Senador Alcolumbre e deputado Hugo Motta impõem prazo para revogação do aumento do IOF e pressionam ministro Fernando Haddad

Presidentes do Senado e da Câmara cobram do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revogação do aumento do IOF. Congresso ameaça derrubar decretos presidenciais que elevaram alíquotas do imposto em operações financeiras.
Congresso Nacional ameaça votar projeto que anula decreto do governo caso Ministério da Fazenda não apresente alternativa até o início da semana de 09/06/2025.

Quinta-feira, 29/05/2025 — Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o prazo de 10 dias para revogar os decretos que aumentaram o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Caso não haja solução apresentada até a semana de 09/06, o Congresso Nacional poderá votar um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para anular os atos do Executivo.

O aviso foi dado durante uma reunião ocorrida na noite de quarta-feira (28/05), na residência oficial da presidência da Câmara. O encontro contou ainda com a presença da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e dos líderes governistas no Congresso: Jaques Wagner (PT-BA), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e José Guimarães (PT-CE).

Insatisfação generalizada com a medida

Em entrevista ao portal Poder360, Hugo Motta afirmou que há insatisfação expressiva no Parlamento com o aumento das alíquotas do IOF. Segundo ele, caso o PDL seja colocado em votação hoje, há alta probabilidade de aprovação, principalmente no Senado.

“Dissemos que, para não dizer que não queremos colaborar com o governo, vamos dar um prazo de 10 dias para que a equipe econômica apresente uma alternativa”, declarou Motta. “Não queremos atrapalhar, mas precisamos de uma solução.”

Entre as alternativas sugeridas pelos parlamentares, estão a taxação das empresas de apostas esportivas (bets), das fintechs, além de propostas estruturais como a revisão de isenções fiscais, a discussão sobre a vinculação de receitas públicas e a votação da reforma administrativa.

Críticas ao governo Lula por falta de diálogo

Durante sessão plenária no Senado, também nesta quarta-feira (28/05), Davi Alcolumbre criticou o governo federal por aumentar tributos sem prévia negociação com o Poder Legislativo, destacando que decisões unilaterais do Executivo ferem o equilíbrio institucional.

“Cada Poder tem suas atribuições. Não vamos aceitar interferência entre Poderes”, afirmou o presidente do Senado. “O caso concreto do IOF nos dá o direito de reagir com a votação do decreto legislativo.”

Alcolumbre destacou que, embora o Parlamento esteja aberto ao diálogo, o Executivo precisa respeitar a divisão de competências prevista na Constituição.

Tramitação de projetos para sustar decretos do IOF

O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) apresentou o PDL 240/2025, que visa sustar os decretos 12.466 e 12.467, responsáveis pelo aumento das alíquotas do IOF em diversas operações financeiras, como empréstimos, crédito corporativo, remessas internacionais e previdência privada.

O projeto é uma das 18 proposições em tramitação na Câmara dos Deputados que buscam barrar os efeitos dos decretos. Vanderlan afirmou que o IOF aplicado a empresas do Simples Nacional passou de 0,88% para 2%, em alguns casos, um aumento de até 500%, o que gerou forte reação do setor produtivo.

Recuo parcial do governo e avaliação interna

Diante da repercussão negativa, o Ministério da Fazenda recuou parcialmente das medidas, especialmente no ponto que previa a elevação do IOF sobre aplicações de fundos nacionais no exterior, cuja alíquota retornou de 3,5% para 0%.

Em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, Gleisi Hoffmann declarou que o ministro Fernando Haddad não detalhou as mudanças ao grupo político, apenas afirmando que o impacto seria “pequeno”. A ministra reconheceu que houve erro de avaliação, agravado pela ausência de uma estratégia de comunicação com o Congresso e a sociedade.

Haddad, por sua vez, atribuiu a decisão à necessidade de recursos para evitar um “shutdown” da máquina pública. Em entrevista ao jornal O Globo, reiterou que o tema foi discutido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas sem participação da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).

Negociações continuam

As lideranças da Câmara, do Senado e do governo federal continuarão as conversas ao longo dos próximos dias. Motta e Alcolumbre afirmaram que não há compromisso de sustar a votação do PDL caso não haja uma alternativa efetiva apresentada pela equipe econômica até o início da semana de 09/06.

Santuário Senhor dos Passos, em Feira de Santana.
Santuário Senhor dos Passos, em Feira de Santana.

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