Processo contra Eduardo Bolsonaro pode fortalecer bolsonarismo, avalia Joaci Góes

Eduardo Bolsonaro (PL - SP), deputado federal licenciado. Artigo publicado na Tribuna da Bahia analisa possível efeito bumerangue da ação da PGR e do STF contra o deputado federal; autor projeta fortalecimento político de Jair Bolsonaro e sua família nas eleições de 2026.

Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (29/05/2025) do jornal Tribuna da Bahia, o escritor, jornalista e ex-deputado constituinte Joaci Góes critica duramente a decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR), com endosso do Supremo Tribunal Federal (STF), de processar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por supostos crimes contra a soberania nacional. Intitulado Efeito Bumerangue, o texto afirma que a medida, em vez de enfraquecer o bolsonarismo, pode provocar seu fortalecimento, inclusive nas urnas.

Segundo o autor, a iniciativa da PGR, liderada por Paulo Gonet, com apoio do ministro Alexandre de Moraes e setores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tende a produzir um “efeito bumerangue”. Na visão de Joaci Góes, “Bolsonaro será elevado à posição de mártir da democracia” e poderá se consolidar como “o grande eleitor das eleições de 2026”, com força suficiente para influenciar a escolha de até dois terços dos 54 senadores a serem eleitos.

Para o autor, o caso pode inclusive repercutir no STF: “o impeachment do Ministro Moraes poderá vir a ser – ironia do destino – o preço a pagar pela manutenção do atual status quo do STF”, escreve Góes, ao comentar a possibilidade de uma guinada institucional caso a ofensiva contra Bolsonaro se reverta em capital político para seus aliados.

Críticas ao governo Lula e à instabilidade institucional

Joaci Góes retoma um artigo anterior, publicado em 25 de janeiro de 2024, intitulado O futuro que já aconteceu, no qual previa o fracasso do terceiro mandato do presidente Lula. Naquela ocasião, argumentava que o governo petista estava “em marcha batida para o fracasso” por repetir práticas políticas baseadas em fisiologismo e conchavos com o Congresso Nacional.

O autor sustenta que a atual administração federal se apoia em “uma interminável barganha de cargos e emendas” para garantir a governabilidade e conta, de modo “aparentemente incondicional”, com o apoio de parte expressiva do Judiciário. Essa combinação institucional, segundo Góes, configura “uma engrenagem da dominação pela dominação”, o que ele denomina de “República de Bananas”.

Repercussão internacional e isolamento diplomático

No artigo publicado na Tribuna da Bahia, Góes também aponta para um cenário de crescente isolamento internacional do Brasil, citando que o presidente Lula teria se tornado “persona non grata” em países como Estados Unidos, Israel, Ucrânia e Argentina. Ele observa ainda o impacto do anúncio recente do governo norte-americano sobre a intenção de investigar o ministro Alexandre de Moraes, o que, segundo ele, tende a acirrar ainda mais as tensões.

A ausência de definição quanto ao novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil é mencionada como um fator de incerteza adicional. O autor questiona: “Imagine-se o que não poderá ocorrer a partir de quando o for”, sugerindo que a nomeação poderá ampliar a pressão internacional sobre o Judiciário brasileiro.

Crescimento da criminalidade e leniência judicial

Outro ponto abordado com ênfase por Joaci Góes é o aumento da criminalidade durante o atual governo. Segundo ele, há uma “percepção de que organizações criminosas passaram a se sentir com direito ao botim nacional”, dadas as ligações supostamente estreitas entre o crime organizado e os mecanismos eleitorais. A essa percepção se soma, segundo o autor, a decisão do Judiciário de anular condenações de figuras públicas por motivos técnicos, como no caso do próprio Lula, cuja prisão foi anulada por “incompetência territorial”.

O artigo destaca ainda o retorno à cena política de personalidades condenadas por corrupção. “Um ex-governador do Rio, condenado a 420 anos em regime fechado, vem fazendo discursos, apoiados na lisura e na moralidade”, lamenta o autor. Para ele, essa realidade revela o aprofundamento da crise ética no país.

“Que Deus se apiede de nós!”, conclui Joaci Góes, em tom de alerta quanto ao futuro institucional e moral do Brasil.


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