Quinta-feira, 24/04/2025 – A articulação do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em torno de uma possível pré-candidatura de Adolpho Loyola à Câmara dos Deputados nas eleições de 2026 trouxe à tona um conjunto de tensões latentes dentro do PT da Bahia, que completa 20 anos no poder estadual no próximo ano. Embora apresentada como estratégia de renovação e continuidade do projeto petista no Congresso Nacional, a movimentação expõe fragilidades internas, disputas por espaço e divergências estratégicas que ameaçam a coesão da legenda.
Fragilidade eleitoral de Loyola acentua críticas internas
A possível candidatura de Loyola tem enfrentado resistência entre lideranças petistas, que apontam sua falta de experiência em cargos eletivos, ausência de base eleitoral consolidada e baixo prestígio político como entraves à sua viabilidade nas urnas. Para dirigentes regionais e membros do diretório estadual, a escolha representa mais uma decisão verticalizada, baseada em critérios de fidelidade política e alinhamento pessoal ao governador, em detrimento de um processo mais democrático e competitivo de construção de chapas proporcionais.
Críticos observam ainda que a aposta em Loyola pode se tornar um elemento de desgaste para o próprio Jerônimo, que já enfrenta dificuldades para articular sua sucessão estadual e consolidar uma base sólida em nível nacional.
Disputa entre Jaques Wagner e Rui Costa amplia instabilidade no PT baiano, em meio a disputa pela hegemonia no partido
Ao mesmo tempo, Jaques Wagner e Rui Costa disputam silenciosamente o controle do PT baiano com vistas às eleições de 2026. Ambos ex-governadores, ocupam atualmente postos de destaque – Wagner no Senado e Rui como ministro da Casa Civil. A disputa se concentra especialmente na vaga ao Senado, considerada estratégica para o futuro da legenda.
Jaques Wagner, com 74 anos de idade, sinaliza intenção de renovar o mandato, mesmo após ter exercido os principais cargos do Executivo e do Legislativo estadual e federal. Tal postura tem gerado críticas entre militantes e analistas políticos, que observam um apego excessivo ao poder por parte de Wagner, em contraste com a necessidade urgente de renovação de quadros partidários.
Em um estado do porte da Bahia, com dimensões territoriais comparáveis à Alemanha, a insistência de Wagner em se manter como protagonista político evidencia uma dificuldade de abrir espaço para novas lideranças e compromete os esforços de reconstrução ideológica e programática de um partido que se pretende socialista e voltado ao serviço público.
PT baiano em crise de identidade e renovação
O conjunto desses fatores – a aposta em Loyola, o embate entre Wagner e Rui, e a ausência de novos quadros com densidade eleitoral e representatividade social – aponta para um cenário de crise interna na legenda. Em vez de avançar em direção à renovação programática e de lideranças, o PT da Bahia parece cada vez mais refém de decisões verticalizadas e da lógica da manutenção de poder.
Diante do marco simbólico de duas décadas no Executivo estadual, a legenda chega a 2026 politicamente desgastada, com dificuldades em articular um projeto político coeso, ampliar sua base social e responder às exigências de um eleitorado cada vez mais crítico.
Com a aproximação das eleições de 2026 e o marco simbólico de 20 anos ininterruptos no poder estadual, o PT da Bahia enfrenta o desafio de manter a unidade interna e apresentar um projeto político coeso diante de um eleitorado mais exigente e um cenário nacional fragmentado. A falta de renovação orgânica, as disputas internas por hegemonia e o lançamento de candidaturas pouco consolidadas como a de Loyola são vistos por setores da legenda como sintomas de um desgaste acumulado.
Encruzilhada
Observadores políticos indicam que o PT da Bahia enfrenta uma encruzilhada histórica: ou promove uma reforma interna real, com abertura ao debate, valorização de lideranças emergentes e compromisso com a reconstrução ideológica do partido, ou corre o risco de perder relevância política e espaço institucional nas próximas disputas eleitorais.
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