Além do Brasil, a nova política tarifária inclui sanções comerciais contra uma série de países com superávit na balança comercial com os Estados Unidos, como China, Taiwan, Vietnã, Japão, União Europeia, Tailândia e Coreia do Sul. A medida também prevê tarifas punitivas de 25% sobre países que adquirirem petróleo ou gás da Venezuela.
Tarifa ao Brasil: impacto econômico e reação do governo
A tarifa de 10% imposta ao Brasil entrará em vigor no sábado (05/04/2025). Embora considerada uma das menores alíquotas entre os países atingidos, a medida pode afetar significativamente setores estratégicos da economia brasileira. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), estão:
-
Petróleo
-
Minério de ferro
-
Aço
-
Aeronaves
-
Café
-
Carne bovina
-
Açúcar
A tarifa de 25% anteriormente imposta sobre aço e alumínio brasileiros continua válida. O governo brasileiro estuda contestar a medida junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que, se não houver reversão da tarifa sobre o aço, o país poderá adotar sanções comerciais recíprocas.
Além disso, o Senado Federal aprovou, nesta semana, um projeto de lei que autoriza o Brasil a aplicar medidas retaliatórias contra países que adotem práticas comerciais unilaterais, incluindo tarifas ambientais e barreiras tarifárias. O projeto, inicialmente concebido para regulamentar respostas a exigências ambientais desproporcionais, foi ampliado para cobrir situações como a atual.
Expansão das tarifas: países e setores estratégicos atingidos
A nova política tarifária norte-americana inclui tarifas individualizadas e setoriais, com valores que poderão ultrapassar os 10% iniciais, dependendo do déficit comercial que os países mantêm com os Estados Unidos. Segundo Trump, a intenção é “restabelecer o equilíbrio e a justiça nas relações comerciais internacionais”.
Países diretamente afetados:
-
China: tradicional alvo da política comercial de Trump, a China será impactada por tarifas adicionais ainda não especificadas, voltadas aos setores de tecnologia e manufatura.
-
União Europeia: os países do bloco europeu enfrentarão sobretaxas sobre produtos farmacêuticos, agrícolas e automotivos.
-
Japão e Coreia do Sul: tarifas serão aplicadas a produtos eletrônicos, semicondutores e veículos.
-
Taiwan e Vietnã: foco em têxteis, eletrônicos e móveis.
-
Tailândia: produtos de borracha, peças automotivas e pescados estão entre os alvos.
-
Singapura, Chile, Colômbia, Austrália e Reino Unido: foram incluídos na lista com tarifas equivalentes à aplicada ao Brasil (10%).
Curiosamente, Canadá e México, integrantes do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), ficaram de fora desta rodada de sanções, possivelmente devido às obrigações contratuais estabelecidas no tratado trilateral.
A tarifa contra países que compram petróleo da Venezuela
Em paralelo às tarifas de reciprocidade, Trump anunciou uma tarifa punitiva de 25% sobre todos os produtos de países que importarem petróleo ou gás da Venezuela. A medida tem como objetivo aumentar o cerco econômico ao governo de Nicolás Maduro e restringir a circulação de recursos financeiros que, segundo Washington, sustentam um regime “hostil” aos interesses norte-americanos.
Essa sanção entra em vigor na mesma data que o pacote tarifário geral — 02 de abril — e atinge particularmente países latino-americanos e asiáticos que ainda mantêm relações energéticas com Caracas.
Além das tarifas, Trump revogou a licença que permitia à Chevron operar na Venezuela e intensificou as deportações de migrantes venezuelanos, com base em uma antiga legislação de emergência voltada ao tratamento de estrangeiros considerados “inimigos” dos EUA.
Fundamentos e objetivos da nova política comercial
Donald Trump apelidou o 2 de abril de “Dia da Libertação”, reiterando seu discurso protecionista. Segundo o presidente norte-americano, a imposição de tarifas é um instrumento essencial para:
-
Reindustrializar os Estados Unidos
-
Reduzir o déficit comercial e orçamentário
-
Gerar empregos internos
-
Restabelecer a soberania econômica
-
Forçar parceiros comerciais a adotarem práticas mais equilibradas
Trump declarou:
“Por décadas, nosso país foi saqueado por nações próximas e distantes. Isso acabou. A partir de hoje, quem quiser acesso ao nosso mercado terá de pagar por esse privilégio.”
A nova política tarifária passa a ser, portanto, a base da doutrina econômica, comercial e diplomática dos EUA sob a gestão Trump, reforçando uma postura de unilateralismo econômico e contestação às instituições multilaterais.
Implicações geopolíticas e riscos à ordem comercial global
A adoção de medidas unilaterais por parte dos EUA pode acirrar disputas comerciais internacionais, provocar represálias e enfraquecer instituições como a OMC. Há também o risco de desaceleração de cadeias produtivas globais, especialmente em setores como tecnologia, agroindústria, farmacêutica e indústria de base.
Especialistas em comércio internacional alertam que o movimento poderá provocar a fragmentação de acordos multilaterais, fomentar guerras comerciais e afetar o crescimento global, sobretudo em economias emergentes.
*Com informações da RFI.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




