Morre Kardé Mourão, ex-presidente do Sinjorba; Secretário estadual de Comunicação destaca trajetória em homenagem póstuma

Faleceu na noite de sábado (29/03/2025), aos 65 anos, a jornalista Kardelícia Mourão Lopes, conhecida como Kardé Mourão, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) e figura histórica da luta sindical da categoria. A profissional enfrentava complicações decorrentes de um tratamento contra o câncer, agravado por cirurgias realizadas no final de 2024. A cerimônia de cremação será realizada neste domingo (30), às 16h, na capela B do Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.

Trajetória profissional e sindical

Kardé Mourão formou-se em Jornalismo pela então Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1981. Atuou em diversos veículos e entidades, entre eles a TV Aratu, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a APLB-Sindicato, o Sindicato dos Bancários da Bahia e o Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia (Sinposba).

Em 1985, integrou a comissão da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) responsável pela elaboração do primeiro Manual de Assessoria de Imprensa do Brasil, marco na profissionalização da área.

Exerceu diversos cargos no Sinjorba, tendo sido presidente entre 2004 e 2010. Atuou também na diretoria da Fenaj, sendo eleita com destaque para a Comissão Nacional de Ética (2019–2022). Entre 1998 e 2010, e de 2019 até 2025, manteve participação ativa nas gestões sindicais.

Atuação política e defesa da comunicação pública

Militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Kardé foi uma das principais vozes da defesa da democratização da comunicação no Brasil. Sua atuação sindical foi marcada pela defesa de melhores condições de trabalho, respeito à legislação trabalhista e pela promoção da valorização da profissão de jornalista.

Em 2019, liderou o movimento “Começar de Novo”, reunindo dezenas de profissionais para rearticular a categoria e promover a revitalização do sindicato.

Durante sua trajetória, Kardé enfrentou represálias por sua militância. Foi demitida do cargo de assessora de imprensa do Conselho Regional de Farmácia, enquanto exercia mandato sindical, episódio denunciado pela Fenaj como violação de direitos sindicais e trabalhistas.

Repercussão e homenagens

O atual presidente do Sinjorba, Moacy Neves, destacou a importância de Kardé para a história do sindicato:

“Ela foi minha referência e mentora na luta sindical. Sua ausência representa um vazio difícil de superar”, afirmou.

Secretário estadual de Comunicação lamenta  

Em publicação nas redes sociais, neste domingo (30), o secretário interino de Comunicação do Estado da Bahia, Luciano Suedde, lamentou publicamente a morte da jornalista Kardelícia Mourão:

“Kardé, como era carinhosamente chamada, foi uma grande e querida amiga. Ela deixa um legado de coragem, ética e compromisso com a democracia e a liberdade de imprensa. À sua família, amigos e colegas de profissão, expresso minha solidariedade e respeito. Sua ausência será sentida, mas sua trajetória seguirá como inspiração para as novas gerações de comunicadores.”

O secretário lembrou a atuação de Kardé à frente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), que presidiu por dois mandatos, e sua passagem pela diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj):

“Sua atuação sempre foi marcada pela defesa intransigente da valorização profissional e pela luta permanente por condições dignas de trabalho e respeito à legislação trabalhista.”

Suedde também destacou o perfil ético e engajado da jornalista:

“Profissional de referência no jornalismo baiano, reconhecida por sua integridade, dedicação à verdade e comprometimento constante em qualificar a prática jornalística. Por onde passou, imprimiu uma comunicação comprometida com as lutas sociais e os direitos dos trabalhadores.”

Vida pessoal e legado

Kardé, jornalista, sindicalista e militante da democratização da comunicação

Kardelícia Mourão Lopes, conhecida como Kardé Mourão, nasceu em 1959 e faleceu em 29 de março de 2025, em Salvador (BA), deixando um legado de luta em defesa da comunicação democrática, da valorização da profissão jornalística e dos direitos trabalhistas. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1981, construiu uma trajetória marcada pelo comprometimento com as causas sociais e sindicais, sendo referência no movimento jornalístico e na militância progressista baiana.

Com passagens por diversos veículos e instituições, Kardé atuou na TV Aratu e desempenhou relevantes funções em entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a APLB-Sindicato, o Sindicato dos Bancários da Bahia, o Sindicato dos Publicitários (Sinposba) e o Conselho Regional de Farmácia.

Sua atuação sindical foi notável. Presidiu o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) entre 2004 e 2010, integrou a diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e exerceu o cargo de conselheira da Comissão Nacional de Ética da entidade entre 2019 e 2022. Em 1985, participou da elaboração do primeiro Manual de Assessoria de Imprensa da Fenaj, contribuindo decisivamente para o aprimoramento da prática jornalística em assessoria no Brasil.

Em 2019, fundou o movimento “Começar de Novo”, voltado à valorização de trajetórias e ao estímulo à reinserção de profissionais experientes no mercado de trabalho. Sua militância política esteve vinculada ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), com atuação marcada pela defesa da democracia, da justiça social e da liberdade de expressão.

Espírita praticante, Kardé conciliava espiritualidade com engajamento político. Participava de atividades voltadas ao amparo emocional e espiritual de colegas, sendo amplamente reconhecida por sua disposição em acolher, ouvir e apoiar. Sua presença fraterna e seu senso de solidariedade tornaram-se marcas registradas de sua convivência com companheiros de jornada profissional e ideológica.

Kardé Mourão foi uma incansável defensora da democratização da comunicação, da liberdade de imprensa, da valorização dos jornalistas e dos direitos sociais. Deixa o filho Artur, o neto, a nora Telma, a mãe Lurdes, a irmã Verbena, além de familiares, amigos e admiradores que compartilham de sua história e de seus ideais. Sua vida foi guiada por uma dedicação inabalável à construção de uma sociedade mais justa, plural e solidária.