Operação Overclean: Empresários usaram offshores em paraíso fiscal para lavar dinheiro de emendas parlamentares, aponta Polícia Federal

Investigação da Operação Overclean revela criação de empresas nas Ilhas Virgens Britânicas por empresários brasileiros para ocultar recursos ilícitos desviados de emendas parlamentares.
Documentos obtidos na terceira fase da Operação Overclean revelam a constituição de offshores pelos irmãos Parente, com estrutura voltada à blindagem patrimonial.

Reportagem de Rayssa Motta e Fausto Macedo – publicada no jornal Estadão – revela que a Polícia Federal divulgou nesta sexta-feira (18/04/2025) detalhes da terceira fase da Operação Overclean, revelando que os empresários Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente teriam criado três offshores em paraíso fiscal com o objetivo de lavar dinheiro oriundo do desvio de verbas públicas, especialmente recursos provenientes de emendas parlamentares. As estruturas empresariais foram registradas nas Ilhas Virgens Britânicas, local notório por garantir sigilo bancário e fiscal.

Esquema de lavagem internacional

De acordo com relatório da Polícia Federal, os irmãos Parente estabeleceram, em novembro de 2024, as empresas Lexpar Capital & Assets Corp, Biopar Capital & Assets Corp e Flap Jet Assets Management Corp. A PF afirma que a constituição dessas offshores teve o propósito de dificultar o rastreamento de valores desviados e garantir a blindagem patrimonial dos envolvidos.

“A criação dessas estruturas offshore denota o claro objetivo de dificultar o rastreamento dos recursos ilícitos e assegurar a blindagem patrimonial dos valores provenientes do esquema criminoso em investigação”, destaca trecho do relatório da Polícia Federal.

A investigação aponta ainda que contratos particulares, conhecidos como “contratos de gaveta”, foram utilizados para ocultar a verdadeira propriedade de imóveis adquiridos com dinheiro ilícito, ampliando a complexidade da rede de ocultação de ativos.

Articulação estratégica e atuação financeira

A PF atribui a Alex Parente o papel de principal responsável pelas decisões estratégicas do esquema, enquanto Fábio Parente seria o executor das operações financeiras e idealizador dos métodos de ocultação. Ambos são sócios da empresa Larclean Saúde Ambiental Ltda., que foi alvo de mandado de busca e apreensão.

A existência das offshores foi descoberta por meio de mensagens interceptadas no telefone celular de Fábio Parente e de documentos localizados na sede da empresa.

A Polícia Federal trabalha agora para mensurar o montante exato de recursos enviados ao exterior, operação considerada de alta complexidade devido à natureza transnacional e à sofisticação do modelo adotado.

Apreensão e conexão política

Durante a primeira fase da operação, deflagrada em dezembro de 2024, Alex Parente foi flagrado com R$ 1,5 milhão em espécie a bordo de um jatinho particular em Brasília, valor suspeito de estar vinculado ao esquema de lavagem.

O caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) após menção ao deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que possui foro por prerrogativa de função. Em nota, o parlamentar declarou:

“O deputado que indica emendas não tem competência e nem se torna responsável pela execução das verbas e pela fiscalização das respectivas obras e serviços”.

Defesa e posicionamento jurídico

Em nota oficial divulgada após a terceira fase da operação, o advogado Sebástian Mello, que representa os irmãos Parente, declarou que a defesa aguarda o acesso completo aos autos para prestar os devidos esclarecimentos às autoridades competentes.

Principais elementos da investigação

  • Investigados: Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente

  • Crimes apurados: Lavagem de dinheiro, ocultação patrimonial, associação criminosa

  • Empresas offshore: Lexpar, Biopar e Flap Jet (Ilhas Virgens Britânicas)

  • Valor apreendido: R$ 1,5 milhão com Alex Parente em Brasília

  • Empresa brasileira vinculada: Larclean Saúde Ambiental Ltda.

  • Citação política: Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que nega envolvimento

  • Local das remessas: Caribe, com foco nas Ilhas Virgens Britânicas

Terceira fase da Operação Overclean

1. Supostos envolvidos

  • Alex Rezende Parente: Empresário, apontado como responsável estratégico pelas ações ilícitas.

  • Fábio Rezende Parente: Empresário, acusado de operar o esquema financeiro e idealizar as práticas de ocultação.

  • Sebástian Mello: Advogado dos investigados.

  • Elmar Nascimento (União Brasil-BA): Deputado federal citado na investigação; possui foro privilegiado.

2. Empresas Offshores Criadas

  • Lexpar Capital & Assets Corp

  • Biopar Capital & Assets Corp

  • Flap Jet Assets Management Corp

Todas constituídas em novembro de 2024, nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal localizado no Caribe.

3. Empresa Brasileira Vinculada

  • Larclean Saúde Ambiental Ltda.

