Senado aprova Lei Geral do Licenciamento Ambiental com retorno à Câmara

Sessão plenária realizada na quarta-feira (21/05/2025), em que senadores aprovaram o texto da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental.
Na quarta-feira (21/05/2025), o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei nº 2.159/2021, que estabelece a Lei Geral do Licenciamento Ambiental. A proposta foi aprovada com 54 votos favoráveis e 13 contrários e, devido às modificações no texto original, retornará à Câmara dos Deputados para nova análise.

O projeto, que tramitava no Congresso há mais de duas décadas, busca uniformizar procedimentos de licenciamento ambiental, simplificar o rito para empreendimentos de menor impacto e reduzir a insegurança jurídica enfrentada pelo setor produtivo e órgãos licenciadores.

O projeto foi inicialmente apresentado pelo ex-deputado Luciano Zica (PT-SP) e, nos últimos quatro anos, passou por intensas negociações no Senado. A relatoria foi dividida entre os senadores Confúcio Moura (MDB-RO), na Comissão de Meio Ambiente (CMA), e Tereza Cristina (PP-MS), na Comissão de Agricultura (CRA). Ao todo, foram analisadas 141 emendas nas comissões e 56 emendas em Plenário.

Segundo a senadora Tereza Cristina, a falta de um marco legal unificado gerou um cenário de mais de 27 mil normas ambientais conflitantes, o que compromete tanto a preservação do meio ambiente quanto o progresso de obras essenciais ao desenvolvimento do país.

Novas modalidades de licenciamento

Entre as principais inovações do texto, estão:

  • Licença Ambiental Especial (LAE): criada por emenda do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destina-se a projetos considerados prioritários pelo governo, com rito simplificado e análise em até um ano.

  • Licença por Adesão e Compromisso (LAC): baseada na autodeclaração do empreendedor, foi regulamentada em nível federal para projetos de baixo ou médio porte e impacto.

A criação da LAE foi destacada como um possível facilitador da exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, especialmente na costa do estado do Amapá, conforme defendeu o senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Críticas e preocupações

Apesar do apoio majoritário, o projeto enfrentou críticas de senadores, ambientalistas e organizações da sociedade civil. Entre os principais pontos de preocupação:

  • A legalização da LAC em nível federal, considerada por críticos como uma flexibilização excessiva, especialmente em atividades com médio potencial poluidor.

  • A atribuição aos entes federativos da definição sobre quais atividades estão sujeitas a licenciamento ambiental, que pode, segundo Fabiano Contarato (PT-ES) e Leila Barros (PDT-DF), gerar uma “guerra ambiental” entre municípios.

  • A posição de organizações ambientalistas e de direitos humanos, como a ONG Conectas, que denunciaram o projeto como ameaça socioambiental e solicitaram a intervenção de relatores da ONU.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já havia se posicionado anteriormente contra a utilização da LAC para empreendimentos de médio impacto, o que foi relembrado por Contarato durante o debate.

Divergência política e articulações

O projeto também gerou divergência dentro da base governista. Embora o governo federal não tenha se posicionado oficialmente contra o texto, senadores como Rogério Carvalho (PT-SE) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) votaram contra ou registraram voto contrário.

Já a oposição, por meio de parlamentares como Sergio Moro (União-PR) e Dr. Hiran (PP-RR), avaliou que a medida representa avanço no combate à insegurança jurídica e um “presente” para o governo, mesmo sendo uma pauta conduzida por senadores oposicionistas.

Apoio do setor produtivo

Na véspera da votação, cerca de 100 entidades dos setores industriais, logísticos e agrícolas publicaram carta aberta em apoio ao relatório conjunto de Confúcio Moura e Tereza Cristina, afirmando que a proposta atende às expectativas da sociedade brasileira quanto à modernização do licenciamento ambiental.

Aprovado pelo Senado em 21/05/2025, o projeto da Lei Geral do Licenciamento Ambiental estabelece novas diretrizes nacionais para a concessão de licenças ambientais. A medida, defendida por senadores como forma de promover segurança jurídica e atrair investimentos, retorna à Câmara dos Deputados. A proposta recebeu apoio do setor produtivo, mas também críticas de ambientalistas, que veem risco de retrocesso na proteção ambiental.
Infográfico sobre a Lei Geral do Licenciamento Ambiental.

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.