Fábrica clandestina de fogos é interditada em Santo Antônio de Jesus e proprietário é preso

Operação conjunta identifica produção ilegal e descumprimento de liminar judicial relacionada à tragédia de 1998.
Operação conjunta identifica produção ilegal e descumprimento de liminar judicial relacionada à tragédia de 1998.

Uma fábrica clandestina de fogos de artifício foi interditada, nesta quarta-feira (14/05/2025), durante operação de fiscalização realizada no município de Santo Antônio de Jesus. O proprietário do estabelecimento, Ariosvaldo Prazeres, foi preso em flagrante e conduzido à delegacia. A ação faz parte da Operação Brincar com Fogo, realizada por cinco órgãos públicos, incluindo o Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Civil, Departamento de Polícia Técnica, Exército Brasileiro e Superintendência Regional do Trabalho (SRT-BA).

Durante a inspeção, as equipes identificaram a produção de artefatos explosivos sem autorização do Exército e em descumprimento da Norma Regulamentadora 19, que estabelece requisitos de segurança para atividades com materiais explosivos. A fábrica funcionava em instalação residencial adaptada e não cumpria exigências legais relativas à saúde e segurança do trabalho.

Além das irregularidades operacionais, a fiscalização constatou o descumprimento de liminar judicial que proibia Gilson Froes Prazeres Bastos, seus sócios e empresas, de produzir, armazenar, transportar e comercializar fogos de artifício. A proibição decorre de ação civil pública movida pelo MPT em 2024, a qual foi acatada integralmente pela Justiça do Trabalho. A liminar prevê multa de R$ 200 mil por item descumprido.

O material apreendido estava sendo embalado sob um CNPJ registrado em nome de Ana Bastos Prazeres, irmã do proprietário detido. A medida foi interpretada pelos fiscais como tentativa de burlar a fiscalização e manter em operação a cadeia produtiva do grupo econômico liderado pela família Prazeres Bastos. Todo o material recolhido será encaminhado para destruição imediata em pedreira da região.

A família é historicamente associada ao setor de fogos de artifício na cidade. Gilson Bastos, também investigado, é filho do proprietário da fábrica que explodiu em 1998, ocasionando a morte de 64 pessoas, incluindo 20 crianças. Desde o acidente, operações sucessivas revelaram a manutenção da produção de forma irregular e oculta, com uso de laranjas e empresas de fachada.

O MPT afirma que a atuação na informalidade foi adotada como estratégia para reduzir o controle exercido por órgãos reguladores como o Exército, Corpo de Bombeiros, Crea-BA e Conselho Regional de Química. A investigação indica que o grupo criou uma estrutura econômica paralela, dificultando a responsabilização jurídica e permitindo a continuidade das atividades ilegais. O material probatório reunido nesta operação será utilizado para solicitar execução das penalidades previstas judicialmente e ampliar as ações de responsabilização cível e criminal.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.