Multidão presta últimas homenagens ao Papa Francisco na Basílica de São Pedro

O funeral do Papa Francisco mobiliza uma multidão no Vaticano e lideranças mundiais, consolidando seu legado como defensor dos direitos humanos, dos migrantes e da paz global. A cerimônia, marcada para sábado (26/04/2025), oferece também um raro espaço de diálogo diplomático em um contexto internacional tenso. Seu pontificado é lembrado por ações concretas de solidariedade, humildade e transformação institucional.
Cerimônia fúnebre atrai líderes mundiais e milhares de fiéis à Praça de São Pedro, transformando o funeral do pontífice em evento de repercussão geopolítica e religiosa global.

Na manhã desta quarta-feira (23/04/2025), o corpo do Papa Francisco foi trasladado da Casa de Santa Marta para a Basílica de São Pedro, no Vaticano. O rito solene marca o início das homenagens públicas ao pontífice, falecido no último fim de semana, cuja vida foi marcada por ações voltadas à justiça social, ao diálogo inter-religioso e à defesa dos migrantes. O funeral está agendado para sábado (26/04), às 10h, reunindo líderes mundiais em um momento de impacto diplomático internacional.

Procissão solene e tributo popular

Desde a chegada do caixão à Basílica de São Pedro, milhares de fiéis formaram longas filas para prestar homenagem ao Papa Francisco. A cerimônia foi conduzida pelo Cardeal Kevin Farrell, com a participação de cardeais, bispos e a Guarda Suíça, em um cortejo de forte simbolismo espiritual. Conforme solicitado pelo próprio pontífice, o caixão, simples, foi exposto sobre uma rampa voltada ao público, em sinal de proximidade com os fiéis.

O velório estará aberto até sexta-feira (25/04), às 19h, quando o caixão será selado. O enterro ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, sendo o primeiro caso de sepultamento papal fora do Vaticano desde Leão XIII, em 1903.

Legado humanitário e pastoral

Ao longo de seu pontificado, Francisco destacou-se por uma agenda centrada na justiça social, no acolhimento aos migrantes e no combate às desigualdades globais. Em 2016 e 2021, visitou a ilha grega de Lesbos, epicentro da crise migratória europeia, ao lado do Patriarca Ecumênico Bartolomeu e do Arcebispo Jerónimo de Atenas. Na ocasião, pediu solidariedade internacional e denunciou a indiferença das potências diante do sofrimento humano.

“Os refugiados não são números. São pessoas com rostos, nomes e histórias”, afirmou Francisco, enfatizando que a causa migratória também lhe era pessoal, dado o passado de seus avós, imigrantes italianos.

Estilo pastoral e símbolo de renovação

Durante sua visita à Grécia em 2021, o Papa reiterou seu desejo de uma Igreja humilde, “próxima dos necessitados e livre das ambições de riqueza e poder”. Sua escolha pelo nome Francisco não foi apenas simbólica, mas um compromisso com a simplicidade evangélica e com a herança de São Francisco de Assis.

Em ações concretas, devolveu à Grécia, em 2022, fragmentos do Partenon que estavam nos Museus do Vaticano, como gesto de reconciliação cultural. Em 2023, manifestou solidariedade às vítimas dos incêndios na Grécia, reforçando seu papel como líder atento às tragédias humanas e ambientais.

Funeral como palco de diplomacia internacional

O funeral do Papa Francisco, no sábado, atrairá chefes de Estado e de governo de todo o mundo, transformando a cerimônia em um dos mais relevantes encontros diplomáticos do ano. Estão confirmadas as presenças de Ursula von der Leyen, Emmanuel Macron, Keir Starmer e, com grande destaque, Donald Trump — o primeiro presidente dos EUA a participar de um funeral papal desde 2005.

A expectativa é que diálogos informais entre líderes possam abrir caminhos para novos acordos e distensões, especialmente diante do contexto geopolítico volátil, incluindo os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.

 Momento de transição

A morte do Papa Francisco inaugura um momento de transição na Igreja Católica e no cenário diplomático global. Seu legado revela um papado empenhado em restaurar a credibilidade moral da Igreja, enfrentando resistências internas e apostando no diálogo inter-religioso, na ecologia integral e nos direitos humanos.

A presença de figuras políticas em seu funeral não deve ser vista apenas como gesto protocolar, mas como oportunidade de reposicionar a diplomacia vaticana como vetor de mediação global. A Santa Sé, sob sua liderança, reafirmou seu papel como “potência moral”, ainda que frequentemente contestada pelos desafios internos à Igreja.


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