China anuncia corte de juros e injeta liquidez para enfrentar guerra comercial com os EUA

Medidas incluem redução de taxas de recompra, empréstimos bancários e reservas obrigatórias, visando mitigar os impactos das tarifas impostas por Washington.

Quinta-feira, 08/05/2025 — O governo da China anunciou nesta quarta-feira novas medidas de política monetária para enfrentar os efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos, em um momento de desaceleração econômica e tensões crescentes no comércio internacional. As decisões do Banco Popular da China (PBOC) envolvem cortes em taxas de juros e liberação de liquidez no sistema bancário, com o objetivo de estimular o consumo interno e preservar a estabilidade financeira.

O governador do PBOC, Pan Gongsheng, confirmou a redução da taxa de recompra reversa (“reverse repo”) de 1,5% para 1,4% e queda de 0,25 ponto percentual na taxa de empréstimos interbancários, fixando-a em 1,5%. A autoridade monetária também determinou redução de 0,5 ponto percentual na taxa de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, o que deve liberar cerca de 1 trilhão de yuan (aproximadamente 121 bilhões de euros) em liquidez adicional no mercado financeiro.

Além disso, foi anunciada uma diminuição nas taxas de juro dos empréstimos imobiliários de longo prazo, medida voltada para reanimar um setor que permanece fragilizado após anos de endividamento excessivo e queda nas vendas.

Contexto econômico e pressões externas

As novas diretrizes surgem em meio a uma intensificação da guerra comercial sino-americana, com os Estados Unidos impondo tarifas de até 145% sobre produtos chineses. Como resposta, a China aplicou tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos e suspendeu parte significativa das importações agrícolas dos EUA.

O embate comercial tem repercussões diretas sobre uma economia chinesa já pressionada por queda nas exportações, crise no setor imobiliário e dificuldades na recuperação pós-pandemia. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) chinês tenha apresentado crescimento anual de 5,4%, impulsionado por um breve aumento na produção industrial, analistas destacam que os indicadores subjacentes são voláteis, com encomendas externas em retração e baixa confiança empresarial.

Nos Estados Unidos, os reflexos também são negativos: o PIB norte-americano contraiu 0,3% no primeiro trimestre de 2025, sinalizando um cenário de instabilidade bilateral.

Retomada das negociações entre China e EUA

Na terça-feira (06/05/2025), ambos os países anunciaram que retomariam as negociações comerciais em Genebra, com a participação do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, do representante de Comércio, Jamieson Greer, e do vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng.

As tratativas ocorrem sob declarações públicas de intransigência quanto às tarifas, o que levanta incertezas sobre a eficácia do diálogo. O analista Stephen Innes, da SPI Asset Management, alertou que a reunião “pode ser o ponto de virada que cimenta a frágil confiança ou reacende o inferno da guerra comercial”.

Reação dos mercados e perspectivas

O anúncio das medidas monetárias, aliado à sinalização de reabertura do diálogo diplomático, produziu impactos positivos nos mercados asiáticos: a bolsa de Hong Kong subiu mais de 2%, enquanto a de Xangai avançou 0,5%. Os índices futuros norte-americanos também apresentaram ganhos moderados.

Contudo, especialistas recomendam prudência. Segundo Tan Jing Yi, do Mizuho Bank, “qualquer resolução será provavelmente demorada” e, no curto prazo, as concessões tarifárias devem ser limitadas a setores específicos.


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