Sábado, 19/04/2025 – A prática recorrente do Governo Lula de nomear aliados políticos, membros do PT e assessores ministeriais para conselhos de administração de estatais, muitas vezes sem formação acadêmica compatível com a área de atuação das empresas, reacende críticas à governança pública sob o modelo petista. A situação é agravada por um contexto econômico nacional marcado pela estagflação, em que inflação elevada, crescimento econômico estagnado e perda do poder de compra afetam a confiança dos agentes econômicos e comprometem o ambiente de investimentos.
Aparelhamento e resultados históricos negativos
As nomeações recentes reiteram uma estratégia já conhecida dos governos petistas: a ocupação de cargos técnicos com quadros políticos, em detrimento da meritocracia e da qualificação profissional. Tal prática foi diretamente associada a episódios de má gestão, ineficiência operacional e escândalos de corrupção ao longo dos governos anteriores do PT, especialmente nos casos envolvendo Petrobras, Eletrobras, Correios e Banco do Brasil, que foram alvos de investigações da Operação Lava Jato.
Ao colocar em segundo plano critérios técnicos essenciais para a tomada de decisões estratégicas e financeiras, o governo abre espaço para conflitos de interesse, decisões equivocadas e uso político da máquina pública, com impacto direto na rentabilidade, no valor de mercado e na capacidade de prestação de serviço dessas empresas. O histórico demonstra que o modelo de aparelhamento político resultou na desvalorização de ativos estatais, prejuízos bilionários e perda de credibilidade institucional.
Estagflação e o esgotamento do modelo
O Brasil atravessa um quadro típico de estagflação, caracterizado pela alta persistente nos preços, baixo crescimento econômico e elevado desemprego oculto. Essa situação é agravada por três fatores estruturais:
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Gasto público elevado e ineficiente, impulsionado por despesas obrigatórias, folha funcional inflada e subsídios a setores não produtivos;
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Desconfiança generalizada nos rumos econômicos, fruto da ausência de reformas estruturantes, da instabilidade fiscal e da politização das estatais;
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Desestímulo ao investimento privado, em função da elevada carga tributária, insegurança jurídica e ausência de previsibilidade macroeconômica.
O modo petista de governar, que privilegia a presença partidária em setores estratégicos do Estado e recorre ao uso político de empresas públicas, não tem se mostrado eficaz na superação desses entraves. Pelo contrário, esse modelo reforça a rigidez orçamentária, reduz a eficiência alocativa de recursos e contribui para o desequilíbrio fiscal, fatores que alimentam a inflação e dificultam a retomada do crescimento sustentável.
Falência do modelo de gestão partidária
A insistência em nomeações por afinidade política e não por competência técnica é sintomática de um modelo de gestão baseado na ocupação ideológica do Estado, prática que, ao longo do tempo, compromete a credibilidade institucional e desvirtua o papel das estatais como instrumentos de desenvolvimento. Na prática, a governança corporativa das empresas públicas é substituída por uma lógica partidária de manutenção de poder, incompatível com a modernização da máquina estatal exigida por um país em crise.
Essa estratégia reflete o esgotamento do modelo petista, que já demonstrou, em experiências anteriores, ser incapaz de promover crescimento sustentado, controle inflacionário duradouro e confiança dos mercados. Ao privilegiar lealdades políticas em detrimento da técnica, o governo enfraquece os fundamentos do Estado moderno, substituindo a excelência por conveniência partidária.
Compreenda o cenário de desgoverno
1. Regras e Critérios Legais para Indicações
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Lei das Estatais (2016): Exige formação acadêmica compatível, experiência profissional e reputação ilibada.
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Decreto regulamentador (2016): Formação “preferencialmente” em:
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Administração
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Ciências Atuariais
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Ciências Econômicas
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Comércio Internacional
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Contabilidade ou Auditoria
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Direito
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Engenharia
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Estatística
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Finanças
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Matemática
Também admite formação relacionada à área de atuação da estatal (ex: saúde).
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Órgãos responsáveis pela nomeação:
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Ministério da área da estatal
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Ministério da Gestão (tem direito a 1 nome por empresa)
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Casa Civil (análise final)
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2. Estatais e Conselheiros Nomeados pelo Governo Lula
| Estatal | Nome | Formação Acadêmica | Jetom Mensal |
|---|---|---|---|
| Dataprev | Ana Estela Haddad | Odontologia, mestrado e doutorado em Ciências Odontológicas | R$ 4.188,89 |
| Ativos S.A. (Banco do Brasil) | Emir Simão Sader | Filosofia e Ciência Política | Não informado |
| Companhia Docas do RN | Swedenberger Barbosa | Odontologia, mestre e doutor em Ciências da Saúde | Não informado |
| PortosRio | Luiz Antonio Correia de Carvalho | Jornalismo e Filosofia | R$ 3.741,37 |
| Grupo Hospitalar Conceição | Flavio Koutzii | Sociologia | Não informado |
| Conab | Flavio Koutzii | Sociologia | Não informado |
| Hospital de Clínicas de Porto Alegre | Marcio Tavares dos Santos | História (grad. e mestrado), doutorado em Arte | R$ 3.521,04 |
| EBC | Marcio Tavares dos Santos | História e Arte | Não informado |
| CPRM | Hemeline Camata | Jornalismo, pós em Comunicação Pública e Marketing Digital | R$ 3.005,81 |
| Companhia Docas do Ceará | Janira Borja | Comunicação, mestre em Relações Internacionais | Não informado |
| Companhia das Docas da Bahia | Fábio Koleski | Jornalismo, mestre em Comunicações, especialista em Regulação | Não informado |
| Emgepron | Débora Raquel Cruz Ferreira | Jornalismo | Não informado |
3. Perfis de Destaque com Indicações Polêmicas
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Ana Estela Haddad – Esposa de Fernando Haddad. Atua no Ministério da Saúde. Nomeada para a Dataprev, que lida com dados e TI, sem formação específica na área.
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Emir Sader – Intelectual histórico do PT, indicado para Ativos S.A., empresa financeira. Formação exclusivamente humanística.
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Luiz Antonio Correia de Carvalho – Fundador do PT. Indicação aprovada com base em “habilidades adquiridas na vida pública”, apesar de formação em filosofia.
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Marcio Tavares dos Santos – Ligado ao setor cultural, atua no Ministério da Cultura e foi indicado para conselho de hospital vinculado ao MEC.
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Hemeline Camata – Jornalista, atua no Ministério de Minas e Energia, mas indicada para a CPRM, área eminentemente técnica.
4. Valores Pagos a Título de Jetons (Remuneração)
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R$ 1.733,33 – Conselho da Termobahia (Petrobras)
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R$ 3.005,81 – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
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R$ 3.521,04 – Hospital de Clínicas de Porto Alegre
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R$ 3.741,37 – PortosRio
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R$ 4.188,89 – Dataprev
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R$ 13.813,97 – Conselho da Petrobras (valor máximo citado)
5. Processo de Nomeação dos Conselheiros
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Indicação pelos ministérios setoriais e da Gestão
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Avaliação interna pelas estatais
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Submissão à Casa Civil
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Aprovação em Assembleia Geral
6. Justificativas Oficiais
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Ministério da Gestão: Afirma que todas as nomeações cumprem os requisitos legais e são avaliadas por comitês de elegibilidade.
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Empresas estatais: Reforçam que os conselheiros cumprem critérios de diversidade e conhecimento estratégico.
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Órgãos vinculados: Declaram que experiência e atuação pública complementam eventuais lacunas de formação específica.
*Com informações do Jornal Folha de S.Paulo.
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