Quinta-feira, 24/04/2025 — Três dias após o falecimento do Papa Francisco, ocorrido na segunda-feira, 21 de abril de 2025, veio a público um prefácio escrito pelo pontífice para o livro À espera de um novo começo. Reflexões sobre a velhice, do cardeal Angelo Scola. O texto, redigido em 7 de fevereiro, assume agora um valor histórico e espiritual singular, oferecendo reflexões sobre a velhice, o sofrimento e a morte como prelúdio da vida eterna, em consonância com a doutrina cristã.
Um testamento espiritual sobre a dignidade da velhice
No prefácio, Francisco saúda a obra do cardeal Angelo Scola como uma rica combinação entre experiência de vida e sensibilidade teológica. Ele exalta a coragem de se referir à própria velhice com franqueza e naturalidade, defendendo que não se deve suavizar a realidade do envelhecimento, mas sim valorizá-la.
“Não devemos ter medo de abraçar o tornar-se velhos,” afirma Francisco, em linha com o autor, rejeitando a lógica do descarte e propondo uma reabilitação ética e cultural do termo “velho” como símbolo de sabedoria e discernimento.
Envelhecer com gratidão: um caminho de fé
Francisco aponta que o problema não é envelhecer, mas como envelhecer. Para ele, a velhice deve ser acolhida com espírito de gratidão, e não com ressentimento, transformando-se assim em uma fase frutífera da vida cristã.
A aceitação dos limites físicos e da lentidão da idade, quando acompanhada pela fé, é descrita como oportunidade de amadurecimento interior e irradiar o bem — uma perspectiva coerente com sua própria trajetória eclesial.
Os avós como guardiões da memória moral e espiritual
A valorização do papel dos avós é outro ponto enfatizado por Francisco. Ele destaca que a presença deles oferece aos jovens referência, estabilidade e vínculo com valores duradouros, funcionando como antídoto à cultura do efêmero e da superficialidade.
“A sabedoria dos avós se torna um farol que brilha, ilumina a incerteza e dá direção aos netos,” escreve o pontífice.
Sofrimento, morte e eternidade: ecos da teologia vivida
As reflexões sobre o sofrimento e a morte ganham relevo especial à luz do falecimento do Papa. Francisco destaca a abordagem teológica de Scola como expressão de uma fé “feita de joelhos”, vivida na oração. A morte, para ele, não é o fim, mas o começo de algo novo, conforme sugere o título da obra.
A referência à eternidade como “algo que nunca experimentamos plenamente” revela uma convicção serena na continuidade da existência com Cristo, reafirmando o núcleo da esperança cristã.
Um gesto de despedida entre irmãos de fé
O Papa encerra seu prefácio com um gesto simbólico de união ao cardeal Scola, evocando o abraço que ofereceu ao colega em março de 2013, quando iniciou seu pontificado. Agora, ambos mais velhos, compartilham a gratidão a Deus pela vida e pela fé que transcende a morte.
Testamento espiritual
A publicação póstuma do prefácio ao livro de Angelo Scola transforma o texto em um testamento espiritual de Papa Francisco. O conteúdo ganha peso adicional ao refletir, com serenidade, sobre os temas que marcaram seu magistério: dignidade da velhice, importância da memória, centralidade do afeto cristão e esperança na ressurreição.
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