Governador Jerônimo minimiza fala sobre opositores e pede desculpas por termo “vala”

Declaração feita em América Dourada, pelo governador Jerônimo, gerou reações políticas e repercussão nacional; petista afirma que discurso foi descontextualizado e reitera compromisso com debate democrático.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), foi alvo de críticas após declarações realizadas na última sexta-feira (02/05/2025), durante ato oficial no município de América Dourada, quando afirmou, em tom crítico ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que seus eleitores poderiam ser levados “para a vala”. A fala, considerada por adversários como incitação ao ódio político, repercutiu nacionalmente e motivou pedido de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante o evento, que contou com a presença de deputados federais, prefeitos e apoiadores locais, Jerônimo mencionou a conduta de Bolsonaro durante a pandemia e afirmou:

“Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele, e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma enchedeira, sabe o que é uma enchedeira? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala.”

A declaração foi considerada ofensiva por parlamentares e lideranças do Partido Liberal (PL). O ex-presidente Jair Bolsonaro se pronunciou nas redes sociais no domingo (04/05/2025), afirmando que o discurso do governador foi “carregado de ódio” e exigindo “ações institucionais firmes”. Segundo ele, o episódio representaria uma tentativa de “normalização da violência política”.

Pedido de investigação no STF

O deputado estadual Diego Castro (PL-BA) formalizou uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jerônimo Rodrigues. No documento, o parlamentar alega que a fala do governador “ultrapassa os limites do discurso político” e “representa uma ameaça à integridade física de opositores”, solicitando apuração por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Retratação pública do governador

Na manhã desta segunda-feira (05/05/2025), durante agenda oficial em Salvador, nas obras de requalificação do Teatro Castro Alves, Jerônimo se manifestou novamente sobre o episódio. O governador declarou que suas falas foram tiradas de contexto e reconheceu o uso de termos inadequados:

“Se o termo ‘vala’ e o termo ‘trator’ foi pejorativo ou foi muito forte, eu peço desculpas. Não foi a minha intenção. Eu não tenho problema algum de registrar quando há excessos na palavra, movido pela indignação.”

Jerônimo também reforçou sua postura pessoal e política:

“Sou uma pessoa religiosa, de família. Jamais faria uma comparação entre vala e morte. A disputa política deve permanecer no campo das ideias.”

Contexto político e avaliação crítica

O episódio ocorre em meio ao aumento da tensão entre grupos políticos polarizados, com implicações que extrapolam a política estadual. A crítica pública à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro não é novidade no discurso do governador Jerônimo, alinhado ao projeto político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, a retórica empregada – ainda que tenha sido atenuada em declarações posteriores – revela o risco da personalização do embate político, em detrimento de uma crítica institucional fundamentada.

A retratação imediata do governador pode mitigar os efeitos negativos no curto prazo, mas o impacto das palavras proferidas em ambiente público e institucional permanece como um alerta sobre os limites da linguagem no exercício da função pública.

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