Relatório da ONU identifica cinco fatores que impulsionam milhões à pobreza mundial

O Relatório Mundial Social de 2025 da ONU alerta para o risco de aumento da pobreza global em razão de choques econômicos, trabalho informal, mudanças climáticas, conflitos armados e concentração de renda. Propõe um novo consenso internacional baseado em equidade, segurança econômica e solidariedade, buscando reverter o cenário de crescente insegurança e desigualdade antes da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social de 2025.
Documento da ONU alerta para o risco de retrocessos sociais devido a crises econômicas, mudanças climáticas, conflitos, desigualdade e perda de confiança nas instituições.

Quinta-feira (24/04/2025) — O Relatório Mundial Social de 2025, divulgado pelas Nações Unidas, aponta cinco fatores principais que estão agravando a pobreza no mundo: choques econômicos, trabalho informal, mudanças climáticas, conflitos armados e concentração de renda. O estudo evidencia que as conquistas sociais das últimas décadas estão ameaçadas, propondo um novo consenso global focado em equidade, segurança econômica e solidariedade.

O relatório revela que mais de 690 milhões de pessoas vivem atualmente com menos de US$ 2,15 por dia, em situação de pobreza extrema. Além disso, 2,8 bilhões de indivíduos — cerca de um terço da população mundial — sobrevivem com rendas entre US$ 2,15 e US$ 6,85 por dia, tornando-se vulneráveis a choques externos como crises econômicas e desastres naturais.

O estudo destaca que a superação da pobreza, quando ocorre, costuma ser temporária, com pequenos choques revertendo avanços sociais.

Impacto do Trabalho Informal

Segundo o levantamento, viver com mais de US$ 6,85 por dia não garante segurança econômica. A maioria dos trabalhadores em países de renda baixa e média está inserida em setores informais, sem acesso a proteção social, salário justo ou estabilidade no emprego. Nos países desenvolvidos, cresce o número de pessoas empregadas de forma temporária, parcial ou na gig economy — fenômeno que compromete direitos trabalhistas.

De acordo com a World Values Survey, 60% da população mundial teme perder o emprego ou não conseguir trabalho, reforçando o quadro de insegurança.

Mudanças Climáticas e Conflitos Armados

O relatório enfatiza que a crise climática e os conflitos armados agravam a pobreza:

  • 50% mais pobres emitem apenas 12% do carbono global, mas sofrem 75% das perdas de renda causadas por eventos climáticos extremos.

  • Um em cada sete habitantes do planeta vive em regiões afetadas por conflitos armados.

  • O número de conflitos dobrou desde 2010, aumentando a violência, o deslocamento populacional e a instabilidade política.

Aumento da Concentração de Renda

Desde 1990, a desigualdade de renda cresceu em muitos países, abrangendo dois terços da população mundial. Atualmente:

  • Os 1% mais ricos possuem mais riqueza do que 95% da humanidade.

  • A concentração extrema de renda está associada à erosão da confiança social e ao aumento da instabilidade política.

O relatório destaca a proposta do Brasil no G20 em 2024 de implementar um imposto global sobre bilionários, com alíquota de 2% ao ano, estimando arrecadação anual de US$ 200 a US$ 250 bilhões.

Desconfiança nas Instituições e Polarização

A confiança nas instituições públicas e políticas está em declínio constante desde os anos 1990:

  • Mais de 50% da população mundial desconfia de seus governos.

  • Entre jovens nascidos no século XXI, a desconfiança é ainda mais elevada.

  • Redes sociais, embora ampliem o acesso à informação, também amplificam a desinformação, o discurso de ódio e a polarização política, dificultando a ação coletiva necessária para solucionar crises globais.

Proposta de Novo Consenso Global

O relatório da ONU propõe uma reorientação das políticas públicas em torno de três pilares:

  • Equidade

  • Segurança econômica universal

  • Solidariedade social

A ONU argumenta que não basta aumentar os programas sociais: é necessário reformular a estrutura das políticas, das instituições e das mentalidades em escala global.

A Segunda Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social, prevista para 2025, será o fórum para transformar essas diretrizes em compromissos internacionais concretos.


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