Na quarta-feira, representantes do MP, das Secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), bem como os comandos das Polícias Militar e Civil, realizaram uma reunião para definir os próximos passos da investigação.
O procurador-geral de Justiça e chefe do MPBA, Pedro Maia, destacou que a instituição acompanha todas as etapas da apuração.
“Estamos em interlocução direta com as autoridades policiais e acompanhando o levantamento das informações, principalmente das periças, para garantir transparência”, afirmou.
Debate sobre a política de segurança pública
A chacina reacendeu o debate sobre o modelo de segurança adotado no estado. O Instituto Fogo Cruzado, que monitora a violência armada no Brasil, apontou que essa foi a 100ª chacina registrada em Salvador e Região Metropolitana desde julho de 2022. Do total de casos, 67% envolveram a Polícia Militar, resultando em 261 mortes.
A coordenadora do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, Tailane Muniz, enfatizou a necessidade de revisar a abordagem das forças de segurança.
“Quando 12 pessoas morrem em uma operação policial, a prioridade parece ser o confronto, e não a proteção da população”, pontuou.
Segundo Muniz, moradores da região relataram mais de sete horas de tiroteio, resultando na suspensão do transporte público.
“A questão que fica é: quais serão os resultados disso? O que efetivamente muda após tantas mortes?”, questionou.
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