O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos a parceiros comerciais representam uma ameaça ao multilateralismo nas relações internacionais. A declaração foi dada durante entrevista a jornalistas brasileiros, após participação na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), realizada na capital de Honduras.
Lula criticou a adoção de medidas sem consenso internacional e avaliou que as ações recentes dos EUA podem gerar efeitos econômicos negativos em escala global. “Nós não sabemos qual vai ser o efeito devastador disso na economia. É preciso saber quanto vai custar isso do ponto de vista do preço dos produtos, da relação multilateral”, afirmou.
O presidente destacou que a decisão norte-americana de aumentar tarifas contra a China e reduzir tarifas para outros 75 países sinaliza um possível conflito bilateral. Para Lula, a estratégia compromete a sustentabilidade do comércio multilateral e favorece relações comerciais assimétricas. Ele associou a política tarifária a um confronto entre o ex-presidente norte-americano Donald Trump e o governo chinês.
“Querer fazer negociação individual é colocar fim no multilateralismo. E o multilateralismo é muito importante para a tranquilidade econômica que o mundo precisa. Não é aceitável a hegemonia de um país, nem militar, nem cultural, nem industrial, nem tecnológica e nem econômica sobre os outros”, declarou.
Lula também defendeu uma postura firme do Brasil diante de eventual manutenção das tarifas. Disse que o país irá recorrer à negociação diplomática, mas que responderá de forma proporcional caso as restrições permaneçam após as tratativas.
“Vamos utilizar todas as palavras de negociação que o dicionário permitir. Depois que acabar, nós vamos tomar as decisões que entendermos serem cabíveis”, garantiu.
Durante a Cúpula, o presidente ainda abordou o processo de aprovação da declaração final do encontro, criticando a tentativa de veto por parte de Paraguai e Argentina. Apesar das objeções, o documento foi aprovado com o registro da posição contrária das duas delegações.
“O consenso não pode ser o direito de veto. É mais democrático assinar o documento e registrar a discordância”, afirmou.
Outro tema abordado por Lula foi a proposta brasileira de candidatura única de uma mulher da América Latina e Caribe ao cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2026. O presidente expressou confiança na articulação regional e apontou o crescimento da participação feminina em posições de liderança.
“O século 21 pode ser verdadeiramente o século das mulheres”, declarou.
Após o encerramento da Cúpula da Celac, Lula retornou ao Brasil, com previsão de chegada a Brasília na madrugada desta quinta-feira (10/04/2025).
*Com informações da Agência Brasil.
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