A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (30/05/2025) a 9ª fase da Operação Sisamnes, com foco na apuração de vazamento e comercialização de informações sigilosas sobre investigações conduzidas pela própria corporação. Um dos alvos da operação é o prefeito de Palmas (TO), Eduardo Siqueira Campos (Podemos), contra quem foi cumprido mandado de busca e apreensão. A ação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Cristiano Zanin.
A nova etapa da Operação Sisamnes teve como objetivo investigar o acesso antecipado a informações sigilosas sobre inquéritos em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A suspeita é que dados confidenciais tenham sido utilizados para evitar o cumprimento de mandados judiciais, o que comprometeria a eficácia das ações da Polícia Federal.
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Palmas. Além disso, o STF determinou medidas cautelares contra dois investigados, incluindo:
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Proibição de contato entre os envolvidos;
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Impedimento de saída do país;
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Recolhimento imediato dos passaportes.
Contexto da investigação
Esta fase representa um desdobramento das investigações realizadas em março de 2025, quando o advogado Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), foi preso por envolvimento no suposto esquema.
As informações vazadas teriam relação com uma investigação sobre o desvio de recursos públicos destinados à aquisição de cestas básicas pelo governo estadual. As evidências indicam eventual favorecimento de investigado preso, com concessão de privilégios ilegais no âmbito do processo penal.
Operações correlatas e escalada das apurações
Ao longo da semana, a PF realizou outras ações associadas à Operação Sisamnes. Na quarta-feira (29/05), foi desmantelado em Mato Grosso um grupo armado denominado “Comando C4”, formado por civis e militares, suspeito de envolvimento em espionagem de autoridades, incluindo magistrados e parlamentares. O grupo é investigado por possível participação no assassinato do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, em dezembro de 2023.
Zampieri é considerado peça-chave nas investigações sobre corrupção no Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT). De acordo com a PF, dados extraídos do celular do advogado indicam pagamentos de propina a membros do Judiciário, o que motivou a elevação do caso ao STF.
Na quinta-feira (29/05), também foi afastado do cargo um juiz do TJMT por decisão do STF, que autorizou o sequestro de bens e valores estimados em R$ 30 milhões. A apuração aponta para um esquema de lavagem de dinheiro destinado a encobrir o pagamento de propinas em troca de decisões judiciais.
Histórico da Operação Sisamnes
Iniciada em 2022, a Operação Sisamnes investiga a atuação de uma rede organizada que teria se apropriado de informações sigilosas de inquéritos, repassando-as a terceiros com o objetivo de obstruir investigações. O nome da operação remete ao juiz persa Sisamnes, executado no século VI a.C. por corrupção, como símbolo da integridade esperada na Justiça.
As fases anteriores resultaram na prisão de advogados, agentes públicos e pessoas ligadas ao sistema de justiça e segurança, bem como na apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos, atualmente sob análise pericial.
Impactos institucionais e próximos passos
A Polícia Federal reforçou que o objetivo da 9ª fase é assegurar a integridade dos procedimentos investigativos, responsabilizar os envolvidos e evitar a repetição de práticas que comprometam a atuação do sistema penal.
As informações reunidas nesta fase serão incorporadas ao inquérito principal, que tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal, e devem subsidiar novas medidas de responsabilização penal e administrativa.
Leia +
Quem é o advogado investigado por vazar informações sigilosas do STJ na 9ª fase da Operação Sisamnes
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