Terça-feira, 16/04/2025 – Em entrevista ao jornal alemão Die Zeit, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que “o Ocidente tal como o conhecíamos já não existe”, sinalizando mudanças significativas nas relações internacionais e no papel da União Europeia (UE) no cenário geopolítico global.
A declaração foi feita em meio à deterioração das relações com os Estados Unidos, impulsionada por tarifas comerciais impostas pela administração de Donald Trump, que têm levado Bruxelas a buscar novas alianças econômicas e políticas em regiões como Ásia, Oriente Médio e América do Norte.
Europa fortalece diálogo com países fora do eixo atlântico
Diante da política comercial agressiva dos EUA, a Comissão Europeia ampliou os contatos com governos de Noruega, Islândia, Canadá, Nova Zelândia, Singapura e Emirados Árabes Unidos, além de ter iniciado conversações com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
Segundo von der Leyen, o mundo tornou-se um “globo geopolítico”, e a previsibilidade da UE a posiciona como parceira confiável para novas alianças. “A Europa é conhecida pela sua previsibilidade e fiabilidade, que começa novamente a ser vista como algo muito valioso”, declarou.
Relação com os EUA é mantida, mas classificada como “complicada”
Apesar das tensões, von der Leyen reafirmou seu posicionamento como “atlantista convicta” e evitou rotular os Estados Unidos como adversário. No entanto, reconheceu que a relação atravessa um momento de complexidade, acentuado pelas ações unilaterais de Trump, que incluem desprezo pelo multilateralismo, ameaças geopolíticas e políticas comerciais punitivas.
Europa pode retaliar serviços digitais e manufaturados dos EUA
A presidente da Comissão Europeia confirmou que produtos manufaturados e serviços digitais norte-americanos poderão sofrer retaliações, caso as negociações em curso fracassem. A medida responde à imposição de tarifas de importação pelos EUA, e à interferência percebida na atuação das Big Techs, reguladas na Europa pela Lei dos Mercados Digitais.
Von der Leyen reiterou que os processos investigativos contra empresas como Meta e Apple são independentes, mas reconheceu o potencial de conflito comercial ampliado com Washington.
Expansão comercial chinesa preocupa UE
As tarifas de 145% impostas pelos EUA à China resultaram em bloqueio recíproco entre os dois mercados, o que levanta receios sobre uma possível inundação do mercado europeu por produtos chineses de baixo custo.
Von der Leyen declarou que a Comissão manterá vigilância constante sobre o comércio com a China, mas reconheceu que a UE busca novas parcerias comerciais diante do isolamento americano. A presidente defendeu uma política externa “transacional”, sugerindo que acordos pragmáticos com países não alinhados aos valores europeus podem ser considerados.
UE amplia esforços para apoio à Ucrânia
A entrevista também abordou o cenário da guerra na Ucrânia. Com os EUA sinalizando retração no apoio militar e financeiro a Kiev, a Europa tem intensificado sua atuação para preencher esse vácuo. Von der Leyen destacou a criação de uma “coligação de interessados” para garantir segurança à Ucrânia, reiterando que Putin errou ao subestimar a resiliência europeia.
Segundo a presidente, a Rússia ainda representa uma ameaça militar concreta à Europa, e agências de inteligência estimam que o Kremlin poderia planejar ações ofensivas contra membros da OTAN até 2030.
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