Sede da empresa foi alvo de busca e apreensão e forneceu documentos relevantes à investigação.

4. Modalidades de Lavagem de Dinheiro

  • Constituição de empresas offshore para ocultação patrimonial.

  • Contratos de gaveta para ocultar propriedade de imóveis adquiridos com recursos ilícitos.

  • Remessa de dinheiro ao exterior com uso de estrutura societária complexa.

5. Elementos Recolhidos

  • Mensagens encontradas no celular de Fábio Parente.

  • Documentos apreendidos na sede da Larclean.

  • R$ 1,5 milhão em espécie apreendidos com Alex Parente em jatinho em Brasília.

6. Órgãos e Instâncias Envolvidas

  • Polícia Federal (PF): Responsável pela condução da investigação.

  • Supremo Tribunal Federal (STF): Recebeu parte da investigação devido ao foro privilegiado de parlamentar citado.

  • Justiça Federal: Instância onde tramita o processo da Operação Overclean.

7. Fases da Operação Overclean

  • 1ª Fase: Deflagrada em dezembro de 2024, com apreensão de valores e diligências iniciais.

  • 3ª Fase: Deflagrada em abril de 2025, com foco na identificação de movimentações internacionais e estruturas offshore.

8. Declarações Oficiais

  • Polícia Federal: Afirma existência de esquema sofisticado de lavagem e blindagem patrimonial.

  • Defesa (Sebástian Mello): Declara que os fatos serão esclarecidos após acesso aos autos.

  • Deputado Elmar Nascimento: Nega irregularidades e responsabilidade sobre a execução de emendas parlamentares.

Linha do Tempo da Operação Overclean

Dezembro de 2024 – 1ª Fase da Operação

  • Data: Início de dezembro de 2024

  • Ação: Deflagração da primeira fase da Operação Overclean pela Polícia Federal.

  • Objetivo: Apurar desvio de recursos públicos por meio de emendas parlamentares.

  • Destaque: Apreensão de R$ 1,5 milhão em espécie com Alex Rezende Parente a bordo de um jatinho particular, em Brasília.

  • Empresas investigadas: Larclean Saúde Ambiental Ltda. entre outras.

Janeiro de 2025 – Avanço das investigações

  • Ação: Polícia Federal intensifica diligências e perícias em dispositivos eletrônicos.

  • Descoberta: Localização de mensagens e documentos que indicam operações financeiras no exterior.

  • Foco: Indícios de uso de offshores para ocultação de patrimônio.

Fevereiro de 2025 – Citação a autoridade com foro

  • Fato: Nome do deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) aparece em conversas interceptadas.

  • Consequência: Inquérito parcial é enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

  • Defesa: Parlamentar nega qualquer irregularidade e afirma não ter responsabilidade sobre a execução de emendas.

Abril de 2025 – 3ª Fase da Operação

  • Data: 17 de abril de 2025

  • Ação: Deflagração da terceira fase da operação.

  • Evidência-chave: Identificação da criação de três empresas offshore nas Ilhas Virgens Britânicas:

    • Lexpar Capital & Assets Corp

    • Biopar Capital & Assets Corp

    • Flap Jet Assets Management Corp

  • Objetivo das offshores: Lavagem de dinheiro e blindagem patrimonial.

  • Técnicas usadas: Contratos de gaveta e remessas internacionais.

Abril de 2025 – Posicionamentos públicos

  • Polícia Federal: Em relatório, afirma existência de esquema sofisticado e estruturado de lavagem de capitais.

  • Defesa (Sebástian Mello): Declara que os empresários Alex e Fábio Parente prestarão esclarecimentos assim que tiverem acesso integral aos autos.

A Polícia Federal revelou, nesta sexta-feira (18/04/2025), que os empresários Alex e Fábio Parente utilizaram offshores em paraísos fiscais para lavar dinheiro oriundo de emendas parlamentares. As investigações apontam para um esquema sofisticado de ocultação de patrimônio, envolvendo contratos paralelos, remessas internacionais e blindagem de ativos. O caso foi encaminhado ao STF devido à citação do deputado Elmar Nascimento, que nega responsabilidade sobre a execução dos recursos.
Dados da Operação Overclean.
A Polícia Federal revelou, nesta sexta-feira (18/04/2025), que os empresários Alex e Fábio Parente utilizaram offshores em paraísos fiscais para lavar dinheiro oriundo de emendas parlamentares. As investigações apontam para um esquema sofisticado de ocultação de patrimônio, envolvendo contratos paralelos, remessas internacionais e blindagem de ativos. O caso foi encaminhado ao STF devido à citação do deputado Elmar Nascimento, que nega responsabilidade sobre a execução dos recursos.
Infográfico com a Linha do Tempo da Operação Overclean.

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